União, organização, crescimento: a temporada 2016 da Superliga Nacional
Agora encerrado e com o campeão coroado, analisamos o novo formato do campeonato brasileiro de FA deste ano
No último domingo (18), aconteceu no Rio de Janeiro uma final inédita para o futebol americano no Brasil. O Brasil Bowl VII, disputado entre Flamengo FA e Timbó Rex, consagrou a equipe do estado de Santa Catarina como a primeira campeã brasileira de uma Superliga Nacional unificada, onde todos os grandes times do esporte no país participaram.
E quem é fã já ouviu pelo menos uma vez que o FA está entre as práticas esportivas que mais cresce em terras tupiniquins. Mas qual é o impacto que este novo campeonato brasileiro tem em um futuro que, segundo reportagem da ESPN norte-americana, é promissor?
O The Playoffs traz aqui uma análise dos principais componentes que envolvem uma partida de futebol americano no Brasil hoje, desde organização no estádio até o aspecto técnico.
Aviso: o redator que vos escreve mora na cidade do Rio. Portanto, as impressões aqui redigidas serão baseadas nos jogos da Superliga Nacional que aconteceram na capital fluminense. Porém, fique à vontade para compartilhar sua visão sobre o assunto na seção de comentários. E é claro, sempre com educação e respeito à opinião alheia.
A qualidade do jogo
Com a suspensão da edição de 2016 do Torneio Touchdown, a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) divulgou em março o novo formato da Superliga Nacional. Com isso, as melhores equipes dos dois principais campeonatos do país se juntaram de forma inédita. A presença de atletas das equipes envolvidas nas duas ligas na seleção brasileira de FA (Brasil Onças), além da troca de informaçôes entre os técnicos, tornaram o jogo mais técnico e competitivo.
Obviamente, para quem gosta e assiste a NFL o nível é outro, mas esse não é o objetivo. Seria injusto fazer tal comparação até mesmo com o College Football. No entanto, a subida na qualidade foi evidente, principalmente nos playoffs. Equipes tiveram finalmente a primeira oportunidade de se enfrentar e o choque de esquemas e táticas diferentes só ajudou no upgrade técnico.
Mantendo o formato de disputa deste ano, o nível de qualidade do futebol americano só tende a crescer no Brasil.
Logística e organização do evento
Organizar um jogo de futebol americano no Brasil é algo díficil e que na maioria das vezes dá prejuízo. Alguns time possuem patrocinadores e eles os ajudam nessa parte. Outros, nem isso têm. O Flamengo FA fez um post na sua página oficial no Facebook no qual mostra os custos de um jogo no Rio de Janeiro. Com o aluguel do estádio, passando pela contratação de ambulâncias (obrigatórias para o início do jogo), sistema de som, seguranças e confecção dos ingressos, o valor total do evento chega a mais de 8 mil reais.
O time rubro-negro mandou grande parte do seus jogos na campanha deste ano no Estádio Ronaldo Nazário de Lima, que pertence ao São Cristovão de Futebol e Regatas, localizado na zona norte da cidade. O local é próximo do centro da capital fluminense e da estação de trens Central do Brasil, o que ajuda na locomoção dos torcedores. Talvez os dois únicos pontos negativos do estádio sejam o campo castigado e a baixa capacidade na arquibancada, impossibilitando assim uma venda maior de ingressos.
Os outros componentes importantes mostram como um evento bem organizado pode transcorre sem grandes problemas. O credenciamento para imprensa funcionou sempre, e todos sempre foram solícitos em ajudar, seja o pequeno blogueiro até a equipe de uma grande emissora de TV.
Uma sugestão para os times seria a divulgação via redes sociais de quais atletas estão ativos e inativos para a partida em questão. O motivo é simples. A informação fica mais completa e os erros diminuem da nossa parte.
Audiência e interesse popular no esporte
O interesse em torno do futebol americano praticado no país é a prova mais evidente do crescimento do esporte. A equipe do Cuiabá Arsenal, que joga na Arena Pantanal, teve média de 3 mil torcedores por jogo este ano na Superliga Nacional. Além do interesse no jogo, o preço do ingresso é um atrativo. Em tempo de crise financeira, um espetáculo que custe barato é sempre bem-vindo.
Como não existe rivalidade grande entre as equipes, várias famílias começam a acompanhar o futebol americano de perto, influenciadas pelas transmissões na TV fechada. A empolgação dos narradores, os sorteios de brindes e as brincadeiras feitas com os torcedores durante o intervalo proporcionam ao fã de FA um lazer com um custo benefício baixo.
Considerações finais
Esta Superliga Nacional pode ser a pedra inicial de uma nova era no futebol americano no país. O campeonato unificado, a organização dos clubes, junto com imprensa, a chegada de mais patrocinadores, dispostos a investir de médio a longo prazo, irão alavancar o “Football” e fazer com que o Brasil tenha uma liga competitiva e de qualidade num futuro próximo.
(Fotos: n°1 e n°5 Pedro Franco/ The Play0ffs; nº2 Paulo Pinto; n°3 e 4 Junior Martins/Divulgação)