Entrevista com Yan Gomes: “ser o primeiro brasileiro na MLB é uma honra”
Catcher comenta expectativa para temporada, futuro dos brasileiros, assédio da torcida e muito mais. Confira!
Yan Gomes, 27 anos. Ele poderia ser só mais um brasileiro tentando a sorte no beisebol. Mas ele conseguiu ir além. Chegou onde nenhum brasileiro havia chegado. Não só se tornou o primeiro nativo do Brasil na Major League Baseball como ainda virou titular na posição de catcher e, em 2014, ganhou o prêmio Silver Slugger de melhor rebatedor da posição na Liga Americana após anotar 21 home runs.
O portal The Playoffs participou de uma conferência de imprensa com o camisa 10 do Cleveland Indians nesta terça-feira, onde Yan falou um pouco de tudo: o momento dele e da equipe na liga, o relacionamento com técnico e jogadores, assédio da torcida e também sobre seus colegas de equipe e o crescimento do beisebol no Brasil.
Apesar dos feitos com a camisa do Cleveland Indians, Yan não perde a humildade muito menos esquece sua origem enquanto aprende a lidar com a fama. “Quando eu vou assinar [um autógrafo] os caras falam ‘ah, você é o primeiro brasileiro na MLB’ e eu falo ‘sou mesmo’. E com muita honra”.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Yan Gomes:
CHANCES DE CLEVELAND NA TEMPORADA
“Acho que a gente tem uma grande oportunidade esse ano. Não chegamos nos playoffs na última temporada, mas se você olhar pra temporada inteira, vai ver que jogamos bem. Mas não acho que exista pressão. O esforço de querer [ir aos playoffs] existe. Ano passado quando não entramos foi até meio estranho”.
SILVER SLUGGER
“Esperar receber esse prêmio eu não estava. Foi muito trabalho desde 2012. A melhor coisa que aconteceu foi eu ter sido trocado e ter vindo aqui pros Indians. Eles mudaram minha carreira, deram mais chance de jogar, fui titular ano passado. Quando recebi o prêmio foi bem emocionante. Foi uma grande honra, receber um prêmio que quando eu era criança só escutava de grandes jogadores receberem”.
SUBIDA NO LINEUP DOS INDIANS
“Não me preocupo muito com isso. Tem vezes que você quer bater um pouco em cima do lineup. Ser técnico e montar o lineup é uma coisa muito difícil, e eles tem uma razão de botarem o cara pra cima ou pra baixo. Por mim, só de estar jogando já estou feliz”.
RELAÇÃO COM TERRY FRANCONA E COMPANHEIROS
“A relação é super boa. Eu agradeço muito a ele pelo que está acontecendo na minha carreira agora. Desde que eu cheguei aqui ele fala comigo. [No começo] conversava comigo sempre para saber se eu não estava meio perdido no que ele passava. Ele se comunica bem com os jogadores. Ele é o que eles chamam aqui de players coach, que é o técnico de jogadores. Ele é super gente boa. Faz farra também, brinca com todo mundo, mas sabe ficar sério”.
“Aqui todo mundo conhece todo mundo, nossos filhos brincam juntos. A gente passa muito tempo juntos, são 6, 7 meses, mais da metade de um ano. Então é bom ter [essa amizade] com os jogadores”.
ASSÉDIO DOS FÃS
“Quando eu ando em Cleveland agora as pessoas me reconhecem. É uma coisa que vem com o trabalho e eu agradeço muito a todos. Eu adoro. Eu, o Orlando e o Rienzo não somos com todo mundo aqui. Não somos só jogadores da MLB. Somos jogadores brasileiros da MLB. Mostramos como os brasileiros são. Quando eu vou assinar [um autógrafo] os caras falam ‘ah, você é o primeiro brasileiro na MLB’ e eu falo ‘sou mesmo’. E com muita honra”.
OS OUTROS BRASILEIROS NA MLB
“Eu tenho muito respeito pelo jeito que o Rienzo e o Orlando estão subindo. Quando você chega na Double-A ou na Triple-A é quando o jogo de beisebol começa a ficar bem mais sério. O Orlando tá evoluindo bem, agora tá podendo jogar no Spring Training e está mostrando pro time dele que ele é um bom jogador. E ele vai subir”.
“O Rienzo deveria ser um dos melhores pitchers da liga. Mas isso [cair para as Ligas Menores] não acontece do nada. Eles mandam você para trabalhar seu repertório. Ele precisa chegar e ter confiança em todos os arremessos dele”.
WORLD BASEBALL CLASSIC E BEISEBOL BRASILEIRO
“Tivemos bastante destaque há dois anos atrás, foi aquele foguinho que precisávamos para levantar o beisebol de novo. Se não fosse isso nem vocês [jornalistas] estariam fazendo entrevistas sobre beisebol. Daquela vez ninguém acreditava, fomos apenas jogar e quando conseguimos nos classificar pensamos: ‘somos bons mesmo’. Eu penso em disputar em 2017. Ainda faltam dois anos, mas se eu estiver saudável é claro que vou”.