Gastos com folha de pagamento na MLB sofrem 1ª queda desde 2010
Queda de US$ 18 milhões foi motivada por punições a jogadores e pela aposentadoria de Colby Rasmus
Pela primeira vez desde o ano de 2010, o gasto das equipes da MLB com folha de pagamento sofreu uma queda. A diminuição foi da ordem de US$ 18 milhões. Três fatores ajudam a explicar esse recuo: punições aplicadas a jogadores por envolvimento com drogas, punições aplicadas a jogadores denunciados por violência doméstica e a aposentadoria de Colby Rasmus.
Vale lembrar que Robinson Cano (US$ 11,7 milhões) e Welington Castillo (aproximadamente US$ 3,5 milhões) foram punidos por testarem positivo para uso de drogas; Roberto Osuna, denunciado por violência doméstica, custou US$ 2,1 milhões aos cofres de Blue Jays e Astros; além de Rasmus, outfielder do Baltimore Orioles, que deixou de receber US$ 1,5 milhão ao optar pela aposentadoria.
As únicas quedas registradas no que diz respeito ao gasto das equipes com folha de pagamento, se tomarmos como ponto de referência o ano de 2002, aconteceram em 2004 (US$ 32 milhões) e em 2010 (US$ 3 milhões).
As 30 equipes da MLB tiveram, na última temporada, um gasto médio de US$ 4,23 bilhões no orçamento; no ano anterior (2017), o gasto médio foi de US$ 4,245 bilhões. Esses números foram obtidos segundo informações organizadas pelo Escritório do Comissário da liga e divulgadas pela agência de notícias Associated Press.
Os Red Sox, atuais campeões da World Series, tiveram o maior orçamento da liga pela primeira vez desde o início da era dos agentes livres (1976), com US$ 230 milhões – gasto orçamentário este que, entre o maior de cada temporada, ainda aparece como o menor desde 2012. Um certo equilíbrio entre as franquias é perceptível quando concluímos que 24 das 30 equipes apresentaram orçamentos na faixa dos US$ 100 milhões. Segundo Dan Halem, vice-comissário da Major League Baseball, “mesmo que o maior orçamento de 2018 tenha sido o menor desde 2012, a média cresceu de modo significativo, indicando uma compressão orçamentária – algo bom para um balanço competitivo”.
Abaixo do Boston Red Sox, os outros nove maiores orçamentos de 2018 foram: Giants, US$ 210 milhões; Cubs, US$ 199 milhões; Dodgers, US$ 196 milhões; Nationals, US$ 185 milhões; Yankees, US$ 183 milhões; Angels, US$ 177 milhões; Cardinals, US$ 166 milhões; Mariners, US$ 162 milhões. Apenas cinco dos dez maiores “gastadores” conseguiram chegar aos playoffs na última temporada. O menor entre todos os orçamentos foi do Tampa Bay Rays, US$ 75,1 milhões.
Quem também se manifestou sobre este assunto foi o agente Scott Boras, que esteve envolvido em inúmeras negociações na MLB e cuida dos interesses de jogadores como J.D. Martinez, Bryce Harper (cujo destino para a temporada 2019 ainda é um mistério) e Kyler Murray, quarterback da Universidade de Oklahoma e draftado pelo Oakland Athletics em 2018. De acordo com Boras, “a luxury tax, os novos elementos, enfraqueceram o mercado. A alocação de receitas para a folha de pagamento caiu”.
Todos concordam em um ponto: a frequência de contratações de agentes livres nas últimas offseasons caiu significativamente. No último ano, os únicos agentes livres que tiveram contratos de mais de US$ 100 milhões foram Yu Darvish (Chicago Cubs), Eric Hosmer (San Diego Padres) e J.D. Martinez (Boston Red Sox); os três não assinaram antes de fevereiro, com Hosmer e Martinez sendo efetivados depois do início da pré-temporada. Jon Tayler, da revista Sports Illustrated, afirmou no início de janeiro que existiam 200 agentes livres sem contrato e que apenas oito de um grupo aproximado de 50 jogadores com acordos negociados nas Grandes Ligas estavam obtendo a a garantia de três temporadas com as respectivas equipes.
O agente Jeff Berry chegou a sugerir em um memorando que tais jogadores boicotassem as aparições de marketing e chegassem atrasados ao Spring Training.
“Apesar de ampliar as receitas da MLB e as avaliações das franquias, nesta nova ordem mundial de análises, curvas de envelhecimento, tanking, mudanças, inaugurações, redução de público e queda nos salários, os jogadores devem se sentir vulneráveis e inseguros. Ao invés de saber sobre uma possível greve em três anos, o foco deveria estar em tomar medidas pró-ativas para abordar as questões trabalhistas atuais, na esperança de evitar uma greve em 2021″, disse Berry.
Foto: Reprodução Twitter/Boston Red Sox