Blake Snell afirma que não irá jogar com salário reduzido em 2020
Citando risco de infecção, arremessador dos Rays se declarou contra corte salarial aprovado pelos proprietários dos times
Nesta quinta-feira (14) Blake Snell se declarou contra um possível corte salarial na temporada de 2020. Para o arremessador do Tampa Bay Rays, jogar com o salário reduzido em meio à pandemia do coronavírus é inaceitável. A medida já foi aprovada pelos proprietários das equipes na segunda-feira (11) e está sendo discutida entre a MLB e a MLBPA, o sindicato dos atletas.
“Vocês têm que entender, cara, para eu jogar – para eu aceitar um corte salarial, isso não vai acontecer porque o risco [de infecção] é muito alto”, confessou Snell, segundo a ESPN americana. “Não, eu tenho que ganhar o meu dinheiro. Eu não vou jogar se eu não receber o meu, OK? É assim que vai ser para mim. Sinto muito se vocês pensam de forma diferente, mas o risco é muito alto e a quantidade que irei receber é muito baixa. Por que eu pensaria em fazer isso?”.
A divisão de receitas está em pauta nas negociações entre e a MLB e a MLBPA. A medida dividiria os lucros entre times e jogadores, com os últimos recebendo pelo menos 50%, para minimizar as perdas com jogos sem venda de ingressos em 2020.
Entretanto, é possível que o sindicato rejeite a proposta por se aproximar de um cap salarial, de acordo com Jeff Passan, da ESPN americana. A MLB é a única liga esportiva americana que não impõe tal limite.
Snell por sua vez, receberia US$ 7 milhões em 2020, caso a temporada estivesse acontecendo normalmente. Ele está no segundo ano de um contrato de cinco temporadas e US$ 50 milhões com Tampa Bay. Para ele, o plano aprovado pelos proprietários “é super frustrante porque [os jogadores] sofrem um risco muito mais alto”.
“Cara, eu estou arriscando a minha vida”, continuou ele. “Se eu irei jogar, eu devo ganhar o dinheiro que concordei em receber ao assinar meu contrato. Eu não deveria ganhar metade porque a temporada foi cortada na metade, em cima dos 33% retirados do corte que já está lá. Então, na verdade, eu receberei 25%”.
Os comentários de Snell vão contra a afirmação feita por Ian Happ, do Chicago Cubs, nesta quarta-feira (13). O jogador alegou que os jogadores da MLB estão de acordo com o corte salarial e que recusá-lo seria ruim para a imagem do beisebol.
“Em cima disso, [meu salário] será descontado por impostos”, adicionou o jogador. “Então imagine o quanto eu realmente vou receber para jogar, sabe o que estou dizendo?”.
Blake Snell também alegou estar preocupado com as sequelas de uma possível infecção, que para ele “ficarão lá para sempre”.
“Só estou dizendo que não faz sentido para mim perder todo aquele dinheiro e então jogar”, adicionou o atleta. “E depois ficar em lockdown, longe da minha família, longe das pessoas que amo e sendo pago uma quantia muito menor. Além disso, corro o risco de me lesionar toda vez que eu entrar em campo”.
Posteriormente, em entrevista para o jornal Tampa Bay Times, Blake Snell reconheceu que sua fala anterior pode ser vista como egoísta: “Honestamente, é assustador arriscar a minha vida contra a COVID-19, assim como não saber se estou infectado e espalhar a doença para outros. Eu apenas quero que todos fiquem saudáveis e que as nossas vidas voltem ao normal, porque eu sei que sinto falta da minha”.
O manager dos Rays, Brian Cashman, defendeu o direito de expressão de Snell: “Eu acho que todos nós temos o direito de falar o que queremos falar e de acreditar no que queremos acreditar. Porém, eu garanto que continuamos a apoiar a postura de priorização da saúde e segurança de todos aqueles afiliados ao beisebol, dos nossos torcedores e comunidades e também de todos os socorristas trabalhando nestes tempos difíceis”.
(Fotos: Reprodução Twitter/Tampa Bay Rays)