Carta da MLB aos Yankees detalha o uso ilícito de tecnologia antes do decreto contra roubo de sinais
Tribunal de Apelações dos EUA negou pedido dos Yankees para manter carta sob sigilo
Uma carta de anos enviada pela Major League Baseball ao New York Yankees e obtida pela ESPN americana, nesta terça-feira (26), detalha o uso ilícito de tecnologia durante as temporadas de 2015 e 16, que foi relativamente leve no contexto dos escândalos de roubo de sinal que ocorreram em torno do jogo ao mesmo tempo.
No início deste mês, o Segundo Tribunal de Apelações dos EUA negou o pedido dos Yankees para manter a carta – do comissário da MLB Rob Manfred ao general manager dos Yankees, Brian Cashman – sob sigilo.
A carta foi publicada pela primeira vez pelo SNY, nesta terça-feira (26).
A carta de Manfred contém informações sobre violações de tecnologia que ocorreram antes do comissário emitir um memorando para todas as equipes em setembro de 2017, um mandato que foi considerado uma referência na crescente preocupação com o roubo de sinais no esporte. Manfred alertou as equipes de que responsabilizaria os escritórios e funcionários por violações, e que os infratores enfrentariam penalidades que incluíam a possível perda de escolhas de draft.
Em janeiro de 2020, o Houston Astros e o Boston Red Sox foram penalizados por usar tecnologia para roubar sinais no final da temporada de 2017 e em 2018, após a emissão do memorando de Manfred.
Os detalhes contidos na carta de Manfred aos Yankees observam violações que jogadores e funcionários dizem que se tornaram comuns no esporte depois que monitores instantâneos de replay foram instalados nas proximidades dos dugouts, em 2014.
Na carta, Manfred informou aos Yankees que a investigação da MLB descobriu que os jogadores da equipe observaram os monitores em 2015 e 2016 para discernir informações de sequência de arremessos que foram então retransmitidas aos corredores de base na esperança de que eles pudessem comunicar isso ao rebatedor. Além disso, fontes disseram à ESPN americana que o ex-técnico de arremessos dos Yankees, Larry Rothschild, ligou para a sala de replay para perguntar sobre a identificação do campo, o que é contra as regras.
“Naquela época, o uso da sala de replay para decodificar sinais não era expressamente proibido pelas regras da MLB, desde que a informação não fosse comunicada eletronicamente ao dugout”, disse a MLB, em comunicado nesta terça-feira (26).
A carta para Cashman não sugeria qualquer transmissão em tempo real de sinais do dugout para os rebatedores durante suas rebatidas – o limite estabelecido no caso dos Astros – ou violações após o memorando de Manfred em setembro de 2017.
“Como os fatos da carta mostram, os Yankees não foram penalizados por roubo de sinais, mas foram penalizados pelo uso indevido do telefone na sala de replay”, disseram os Yankees em comunicado nesta terça-feira (26). “Naquela época, o roubo de sinais era utilizado como uma ferramenta competitiva por várias equipes da Major League Baseball e só se tornou ilegal após o delineamento específico das regras pelo Comissário em 15 de setembro de 2017.”
Os Yankees foram multados em US$ 100.000 pela MLB, e o dinheiro foi doado para ajudar as vítimas do furacão Irma.
O fato dos Yankees terem lutado para manter a carta sob sigilo nos últimos anos levantou suspeitas e alimentou teorias da conspiração sobre o seu conteúdo – a ponto de alguns oficiais de beisebol terem ficado confusos com o tratamento da questão pelo time, acreditando que seria melhor simplesmente liberar a carta e seguir em frente.
Em sua declaração, os Yankees disseram que lutaram contra o lançamento da carta “para evitar a equivalência incorreta dos eventos que ocorreram” e que a multa de US$ 100.000 imposta à equipe foi “antes da emissão dos novos regulamentos e padrões da MLB”.
Em sua investigação dos Astros, a MLB determinou que, com o uso de um monitor de televisão, os rebatedores eram informados da identidade do próximo arremesso durante suas rebatidas, em tempo real – violações extensas e sistemáticas que levariam às suspensões e demissões do general manager Jeff Luhnow, do técnico A.J. Hinch e do técnico de banco dos Astros e técnico dos Red Sox, Alex Cora, enquanto o ex-jogador dos Astros, Carlos Beltran, renunciou ao seu novo cargo como técnico do New York Mets.
Foto: Divulgação/MLB