Associação dos Jogadores pensa em loteria de draft para impedir desistência da temporada
Tony Clark, representante dos jogadores da MLB, espera criar mais equilíbrio e impedir que times percam de propósito
No dia 1º de dezembro deste ano expirará o atual contrato de negociação coletiva (Collective Bargaining Agreement) entre a MLB e a Associação dos Jogadores da liga, a MLBPA. Em entrevista à agência Associated Press, Tony Clark, presidente da MLBPA, falou sobre alguns pontos a serem discutidos na negociação do próximo CBA.
Um deles é a reforma no sistema que define a ordem dos times no draft. Clark acredita que o atual formato, que ordena as franquias na ordem inversa do desempenho do ano anterior, estimula uma desistência do campeonato uma vez que não há mais chances de playoffs. “Será benéfico olhar para isso, e não apenas isoladamente, mas olhar para qualquer tentativa de negociação sobre isso, que equilibre as peças e não crie uma disparidade”, respondeu Clark.
A prática foi pauta em reunião dos diretores das franquias no começo deste ano. O sucesso do Houston Astros e do Chicago Cubs, após uma sequência de anos muito ruins, pode estimular tal comportamento.
Além de uma mudança no draft atual, há a ideia da criação de um draft internacional. Isso corrobora a intenção do comissário Rob Manfred, que já declarou que o crescimento do jogo internacionalmente é uma dos principais objetivos de sua administração.
“Enquanto isso conceitualmente soa legal, de todos entrarem no jogo da mesma maneira, a verdade é que há muitos problemas. Isso, sem dúvidas, será parte da negociação em 2016, e será muito interessante ver como essa discussão se manifesta”, concluiu.
Primeiro ex-jogador à frente da MLBPA, Tony Clark assumiu o posto em 2013, sucedendo Michael Weiner, que faleceu devido a um tumor no cérebro. Após nove paralisações entre 1972 e 1985, o beisebol norte-americano vive uma calmaria há cerca de 20 anos. A última vez que um temporada da MLB foi afetada por locaute ou greve foi entre agosto de 1994 e abril de 1995. Em função disso, não houve pós-temporada nem World Series na temporada de 1994.
Uma das principais reivindicações de Clark atualmente é algum desequilíbrio entre a necessidade dos jogadores e dos times. Rob Manfred, atual comissário e então líder das negociações do CBA em 2011, estimava que cerca de dez free-agents receberiam ofertas qualificatórias ao ano. Esse número, no entanto, chegou a 20 na atual inter-temporada. Nem todos aceitaram, o que deixou uma agência livre carregada.
“Eu acho decepcionante quando há muitos jogadores talentosos sem clube. Não acredito que seja do interesse de ninguém estar em um mundo onde bons jogadores estão em casa por qualquer razão que seja. Isso será parte das negociações”, falou Clark. “Se há considerações que parecem causar prejuízo ao conceito de equilíbrio competitivo, elas devem ser revistas, e isso parece ser uma delas.”
Diminuir a temporada
“Já tivemos conversas no passado ligadas à duração da temporada. Aquelas conversas não levaram a nada. Não sei se irão para algum lugar agora. Há várias coisas dentro e fora dos campos que podem ser adicionadas.”
Queda de ofensividade do jogo
“Acredito que muito disso é cíclico. Algumas coisas podem estar ligadas ao ano com clima favorável e clima desfavorável. Alguns podem estar ligados a ajustar a cerca ou não.”
Elevar a base da zona de strike
“Você tem que ser cuidadoso ao ajustar alguma coisa que se ajustou sozinha nos últimos 20 anos.”
Possíveis jogos em Londres em 2017
“Jogadores entendem e gostam quando a indústria cresce, todos se beneficiam. Mas há um equilíbrio delicado que tem que ser alcançado para assegurar que as normas sejam estabelecidas para que os caras possam fazer o que devem fazer [jogar beisebol] quando estiverem lá [em Londres].”
Rosters com o mesmo tamanho em setembro
“Nós discutimos em 2011. Infelizmente, não encontramos um nível igual entre as partes. Tenho certeza que teremos essa conversa. Provavelmente dessa vez poderemos achar terreno comum sobre setembro ou qualquer outro mês.”
Prospectos mantidos em minors, adiando arbitração e agência livre
“Seria ótimo acreditar que essas decisões fossem tomadas… simplesmente pensando no progressivo desenvolvimento de um jogador. Eu não estive em nenhum clube para saber com certeza se foi por isso que uma decisão foi tomada ou não.”
(Fotos: Divulgação e Reprodução MLB.com)