Demora na resolução do locaute faz atletas deixarem de receber valores previstos em contrato
Paralisação congelou qualquer relação entre franquia e jogadores, incluindo pagamentos
Imagine-se perdendo diariamente US$ 232.975. Ou até um “pouco menos”, pode ser US$ 193.548. Estes são os valores que Max Scherzer, do New York Mets, e Gerrit Cole, do New York Yankees, respectivamente deixam de embolsar a cada 24 horas devido ao locaute da MLB.
A suspensão das atividades da liga, que dura desde o segundo dia de dezembro de 2021, interrompeu também o pagamento dos atletas. Donos dos dois maiores contratos na liga, Scherzer e Cole são os que deixam de receber pelos seus serviços.
A perda diária de um jogador atualmente é de pelo menos US$ 3.387, já que o salário mínimo na liga é de US$ 630.000 mensais. Se a proposta do sindicato de atletas (MLBPA) for aceita, o montante aumentaria para US$ 4.167, totalizando US$ 775.000 após 30 dias.
No entanto, o convênio médico dos jogadores está assegurado. Mesmo com o fim do contrato vigente do seguro datado em 31 de março, a MLBPA se prontificou a arcar com os custos e possíveis subsídios de atletas ainda na ativa e dos que já penduraram a luva.
Baseado nos valores do ano passado, quando os ordenados em conjunto dos atletas superavam US$ 3,8 bilhões, todos juntos perderiam US$ 20,5 milhões por dia não trabalhado. E embora seja difícil dizer com precisão quais seriam as quantias não embolsadas pelos 30 donos de franquias, estima-se que os números sejam próximos aos dos jogadores.
Max Scherzer e Gerrit Cole estão na linha de frente das negociações defendendo a união de atletas. Com eles, Francisco Lindor (custando US$ 172.043 diários aos Mets), Marcus Semien (US$ 134.409 pelo Texas Rangers), Zack Britton (US$ 75.269 dos Yankees), James Paxton (US$ 32.258 pelo Boston Red Sox) e Jason Castro (US$ 20.161 do Houston Astros) também pleiteiam mudanças e melhores condições de trabalho na Major League Baseball.
Lindor, inclusive, perde de duas formas. Além dos seu valor diário, o shortstop possui uma compensação em seu contrato que lhe pagaria mais US$ 5 milhões até julho de 2032. O valor referente a esta cláusula é de US$ 26.882, o que totaliza a cifra previamente citada.
As conversas, todavia, têm ido de mal a pior, com uma distância considerável entre as exigências dos proprietários e esportistas. Mesmo com pequenos avanços, a diferença de visão entre os dois lados da mesa é notório. Após a reunião ocorrida na última quarta-feira (23), a MLB admitiu a possibilidade de um cancelamento do começo da temporada regular deste ano caso o acordo não seja firmado até 28 de fevereiro (data esta limite para não afetar o Opening Day).
Este cenário é considerado uma catástrofe por jogadores, executivos e torcedores, mas algo que já ocorreu em 1994 em condições muito parecidas, anulando a temporada daquele ano e atrasando o começo em 1995. Isso também afetaria o tempo de contrato válido dos atletas, visto que após perder os primeiros 15 dias da temporada regular, a possibilidade de se tornar um free agent é adiada por um ano, salvo em exceções onde a franquia libere o esportista, algo extremamente raro.
Por exemplo, jovens estrelas do beisebol estariam ligadas mais um ano aos seus respectivos times, como Shohei Ohtani, do Los Angeles Angels; Pete Alonso, do New York Mets; Jake Cronenworth, do San Diego Padres; e Jonathan India, do Cincinnati Reds. O atual MVP da Liga Americana teria seu “ano livre” repassado de 2023 para 2024, Alonso de 2024 para 2025, Cronenworth de 2025 para 2026 e India de 2026 para 2027.
Mais dois prejuízos consideráveis seriam os de revenda de transmissão e bilheteria, embora o impacto seja desigual entre as 30 equipes, uma vez que cada uma recebe uma verba exclusiva pelas suas aparições televisivas e tem sua própria procura por ingressos. A maior parte do dinheiro recebido por transmissões vem de jogos de pós-temporada. Em 2020, a MLB recebeu US$ 787 milhões pelas transmissões dos dois playoffs seguintes: US$ 370 milhões da Fox, US$ 310 milhões da Turner, US$ 30 milhões da MLB Network, US$ 27 milhões da ESPN e mais US$ 50 milhões de companhias fora dos Estados Unidos.
Foto: Reprodução Twitter/Los Angeles Dodgers