Bruce Maxwell é o primeiro atleta da MLB a aderir a protestos
Catcher do Oakland Athletics torna-se primeiro jogador da MLB a ajoelhar durante hino norte-americano
Faltando uma semana para o final da temporada regular, a Major League Baseball registrou neste sábado (23) o primeiro protesto de um jogador durante o hino nacional, seguindo a prática iniciada por Colin Kaepernick, ex-quarterback do San Francisco 49ers, durante os jogos de sua ex-equipe na temporada 2016 da NFL, e que foi destaque nos jogos deste domingo (24) no futebol americano. O atleta a manifestar-se contra o que parte da sociedade vê como desigualdade e discriminação contra minorias nos Estados Unidos também veio do norte da Califórnia: trata-se de Bruce Maxwell, calouro que atua como catcher do Oakland Athletics.
O jovem de 26 anos ajoelhou-se e colocou o boné contra o peito durante a execução do hino norte-americano antes da vitória por 1 a 0 sobre o Texas Rangers. Seu companheiro Mark Canha apoiou a mão no ombro do catcher, e os dois abraçaram-se após a conclusão do hino. Oriundo de uma família de militares (seu pai é um veterano da Marinha), Maxwell afirmou após a partida que a decisão de unir-se aos protestos contra a violência e a discriminação aos negros foi algo pensado por muito tempo.
“Fiquei em dúvida por um longo período, pois ninguém no beisebol havia feito. Porém, finalmente concluí que a desigualdade entre os homens é algo em discussão, e está sendo praticada por nosso presidente (Donald Trump). O meu ponto ao ajoelhar-se não é desrespeitar os militares. Não é desrespeitar a Constituição, não é desrespeitar nosso país. A mão sobre meu peito simboliza o fato de eu ser americano, e sou mais do que grato por isso”, disse ele antes de explicar sua ação.
“Ajoelhar-me é o que está chamando a atenção, pois estou ajoelhando-me por quem não tem voz. Isso vai além da comunidade negra, isso vai além da comunidade hispânica, estamos vivendo um tempo de indiferença, e uma divisão racial entre as pessoas. Isso está sendo praticado pelo alto comando do país, que basicamente diz que tratar as pessoas de forma diferente é ok”, concluiu Maxwell.
Bob Melvin, manager dos A’s, confirmou que seu jogador falou sobre o protesto com os companheiros, e Maxwell (que repetiu o ato neste domingo e pretende manter o protesto nos últimos jogos da temporada regular) disse que o time apoiou sua decisão. Canha, por sua vez, aproximou-se do colega, após o aviso coletivo sobre a ação, como uma espécie de ombro amigo. “Eu podia ver que ele estava abalado e emocional sobre suas crenças (..) eu senti que algo dentro de mim dizia-me claramente que (Maxwell) precisava de um irmão hoje”, explicou Canha.
Os A’s divulgaram uma curta nota sobre o caso. “O Oakland Athletics orgulha-se por ser uma franquia inclusiva. Respeitamos e apoiamos os direitos constitucionais e a liberdade de expressão de nossos jogadores”, aponta o texto.
A MLB também manifestou-se. “A MLB tem uma longa tradição de honrar nossa nação antes do início dos jogos. Também respeitamos que cada um de nossos jogadores tem um passado, perspectivas e opiniões diferentes. Acreditamos que nosso jogo continuará a unir os fãs, as comunidades e os jogadores”, cita a nota.
(Foto: Thearon W. Henderson/Getty Images)