Permanência de Kevin Love impede evolução dos Timberwolves
Minnesota decide não trocar astro, drafta LaVine, mas não sai do lugar. Saiba o porquê
Em 2004, o Minnesota Timberwolves chegou ao seu ápice. Melhor campanha do Oeste na NBA, Kevin Garnett MVP e final de Conferência contra o Los Angeles Lakers. Depois daquela derrota por 4 a 2, se vão 10 anos sem ir aos playoffs. Uma década sem dar um passo sequer à frente. Após o Draft da NBA desta sexta-feira, tudo indica que mais uma vez os Lobos de Minnesota vão ficar estagnados no mesmo lugar.
Todos os olhos estavam focados no movimento dos Timberwolves. Kevin Love é desejado por praticamente todos os times da NBA e um monte de propostas foram recebidas. Com apenas um ano de contrato restando, seria um risco o Minnesota mantê-lo e perdê-lo de graça ao fim da temporada. A chance do ala-pivô renovar com a franquia de Minneapolis é mínima com tantos times na sua cola. Como o Draft de 2014 foi considerado o melhor desde o de 2003, que teve LeBron James, Carmelo Anthony, Dwyane Wade e Chris Bosh, por exemplo, era esperado que o Minnesota se movesse e começasse um novo rebuild. Não o fez.
O Boston Celtics poderia ter sido o alvo dos Wolves, assim como na troca de Kevin Garnett em 2007. Os celtas tinham as escolhas de número 6 e 17 do Draft, além de bons valores como Jeff Green e Jared Sullinger. Um pouco de ousadia e Minnesota poderia tentar também trazer Rajon Rondo, talvez oferecendo Ricky Rubio.
Caso tivesse trocado, Minnesota teria três escolhas no top 20 e não apenas a sua 13ª (escolheu Zach LaVine, UCLA). Sem Love, a busca teria quer ser dada para um ala-pivô e tinham ótimos prospectos no Draft. Julius Randle foi escolhido na pick 7, Noah Vonleh na 9 e Adreian Payne na 15. Com um garrafão Randle/Payne ou Vonleh/Payne e contando ainda com desenvolvimento de Gorgui Dieng, o Minnesota traria explosão e renovação ao elenco. Nikola Pekovic, Kevin Martin e até Ricky Rubio seriam boas moedas de troca para trazer alguns role players e quem sabe all-stars.
Se não escolhessem dois homens de garrafão, pegavam Randle ou Vonleh na pick 6 e usava a pick 17 para trazer outro reforço para o backcourt, como James Young ou Gary Harris. Ou poderia ter pego o armador Marcus Smart na 6, o ala-pivô Adreian Payne na 13 e Gary Harris/James Young na 17.
Cenários com a troca com o Boston
*Apenas Love pelas picks 6 e 17. Sem adicionar jogadores (o que provavelmente aconteceria)
Selecionando Randle/Vonleh na 6, Payne na 13 e Young/Harris na 17: Neste cenário os Wolves ganhariam agressividade na posição 2 e um futuro garrafão de respeito. Kevin Martin poderia ser trocado, para dar espaço a Shabazz Muhammad, ou usado como 6th man. Dieng poderia ser o 5, revezando Randle/Vonleh com Payne na 4. Pekovic seria moeda de troca para reforçar a posição 3 ou na vinda de qualquer all-star ao adicionar Rubio na tentaiva.
Time base: Rubio, Young/Harris, Brewer, Randle/Vonleh, Payne
Selecionando Smart na 6, Payne na 13 e Young/Harris na 17: Neste cenário teríamos o backcourt atlético e explosivo dos Celtics (Smart e Young), com adição de um forte ala-pivô, Adreian Payne. Aqui o problema de rotação no garrafão dos Lobos continuaria, mas por outro lado o perímetro melhoraria consideravelmente. Mais uma vez Pekovic, Rubio e Martin seriam ótimas moedas de troca para conseguir reforços.
Time base: Smart, Young/Harris, Brewer, Payne, Dieng
Como ficou o Minnesota ao não trocar Kevin Love: Sem a troca, os Timberwolves tiveram apenas uma escolha de primeira rodada. O escolhido na pick 13 foi o ala/armador Zach LaVine. O calouro de UCLA é um grande shooter e ótimo para pontuar em transição. Mas é limitado no jogo de meia-quadra e não defende bem. Essas características já fizeram os torcedores do Minnesota chama-lo de “Kevin Martin que enterra”.
LaVine pode se tornar um all-star, mas isso com certeza não será nesta temporada. O ala-armador parece menos pronto para a NBA neste momento do que Smart, Young e Harris. E é aí que a decisão do Minnesota de não trocar Kevin Love não fez sentido. Ao manter Love, o Minnesota precisa de resultado imediato para convencê-lo a ficar e LaVine não vai fazer o time alcançar os playoffs. Se era para novamente ter o “time do futuro” os Wolves erraram ao manter Love e perder pelo menos dois futuros all-stars entre Smart, Randle, Vonleh, Payne, Young e Harris.
Time base: Rubio, LaVine/Martin, Brewer, Love, Pekovic/Dieng
Presente e futuro em Minneapolis
As adições de Zach LaVine, PG/SG de UCLA (pick 13), e Glenn Robinson III, SG/SF de Michigan (pick 40), devem melhorar os Wolves nessa temporada. O problema é que os outros times se reforçaram melhor do que os Lobos. Naturalmente, a temporada será mais vitoriosa com Kevin Love do que seria se ele tivesse ido embora. Mas a temporada será suficientemente boa para playoffs? Será suficientemente boa para ele ficar? A resposta parece bem clara e ela é: não.
O fato é que o Minnesota acabou de perder uma grande chance de rebuild. Como dizem por aí, às vezes é preciso dar um passo para trás para depois dar dois à frente. Os Timberwolves preferiram ficar no mesmo lugar e “ver no que dá”. Não vai dar certo.
Flip Saunders voltou a ser o técnico. Esteve em Minneapolis entre 1995 e 2005 e levou o time aos playoffs entre 97 e 2004. Foi o único técnico na história da franquia a ir para a pós-temporada e a ter um aproveitamento maior que 50% de vitórias. O problema é que o Kevin Love de hoje não é melhor do que o Kevin Garnett daquele tempo.
A melhor coisa que os Timberwolves poderiam fazer seria trocar qualquer coisa pelo Garnett de 10 anos atrás. Infelizmente, isso é impossível. O jejum de playoffs dos sofredores torcedores do Minnesota vai continuar e graças a inércia deste Draft, não parece ter previsão de término.