Com campanha perfeita, EUA enfrentam uma Sérvia surpreendente
Djordjevic aposta em boa defesa e um Teodosic inspirado para vencer equipe de Coach K na final do Mundial de Basquete
Em um misto de felicidade e tristeza, por ser o maior jogo e momento do campeonato, mas também seu último, neste domingo (14) acontecerá no Palácio de Esportes, em Madri, a grande final do Mundial de Basquete 2014 masculino (ou Copa do Mundo de Basquete 2014) entre Estados Unidos e Sérvia. Se por um lado, o time norte-americano não é uma grande surpresa, por outro os sérvios apareceram como uma grande zebra, apesar de terem abocanhado a 4ª posição no Mundial de 2010.
Se as expectativas e o basquete apresentado até a derrota contra a França em plenas quartas apontavam para a Espanha na final, a evolução do jogo da seleção sérvia fala por si só e justifica plenamente sua posição de finalista. Antes de tudo, é bom que se diga que tanto jogadores e comissão técnica, quanto o bom basquete não são (ou pelo menos não deveriam ser) de desconhecimento de ninguém e, se cravar o time na final era algo um tanto quanto improvável, desconsiderar todo seu potencial de chegar a uma talvez não fosse uma boa pedida. Desde que se tornou Sérvia, em 2006, a equipe conseguiu uns bons resultados em competições classe A, casos do segundo lugar no Europeu de 2009 e a 4ª colocação no Mundial de 2010, e conta, neste ano, com uma de suas melhores gerações.
Como técnico, a Sérvia conta com Sasha Djordjevic, ex-jogador e cracaço de bola (duas vezes escolhido como melhor jogador europeu do ano), que, neste Mundial, tem se mostrado um tanto arrojado e competente, montando estratégias vitoriosas jogo a jogo e vencendo partidas contra equipes que já havia perdido, como Brasil e França. Atuando em quadra, a Sérvia conta com um time bastante jovem e técnico, com alguns jogadores experientes e outros em seu auge. Milos Teodosic (craque em seu auge físico/técnico), Bogdan Bogdanovic (ala jovem e talentoso draftado recentemente pelos Suns), Miroslav Raduljica (pivô dos Nets), Nikola Kalinic e Nemanja Bjelica têm evoluído rodada após rodada, e Teodosic, armador do CSKA Moscou, mostra-se um grande líder em quadra, tendo a frieza necessária e a atitude para guiar o time nas retas finais dos jogos mais apertados, tanto é que elevou sua média de pontos nos jogos de caráter eliminatório.
Porém, para enfrentá-los de modo a frear seu ímpeto, os Estados Unidos, adversários deste domingo, a princípio, não terão tantos segredos a desvendar:
1) Parar Teodosic está pela ordem do dia mas, para a sorte de Mike Krzyzewski, o Coach K, armas para isso não deverão faltar. Kyrie Irving, Derrick Rose, Stephen Curry ou até um ala mais alto e forte como Rudy Gay poderão revezar na marcação do armador e isso certamente irá agredi-lo e cansá-lo muito, dificultando seu jogo de perímetro e não o deixando com tempo para pensar as jogadas.
2) Minimizar o jogo interno de Raduljica, Kalinic e Nenad Krstic também será de extrema importância, pois vindas do garrafão as bolas para arremessos de três têm sido a principal forma de pontuação da equipe sérvia e os passes de dentro para fora vêm sendo a principal fonte de arremessos longos livres. Os 40% de aproveitamento da equipe não são desprezíveis para ignorar uma forte marcação nesse cenário.
Olhando assim parece fácil, mas sabemos que não é, e certamente Djordjevic virá com ajustes para o confronto, também para tentar parar os norte-americanos. Alguns pontos que o técnico deverá lidar serão:
1) Cuidado com a bola. O Team USA tem médias incríveis de 13,1 roubos de bola, 27,4 pontos em contra-ataques e 33 pontos vindos de desperdícios de bola do adversário. Desse modo, atenção e concentração serão fundamentais, mas também uma estratégia utilizada contra o Brasil nas quartas de final poderá ser de extrema valia, a clássica falta na transição ofensiva: todas as vezes que velocidade era empregada nos ataques ou a equipe brasileira vinha em vantagem numérica, o lento time sérvio apelava para faltas no início da jogada, literalmente, matando a jogada.
2) Aproveitar os desperdícios norte-americanos. Especialmente neste Mundial de Basquete, a equipe dos Estados Unidos tem errado muito no controle da bola, e a média de 14,4 por jogo não me deixa mentir. Porém, seleções como a Lituânia, não souberam aproveitar esses deslizes e os desperdícios norte-americanos não viravam pontos contra.
3) Equilibrar os rebotes. Recuperar a bola, principalmente na defesa, após um arremesso ruim adversário será prioritário caso a Sérvia pretenda vencer a equipe de Coach K neste domingo. Se superar os norte-americanos em rebotes será difícil, equilibrar esse número e mantê-los longe da média de 16,8 pontos por jogo em pontos em segunda chance (ou vindos a partir de rebotes ofensivos) serão imprescindíveis.
Logicamente estes tópicos estão longe de ser a única coisa que os times (principalmente a Sérvia) deverão fazer, e, como ditos, ajustes dos dois lados deverão ser realizados a fim de confundir a cabeça do outro técnico e obter alguma vantagem no jogo. Por fim, o favoritismo está com os Estados Unidos e acredito que eles irão alcançar o bicampeonato mundial, porém sabemos que eles não são imbatíveis e é certo que a Sérvia jogará esse jogo como o último de sua vida, em que ganhar o título seria um sonho realizado.