Chicago Cubs dispensa Jason Heyward: ‘Um grande ser humano, um grande jogador’
Outfielder encerra passagem de seis anos pelos Cubs, onde conquistou o título em 2016 e deixou várias marcas fora do campo
Sentado dentro de uma sala de entrevistas no Wrigley Field no final de setembro, vestindo um uniforme do Chicago Cubs para uma das últimas vezes, o veterano outfielder Jason Heyward foi perguntado se ele poderia de alguma forma colocar em palavras seu período no clube.
“Muita história sendo quebrada. Várias vitórias”, disse Heyward. “Que passagem por esta cidade, para esta base de torcedores. E o amor que recebi, o amor que recebemos – os caras que faziam parte desses grupos – nunca é uma garantia.”
Antes da vitória por 2 a 0 sobre o Philadelphia Phillies, em 29 de setembro, Heyward se encontrou com repórteres pela primeira vez desde que o presidente de operações de beisebol, Jed Hoyer, anunciou no início de agosto que os Cubs não manteriam o outfielder após esta temporada. Heyward foi, formalmente, liberado nesta segunda-feira (14), dando-lhe a chance de buscar um emprego em outro lugar e permitindo que o time de Chicago vire ainda mais a página para uma nova era.
Dada sua vasta experiência no jogo, Heyward, de 33 anos, disse que não ficou surpreso com a decisão da equipe. A escrita estava na parede, pois os Cubs priorizavam a avaliação de jogadores mais jovens. Heyward elogiou Hoyer por quão “real” ele foi durante toda a situação, e o OF espera provar a uma nova equipe que ele ainda pode fazer parte de um candidato a título em 2023.
Quando sua carreira de jogador terminar, Heyward disse que poderia se ver envolvido com um grupo de proprietários ou talvez algum tipo de papel em um escritório. O veterano disse que adoraria encontrar uma maneira de ajudar a “preencher a lacuna” entre um clube e os tomadores de decisão cada vez mais orientados por dados. “Sei que ainda tenho muito a oferecer para um time de beisebol vencedor”, disse Heyward.
Ao longo de suas 13 temporadas na MLB – passadas com o Atlanta Braves, St. Louis Cardinals e Cubs – Heyward jogou oito temporadas nos playoffs. Ele ganhou cinco Gold Glove Awards por sua defesa de elite no right field, ele foi indicado ao Roberto Clemente Award de Chicago nos últimos dois anos e ganhou um anel da World Series em 2016.
Embora as estatísticas de Heyward com os Cubs possam não ter atendido às expectativas do contrato de oito anos e US$ 184 milhões que ele assinou antes de 2016, seu legado com a franquia está ligado a esse anel. Durante a temporada de 2016, ele fez parte da equipe dinâmica dos Cubs que encerrou a seca de 108 anos na World Series.
“Nós não ganhamos esse campeonato sem ele”, disse o técnico dos Cubs, David Ross. “Esse cara é um grande ser humano, um grande jogador. E ele fez muito por esta organização e por mim, com certeza.”
Ross foi um catcher dos Braves em 2010, quando Heyward, de 20 anos – uma escolha de primeira rodada do Draft de McDonough, Geórgia, três anos antes – entrou na Liga com grandes expectativas. Em sua primeira partida, Heyward rebateu um home run contra Carlos Zambrano, logo no seu primeiro at-bet.
O momento que realmente se destaca para Ross, junto com os torcedores dos Cubs, foi nos bastidores durante o jogo 7 da World Series de 2016 contra o Cleveland Indians. Na décima entrada, após um rali da equipe de Ohio para levar o jogo a um empate de 6 a 6, Heyward reuniu seus companheiros de equipe durante um atraso de chuva de 17 minutos.
“Ele acalmou tudo para nós”, disse Ross. “As coisas estão girando muito rápido e temos um momento para reiniciar, e J-Hey parou tudo e voltou a dizer: ‘Somos o melhor time da Major League Baseball. Provamos isso’.”
Os Cubs marcaram duas corridas no topo da décima e venceram por 8 a 7, trazendo o primeiro título para o North Side desde 1908. Heyward foi perguntado na quinta-feira (10) se ele sentiu que seu discurso, realmente, teve impacto no resultado do jogo.
“Eu sei que teve um efeito nisso”, disse Heyward. “Todos nós fomos lembrados de quem éramos e como chegamos a esse ponto.”
Daqui a alguns anos, quando Heyward retornar ao Wrigley Field para comemorar os aniversários daquele campeonato, esse momento estará ligado ao seu legado na cidade. Isso, junto com seu impacto nos companheiros de equipe e no trabalho na comunidade, terá um legado duradouro mais do que qualquer estatística.
Quando os jovens jogadores chegavam no clube, Heyward liderou mais como um exemplo de trabalho diário e preparação do que com palavras.
“Pessoalmente, tenho muita sorte de chamá-lo de amigo próximo”, disse o shortstop dos Cubs, Nico Hoerner, em agosto. “O que ele foi para mim é muito mais do que apenas um veterano no clube. Praticamente, ele me deu orientações sobre o que significa jogar neste nível e misturar isso com uma vida fora do campo. Ele é muito impactante na minha vida.”
“Ele é, de longe, o melhor companheiro de equipe que já tive”, disse Kyle Hendricks, titular dos Cubs, recentemente. “Eu acho que muitos caras podem dizer isso sobre ele. Apenas a pessoa que ele é, cara. O que ele contribuiu nos bastidores.”
No início desta temporada, Heyward concordou em se mudar para o center fielder quando os Cubs contrataram Seiya Suzuki do Japão para ser o novo right fielder. Isso significou muito para Suzuki, que chamou Heyward de “irmão” depois de conhecê-lo durante o Spring Training.
“Ele é um jogador que teve sucesso no right fielder”, disse Suzuki, em agosto, por meio do intérprete Toy Matsushita. “Para ele, basicamente, me dar essa posição foi algo que, realmente, me impressionou. Estou muito agradecido.”
Heyward disse que planeja continuar a chamar Chicago de lar, dados seus laços com a cidade agora por meio de sua família.
“Isso traz um sorriso ao meu rosto, sabendo que tive a chance de jogar na frente desses torcedores”, disse ele. “Foi muito gratificante, porque os bons momentos, os maus momentos, eles ainda estão ali esperando que algo positivo aconteça. E conquistamos o direito de eles estarem ali, ainda mais na ponta de seus assentos.”
Foto: Reprodução Twitter/Chicago Cubs