Bud Selig: “No final, consegui tudo o que queria”
De saída da MLB, comissário lembra início turbulento e deixa Liga com recorde de público e renda
Aos 80 anos de idade e há 22 no comando da MLB, Bud Selig se aposentará neste mês. O comissário da Liga concedeu uma entrevista de despedida a David Kaplan, da Reuters, onde falou desde o aumento das ações antidoping até a popularização e enriquecimento da Liga durante seu mandato, iniciado em 1992.
“Uma das coisas mais naturais do beisebol é que ele é resistente a mudanças. Lembra da gritaria por causa do Wild Card? Meu Deus”, conta o comissário.
Selig teve um começo de mandato inquieto. A imprensa e os times o criticavam por propor alterações à Liga, como a introdução do Wild Card, em 1994, e a divisão dos lucros entre as franquias, em 1996.
Crescentes casos de doping; a participação de Selig na decisão de terminar o All-Star Game de 2002 empatado; e a não realização da World Serie de 1994 devido à greve dos jogadores pioraram as coisas nos primeiros 10 anos dele como chefe da MLB. “O cancelamento da World Series em 1994 foi meu momento mais triste. A vida é engraçada. Tivemos sete suspensões [até 94]. Foi desolador não termos a Série, mas foi importante passarmos por isso para que alcançássemos a paz trabalhista”.
Com o tempo, as ações do dirigente surtiram efeito, a MLB cresceu como nunca e Selig passou a ser mais querido pelos fãs de beisebol. “Tenho sido tratado de forma excelente nos últimos 10, 15 anos. Alguns dos meus mais ferozes críticos hoje são meus melhores fãs”, afirma Selig se referindo aos jornalistas Bob Costas e Mike Lupica.
Entre outras providências de Bud Selig a frente da Major League Baseball estão o aumento do número de divisões por liga, em 1994; a introdução dos jogos interligas, 1996; e a adoção do replay instantâneo, em 2008 e expandido em 2014.
Mais grana, mais torcida e menos doping
Quando Selig assumiu, o lucro da MLB era de cerca de US$ 1,2 bilhões. No ano passado, a Liga bateu o recorde com rendimento de US$ 9 bilhões. Em 1992, a temporada fechou com total de 55 milhões de pagantes. Em 2008, esse número chegou a 79 milhões e hoje está na casa dos 73 milhões de torcedores.
Sobre jogadores impossibilitados ao Hall da Fama do esporte, Bud se mostra isento. “[Shoeless Joe] era um grande jogador, mas há muita história ali”. “E sobre Pete Rose [inelegível desde 1989]?”, perguntou o jornalista. “Não tenho comentários sobre isso”, disse Selig.
Na sequência David Kaplan perguntou se o comissário “Gostaria de ver Barry Bonds no Hall da Fama?”. “Isso é para os escritores de beisebol (…) Quando o assunto é drogas, eu fiz tudo o que pude. Temos o mais duro programa antidoping do país – em um esporte que não tinha nenhum. Quando o assunto é outro [Barry Bonds], não há porque voltarmos a isso”, disse, associando o jogador a problema com doping.
Quando Kaplan pergunta se ele “se arrepende de alguma medida que realizou ou deixou de realizar”, Selig diz: “quando penso onde estamos agora, a resposta é não. Estávamos com lucro menor que US$ 2 bilhões com o último comissário. Agora temos uma extraordinariamente bem-sucedida BAM [Baseball Advanced Media, serviço da Liga na internet divida pelas 30 equipes]; temos a MLB TV; US$ 450milhões em divisão de lucros [entre os times]; inédito equilíbrio competitivo. No final, consegui tudo o que queria”.
Bud Selig será substituído por Rob Manfred, eleito o novo comissário da MLB no ano passado.