Após escândalo do roubo de sinais, Evan Gattis pede desculpas por trapaça
Ex-catcher do Houston Astros reconheceu que esquema ludibriou o esporte e os torcedores da MLB
Ex-jogador do Houston Astros, Evan Gattis pediu desculpas pelo roubo de sinais praticado pela equipe durante as temporadas de 2017 e 2018 nesta quinta-feira (2). O catcher, atualmente fora dos gramados, reconheceu que o esquema realizado pelo time traiu a confiança do mundo do beisebol e dos próprios torcedores em entrevista para o podcast 755 Is Real, do The Athletic. O site é o mesmo que denunciou o esquema em 2019.
“Todos querem ser o melhor jogador na p**** do mundo, cara”, começou Gattis. “E nós (os Astros) trapaceamos para isso, com certeza. Nós obviamente traímos o beisebol e os torcedores. Os torcedores se sentiram enganados. Me sinto mal por eles”.
Em seguida, Gattis afirmou que entende a repercussão que surgiu contra a franquia: “Não estou pedindo por simpatia ou algo assim. Se a nossa punição é sermos odiados por todos e para sempre, que seja. Não sei o que deve ser feito, mas alguma m**** tinha que ser feita. Eu concordo com isso, de verdade. Eu acho que é bom para o beisebol estarmos limpando o esporte. Eu entendo que pedir desculpas não é bom o suficiente. Eu entendo isso”.
Por meio de uma entrevista para o The Athletic, o arremessador Mike Fiers revelou o esquema de roubo de sinais em novembro de 2019. Uma investigação realizada pelo comissário da MLB, Rob Manfred, determinou que o Houston Astros usou um sistema de câmeras no Minute Maid Park para roubar os sinais dos adversários durante a campanha de 2017, na qual a franquia conquistou a World Series.
Como punição, o manager A.J. Hinch foi suspenso por um ano, assim como o general manager Jeff Luhnow. Os dois foram demitidos por Houston pouco depois. Entretanto, a MLB não retirou o título dos Astros. Gattis confirmou que Hinch sabia do esquema, mas também afirmou: “Não acho que ele gostava disso”.
Além das suspensões, os Astros também foram multados em US$ 5 milhões e tiveram quatro escolhas de Draft removidas pela MLB. Manfred também revelou no começo de março que a MLB irá alterar suas regras para impedir esquemas semelhantes no futuro.
Contudo, nenhum jogador foi implicado no relatório final de Manfred, com a exceção de Carlos Beltrán, já aposentado e ex-manager do New York Mets. Gattis, apesar de não ter sido culpado diretamente, admitiu que a equipe agiu de forma errada: “Nós não olhamos para a nossa bússola moral e afirmamos que isto era certo. Era como se nós estivéssemos lutando uma guerra baseados na paranoia ou algo assim. Mas o que fizemos foi errado. Não confunda as coisas: foi ruim para a natureza das competições, não apenas para o beisebol.
Sobre a denúncia de Fiers, que agora joga pelo Oakland Athletics, Gattis confessou que o arremessador agiu de forma correta. “[Fiers] tinha algo para dizer, então ele tinha que dizer aquela m**** mesmo e nós precisávamos ser punidos. Por que se ele não tivesse feito isso, o que teria acontecido? [O esquema] teria fugido ainda mais de controle. Quero dizer, é um assunto difícil. Sim, eu acho que muitas pessoas se sentiram enganadas e eu entendo isso”.
Mesmo com a ênfase dada para Beltrán, tido como um dos elaboradores do esquema no relatório da MLB, Evan Gattis afirmou que os envolvidos não foram forçados a participar da trapaça. “Ninguém nos obrigou a fazer essa m****. Estão me entendendo? As pessoas dizem ‘esse cara nos obrigou, aquele cara nos obrigou’. Não foi assim. Mas você tem que entender que a situação era poderosa”.
Entretanto, o ex-jogador também afirmou que os atletas se sentiram pressionados de outra forma: “Você trabalha a vida inteira para rebater a p**** de uma bola e você vem me dizer [qual tipo de arremesso] está por vir? Eu disse ‘como assim?’. É uma coisa poderosa, existem milhões de dólares em risco. Essa também é a parte ruim, foi quando as pessoas se machucaram. Isso não é certo. Isso não é jogar da forma correta”.
Gattis alegou que outros jogadores não concordaram com o roubo de sinais: “Algumas pessoas no nosso time estavam furiosas. [Mas] não contra as pessoas que sentiam raiva de nós, estavam apenas irritadas, do lado dos torcedores. Nem todo mundo estava feliz com a trapaça. Eles eram nossos companheiros de equipe, mas talvez eles não se sentiam na posição de dizer alguma coisa. Agora eles têm que viver com isso. Eu poderia ter dito alguma m****, eu poderia ter feito alguma coisa, mas não fiz. Definitivamente não”.
“Esta m**** saiu de controle”, complementou Gattis. “Por isso eu digo que estou feliz pela verdade objetiva ter sido revelada. Nós fizemos m**** e não foi certo. Foi errado. É um pouco mais fácil ver tudo ir à m**** depois de tudo. Não me entenda mal, estou muito feliz que vencemos a World Series, mas depois que isso passa, agora é um pouco diferente. Aquilo aconteceu e nós trapaceamos. Você não pode se sentir bem sobre isso”.
Por último, Gattis reiterou que entende os sentimentos do torcedores: “Estou tentando tirar algo de positivo disso, além de sabermos agora. A MLB nos puniu, talvez não os jogadores, mas todos vão ter que escutar as vaias e toda aquela m**** e ser um saco de pancadas. Eu entendo. Eu entendo porque vocês (os torcedores) estão com raiva”.
Evan Gattis começou a carreira em 2013 com o Atlanta Braves. Ele foi enviado ao Houston Astros em janeiro de 2015 ao lado de James Hoyt, em uma troca múltipla. Em 2017, foi campeão da World Series com a equipe, título que ficou manchado após a denúncia do roubo de sinais. Ele escolheu virar um agente livre ao final da campanha de 2018, mas nunca assinou com outro time.
(Fotos: Reprodução Twitter/Houston Astros)