Juízes protestam após ataques de Ian Kinsler a Angel Hernandez
Com munhequeiras, umpires da MLB lançam ação de apoio a colega após fortes críticas de Ian Kinsler
A eterna discussão entre jogadores e árbitros da Major League Baseball ganhou uma nova etapa neste sábado (20). Diversos juízes uniram-se, em um movimento comandado pela World Umpires Association, associação que atua como uma espécie de sindicato da categoria, utilizando munhequeiras brancas como forma de apoiar Angel Hernandez, envolvido no começo da semana em uma grande polêmica com Ian Kinsler, infielder do Detroit Tigers.
Pouco antes do início da rodada de domingo (20), a WUA anunciou por meio de seu Twitter que aceitou o pedido do comissário da MLB, Rob Manfred, para uma reunião que discuta o assunto. Com isso, o protesto está suspenso neste domingo, forma encontrada pela associação para demonstrar sua boa-fé no processo.
Today WUA members agreed to the Commissioner’s proposal to meet with the Union’s Governing Board…
— MLB World Umpires (@MLBaseballUmps) 20 de agosto de 2017
… to discuss the concerns on which our white wristband protest is based.
— MLB World Umpires (@MLBaseballUmps) 20 de agosto de 2017
We appreciate the Commissioner’s willingness to engage seriously on verbal attacks and other important issues that must be addressed.
— MLB World Umpires (@MLBaseballUmps) 20 de agosto de 2017
To demonstrate our good faith, MLB Umpires will remove the protest white wrist bands pending the requested meeting.
— MLB World Umpires (@MLBaseballUmps) 20 de agosto de 2017
Na segunda-feira (14), Hernandez era o home plate umpire do jogo entre Tigers e Texas Rangers. Kinsler incomodou-se com a marcação de um strike enquanto estava no bastão, no 5º inning, e no arremesso seguinte (uma bola), virou-se para o juiz e perguntou se ele não marcaria outro strike, sendo imediatamente expulso, junto com o manager Brad Ausmus, que tentou defender seu jogador.
Após a partida, Kinsler abriu a boca contra Hernandez (que, no mês passado, abriu um processo contra a MLB por discriminação étnica por ser latino). “Supreende-me o quão ruim ele é. Eu não sei como ele continua na liga por tanto tempo sendo assim ruim. Ele precisa reavaliar sua careira. Se eu for multado (o que realmente ocorreu) por falar a verdade, que seja. Ele está mexendo com jogos de beisebol, de forma gritante”, afirmou o atleta.
Afirmando que os problemas entre ambos datam de 2006 (ano de sua estreia na MLB), o infielder foi além em sua reclamação. “Ele está mudando o jogo, e precisa encontrar outro trabalho. Não são chamadas em jogadas no limite, essas acontecem todo jogo (…) quando começa a ser flagrante, há um problema. O que ele está fazendo em campo? É muito óbvio que ele precisa parar de estragar jogos de beisebol”, concluiu Kinsler.
Voltando ao sábado: o protesto envolveu árbitros de várias partidas e, em nota, a WUA explicou seu motivo. “Nesta semana, um atleta criticou de forma pública e veemente o caráter e a integridade de Angel Hernandez, um juiz veterano que dedicou sua carreira ao beisebol e à comunidade. O ataque verbal contra Angel denegriu todo o corpo de umpires da MLB e é inaceitável”, afirma o texto.
A associação questionou ainda o que vê como falta de punição a Kinsler. “O Escritório do Comissário (da MLB) falhou na resolução deste e dos crescentes ataques contra juízes. O jogador que denegriu Hernandez publicamente achou que seria punido. Em vez disso, (ele) recebeu uma punição mais leniente, uma multa. Ele ignorou isso e disse aos repórteres que ‘não se arrepende’ dos comentários ofensivos contra Hernandez. O tratamento leniente contra o comportamento abusivo dos jogadores manda a mensagem errada para atletas e juízes: ‘está aberta a temporada’ contra os juízes, e isso é ruim para o jogo”, diz a nota.
Kinsler não revelou o valor da multa, mas seu técnico partiu em defesa do jogador. “É a maior multa que eu já vi a Major League Baseball aplicar a um jogador. Então, não quero ouvir, não quero que minimizem, que digam que ele não foi punido. Não colocarei um número, mas é a maior (multa) que eu já vi”, afirmou Brad Ausmus aos repórteres após a derrota por 3 a 0 dos Tigers para o Los Angeles Dodgers.
O manager ainda lamentou que seu infielder tenha sido exposto. “Destacar apenas um jogador é errado e vai contra o esporte. É um esporte em equipe. Ocasionalmente, existem confrontos entre atletas e juízes, managers e juízes, técnicos e juízes, e faz parte do jogo. Uma associação destacar um jogador é completamente equivocado”, explicitou Ausmus.
O protesto dos juízes, porém, não foi unânime: no jogo entre Tigers e Dodgers, por exemplo, utilizam a munhequeira branca Bill Miller (2ª base) e Todd Tichenor (3ª base), enquanto Chris Segal (1ª base) e Adam Hamari (home plate) não colocaram o acessório. Ao redor dos Estados Unidos, outros árbitros utilizaram uma munhequeira preta, sem qualquer confirmação de que isso signifique adesão à manifestação.
Menos de 15 dias atrás, um caso semelhante, só que invertido, já havia gerado polêmica. O veterano juiz Joe West (que aparece na foto ao lado, com a munhequeira) foi suspenso por três jogos após responder, em entrevista feita pelo USA Today, que Adrian Beltre era o jogador mais chato da MLB. A WUA rebateu, em nota endereçada ao comissário Rob Manfred, apontando que a punição gerou uma “aparência de falta de imparcialidade”, e lembrando que as relações bem-humoradas entre árbitros e atletas fazem parte do esporte.
Crédito das imagens: Reprodução/Twitter, Patrick McDermott/Getty Images e Ronald Martinez/Getty Images