Bryce Harper ataca regras não-escritas e espera mais personalidade no beisebol
Atual MVP vai de encontro à etiqueta do esporte para exaltar comemorações, encaradas e marcas pessoais dos atletas da MLB
O atual MVP da MLB, Bryce Harper, do Washington Nationals, criou mais oportunidades para que os fãs de beisebol se dividam entre seus amantes e odiadores. Em entrevista à revista da ESPN norte-americana, o outfielder criticou as regras não-escritas do esporte, que impedem que os jogadores se manifestem.
“Beisebol está cansado. É um esporte cansado, porque você não pode se expressar. Você não pode fazer o que os outros fazem nos outros esportes. Não estou dizendo que o beisebol é chato ou algo do tipo, mas falo da euforia dos jogadores jovens que estão chegando agora e que têm estilo. Como Matt Harvey, Jacob DeGrom, Manny Machado, Joc Pederson, Andrew McCutchen ou Yasiel Puig – há tantos caras no jogo agora e que são muito divertidos”, afirmou o atleta.
“Jose Fernandez é um grande exemplo. Jose Fernandez vai te eliminar por strike out, te encarar até o dugout e cerrar o punho. E se você rebater um home run e comemorar? Ele não se importa. Porque você o venceu. Isso é parte do jogo. Não é o sentimento antigo – se você comemorar um home run, eu vou te atingir nos dentes. Não. Se um cara comemora um home run da vitória… quero dizer – me desculpe.”
“Se um cara cerra os punhos para mim do montinho, eu penso: ‘Bem, você me pegou agora. Bom para você. Espero que te pegue na próxima’. É isso que faz o jogo divertido. Vocês querem que as crianças joguem, certo? O que as crianças estão jogando hoje em dia? Futebol americano, basquete. Olhe para os jogadores – Steph Curry, LeBron James. É empolgante ver esses jogadores nesses esportes. Cam Newton – eu amo o jeito que Cam faz. Ele sorri, ele gargalha. É esse jeito. É dramático”, completou Harper.
MESMO LADO
Aaron Gleeman, da NBC Sports, Arielle Aronson, da FOX Sports, Dayn Perry, da CBS Sports, e Dan Steinberg, do Washington Post, são alguns exemplos de jornalistas que comentaram as palavras de Bryce Harper de maneira favorável.
O argumento em comum é justamente o desejo de que os jogadores mostrem suas emoções e suas marcas registradas nas comemorações em partidas (como estes bat flips, do próprio Harper e de Yoenis Cespedes, em um Home Run Derby).
“Diferente de outros esportes, não há relógio no beisebol, e os jogos podem facilmente se arrastar por horas a mais do que as partidas de futebol americano, basquete ou hóquei. Quando não há personalidade e nada que faça com que um jogador ou um time se destaque entre a monotonia de bolas e strikes, line drives e bolas voadoras, é fácil perceber porque os fãs perdem interesse”, escreveu Aronson.
AO CONTRÁRIO
As palavras de Bryce não foram bem aceitas pelos puristas do esporte, que acreditam em uma conduta inteiramente respeitosa e profissional dos jogadores. Mas, por incrível que pareça, não agradou também um dos atletas mais emotivos da liga, e que não tem vergonha de comemorar uma eliminação.
Sergio Romo, closer/ setup do San Francisco Giants, ao ouvir as declarações, pediu para que Harper “calasse a boca”. “Não fale besteiras quando você é a cara do esporte e acabou de ganhar um MVP”, declarou Romo ao San Jose Mercury News.
“Por ser tão emotivo, faço o melhor para não olhar para o outro dugout. Eu olho para o chão, para o meu banco de reservas, para o céu, para a arquibancada. É garantido que você pode comemorar. Mas há uma maneira de comemorar e não desrespeitar, não apenas o adversário, como jogo em si”, adicionou Sergio.
Na opinião do jogador dos Giants, “essas regras foram impostas antes que você [Harper] chegasse. Me desculpe, mas não há uma pessoa que possa mudar esse jogo”. “Tenho certeza que se alguém tem dinheiro suficiente, pode achar outro trabalho se este está tão cansado”, finalizou.
(Fotos: Divulgação, MLB/ Reprodução, Twitter, ESPN/ Reprodução, MLB/ Reprodução, MLB/ Reprodução, MLB)