Funcionários da MLB passam por teste para anticorpos do coronavírus
Em estudo coordenado junto com a universidade de Stanford, funcionários da liga demonstraram possuir anticorpos
Em um teste em massa recente, 60 dos 5.754 funcionários da MLB mostraram ter anticorpos para o novo coronavírus. Uma taxa menor do que as encontradas em estudos similares conduzidos na Califórnia, os autores do estudo disseram neste domingo (10).
“Eu esperava um número maior”, disse o professor do curso de medicina da universidade de Stanford, Jay Bhattacharya, que conduziu o estudo. “Mostra o valor de fazer ciência ao invés de se basear num achismo”, continuou dizendo.
Os resultados do estudo, que foi feito durante o mês de abril, mostraram uma prevalência de anticorpos em cerca de 0,7% dos funcionários da liga, com esse número sendo ajustado para refletir a precisão dos estudos. Os estudos também mostraram que cerca de 70% das pessoas que mostraram possuir anticorpos para o coronavírus eram assintomáticas a doença.
Após se voluntariar para fazer parte do estudo, a MLB foi escolhida por Stanford para fazer parte da pesquisa. No entanto, isso não irá interferir com a volta aos campos, e a liga está se preparando para fazer uma proposta aos jogadores em breve.
Vinte e seis das 30 equipes da liga participaram do estudo, que enviou cerca de 10 mil testes. No entanto, por questões logísticas, apenas 5.754 testes foram completados, com 60% sendo homens, e 80% brancos, características que não refletem a população como um todo. Seguindo esta linha, Bhattacharya disse que a quantidade de executivos pode ser uma das razões pela qual a taxa encontrada foi menor do que a de outros estudos. “Existe um grau socioeconômico no qual populações mais pobres estão enfrentando a COVID-19 com maiores taxas de infecção”, Bhattacharya disse.
Entre os que mostraram anticorpos, nas duas semanas antes de serem testados, 2,7% tiveram febre, 14% tiveram dores de cabeça, 8% tiveram tosse e 0,9% tiveram perda de sensibilidade olfativa e no paladar. O estudo não foi revisado por seus pares, mas Bhattacharya já afirmou que pretende fazer e publicar o estudo.
“Isso é a ciência funcionando”, o professor continuou. “Você coloca sua hipótese à frente, você avança com seu trabalho, seus pares avaliam de forma crítica. Eu acho que nós fizemos um bom trabalho aprendendo com nossos colegas cientistas”, continuou.
O doutor Daniel Eichner, que coordena o laboratório de medicina esportiva de pesquisas e testes e ajudou a arranjar o estudo com a MLB, disse: “Estar na linha de frente de qualquer coisa, se você for o primeiro, pessoas vão perguntar por que você não fez isso ou aquilo. Na pior das hipóteses, está sendo mostrado para ficar mais robusto”, ele disse.
O interesse no estudo, que é o maior no sentido de anticorpos nos EUA, fez com que Bhattacharya liberasse o resultado antes de ser revisado por pares. “Eu nunca recebi tantos e-mails se tratando do resultado de uma pesquisa. Por conta do tamanho do interesse público, eu senti uma responsabilidade para não esperar”, ele disse.
Os que participaram no estudo tiraram fotos de seus resultados e enviaram. Por conta de imagens em baixa qualidade e problemas nos aquivos, 136 testes não puderam ser verificados. Esses testes foram tidos como negativos.
O número de jogadores que participaram é incerto. Os autores não perguntaram sobre a população de jogadores. O Arizona Diamondbacks retornou o maior número de testes com 362, e quatro equipes não participaram.
Sobre a pesquisa, Eichner disse que é “um estudo muito sólido sobre o país”, e que “irá auxiliar nas medidas de saúde pública a serem tomadas”.
Os estudos ocorridos na Califórnia, este, e o que o professor Bhattacharya pretende fazer em Mumbai, a esperança é que auxilie a entender o coronavírus. Ambos agradeceram à liga pela capacidade de conseguir tantos testes em uma janela curta de tempo.
“Está muito claro que a epidemia ainda está nos primeiros passos em todo o país”, Bhattacharya encerrou dizendo.
(Foto: Michael Reaves/Getty Images)