Entenda como funciona a AAF, a liga de futebol americano das férias da NFL
Liga não pretende rivalizar com a NFL e vai ser um refúgio para aqueles que sentem falta da bola oval
Muitas ligas já tentaram rivalizar com a NFL ao longo dos anos, com promessas de maior diversão do que a principal liga de futebol americano do mundo, mas nenhuma delas conseguiu durar muito tempo. Como, por exemplo, a XFL (Xtreme Football League), que prometia violentas pancadas e regras menos rígidas do que a NFL, mas não teve sucesso. Eles estarão de volta em 2020. A Arena Football League também tentou, com um campo menor, atrair mais fãs com mais ataque e menos defesa, mas também falhou, e sua audiência continua muito abaixo das outras ligas.
No meio disso tudo, surge a AAF (Alliance of American Football), que é uma “liga de verão” da NFL, e não pretende rivalizar com os grandes, fazendo seus jogos voando baixo no radar da Liga e realizando suas partidas durante as férias da NFL. A principal liga inclusive apoia a AAF.
Funcionando com regras diferentes daquelas que imperam no seu “primo rico”, a AAF promete um futebol americano divertido para os fãs que ficam sete longos meses esperando a NFL voltar, sendo um refúgio para diminuir a saudade e uma chance para muitos jogadores mostrarem serviço. Aqui, o The Playoffs explica como a liga funciona, suas regras e seus times e o que tem diferente em relação a National Football League.
OS TIMES
Divididos em duas conferências, oito times fazem parte da AAF.
Na Conferência Oeste: Arizona Hotshots, Salt Lake Stallions, San Antonio Commanders e San Diego Fleet.
Na Conferência Leste: Atlanta Legends, Birmingham Iron, Memphis Express e Orlando Apollos
Na primeira semana de partidas, eles se enfrentaram dentro da própria conferência, com os Hotshots vencendo os Stallions por 38 a 22, Iron batendo o Express por 26 a 0, Commanders e Fleet fazendo um jogo equilibrado que acabou em 15 a 6 para San Antonio e os Apollos fazendo 40 a 6 nos Legends.
Cada time tem 52 jogadores no elenco, que foram formados tanto por contratações das equipes quanto por um Draft territorial. A AAF dividiu o mapa dos Estados Unidos para que cada time possa buscar jogadores em sua parte do território, onde eles podem pegar de cinco universidades e mais cinco franquias profissionais, sendo uma da CFL (Canadian Football League) e quatro da NFL. Apenas um quarterback pode ser escolhido em cada região, já que, em novembro de 2018, um Draft apenas de quarterbacks aconteceu, em que os times puderam proteger um QB para manter em seu time, e deixando um livre para ser escolhido por outra equipe.
Alguns jogadores que já passaram pela NFL e foram importantes para suas equipes estão na AAF. No San Diego Fleet, temos o running back Bishop Sankey, que já foi considerado um dos melhores da Liga enquanto defendia o Tennessee Titans. Scott Tolzien, que já foi titular no Indianapolis Colts, é um dos QBs do Birmingham Iron. Christian Hackenberg e Zach Mettenberger jogam no Memphis Express. Matt Asiata (Stallions), Will Hill (Apollos) e Nick Novak (Iron) também são nomes conhecidos que estão na AAF.
AS REGRAS
A AAF tem suas próprias regras, com algumas que diferem muito da NFL, para que, como o CEO Charlie Ebersol falou, “a diversão não acabe” e, mesmo assim, a liga continue competitiva. A ideia que mais agradou o público foi a de um nono árbitro, chamado de “sky judge”, que é o equivalente ao VAR no futebol, sendo um cara que fica fora do campo para revisar cada jogada, e tem o poder de dar ou tirar faltas marcadas ou não marcadas pelos árbitros no campo.
Outras coisas também diferem da NFL, como a falta de extra points. Toda vez que um touchdown é marcado, o chute tradicional que a equipe tem direito no futebol americano não existe, obrigando os times a irem para a conversão de dois pontos. As defesas são proibidas de mandar mais de cinco jogadores atrás do quarterback, e os jogadores que avançam não podem estar duas jardas afastados dos offensive tackles, arriscando uma falta chamada “Illegal Defense”. Os kickoffs também não existem, com as posses das equipes começando automaticamente na linha de 25 jardas, e, para substituir o onside kick, os times podem manter a posse de bola ao arriscar uma jogada na linha de 28 jardas e precisam avançar 12 jardas. Os times não podem tentar esta jogada exceto quando estiverem perdendo por três posses de bola.
Mudanças menores também existem, como a redução no tempo do relógio da jogada de 40 na NFL para 35 segundos na AAF, e uma prorrogação no estilo do High School, com apenas um período sendo jogado e cada equipe ganhando uma posse de bola na linha de 10 jardas do campo de ataque, tendo quatro jogadas para marcar um touchdown, visto que não são permitidos field goals. As comemorações de TDs são permitidas, contanto que não contenham ofensas de nenhum tipo ou a bola sendo jogada para as arquibancadas.
A AAF terá 10 semanas de temporada regular, com os playoffs tendo apenas quatro equipes, dois de cada conferência. As semifinais ou finais de conferência serão em campo neutro, na cidade de Las Vegas, e os vencedores jogarão a grande final lá também.
CURIOSIDADES
Além de Ebersol, a AAF tem alguns nomes interessantes nas posições mais altas da liga. O co-fundador é Bill Polian, que foi um dos nomes mais importantes dos Colts e um dos principais responsáveis pelo Draft de Peyton Manning pela equipe. Alguns ex-jogadores da NFL também entraram na onda da liga, sendo o principal deles Troy Polamalu, ex-safety do Pittsburgh Steelers e campeão de dois Super Bowls, ocupando o cargo de diretor de operações. Outro bicampeão de SB a entrar como executivo é Justin Tuck, que venceu os dois com o New York Giants em cima do New England Patriots. Jared Allen e Hines Ward também são jogadores aposentados que decidiram apostar na AAF.
Na primeira temporada, todos os jogadores terão salários iguais de US$ 250 mil não garantidos, com contratos de três anos que têm uma cláusula de ida livre para a NFL se forem chamados. A liga também tem um sistema que irá recompensar os jogadores por conquistas estatísticas e por participarem de serviços comunitários, que só vai entrar em vigência a partir da temporada 2020. Os preços dos ingressos dos jogos são bem acessíveis, com um valor médio de US$ 35 por jogo. Existe também um fantasy da AAF.
A primeira equipe da AAF a conseguir uma afiliação com um time da NFL foi o Salt Lake Stallions, que se aliou com o Green Bay Packers. A afiliação consiste em mandar jogadores para os Stallions desenvolverem e, quando estiverem prontos, terem a chance de fazer parte do elenco dos Packers para a temporada da NFL, algo semelhante ao que ocorre na NBA, por exemplo.
A CBS detém parte dos direitos de transmissão da liga, tendo direito a um jogo por semana e um dos jogos dos playoffs. A TNT terá dois jogos por temporada, sendo um dos playoffs, e a NFL Network vai transmitir dois jogos por semana. Além disso, o aplicativo oficial da Liga vai ter streams ao vivo para as partidas que não têm transmissão da CBS. No Brasil, nenhuma emissora transmitirá as partidas da temporada.
Na primeira semana, a Alliance of American Football já demonstrou um grande apoio do público, tendo uma audiência maior do que a partida entre Houston Rockets e Oklahoma City Thunder, pela NBA, transmitida pela ABC. Os números mostram uma audiência de 2.1 para as duas partidas da AAF, enquanto Thunder e Rockets teve 2.0. Claro, isso não será comum, mas já é uma grande vitória para uma liga que busca se estabilizar. O público nos estádios também foi considerado um sucesso, e a AAF trilha um caminho bom neste começo.
(Fotos: Reprodução Twitter/AAF)