Red Bull Crashed Ice: o lado B dos atletas do gelo
Cansados de tentar espaço na NHL, ex-jogadores entram em corrida para ganhar a vida
Se o hóquei é o esporte coletivo mais radical do mundo, disso não tenho dúvidas. A quantidade de equipamentos de proteção utilizados, a velocidade imprimida na patinação, as colisões, os riscos… Assim como o controle do disco e a capacidade de fazer gols, a peça chave dos confrontos vistos no gelo da NHL é a capacidade de deslizar sobre a superfície congelada. Principalmente, manobrar com propriedade sobre ela.
Além de ser o mais importante fundamento do jogo, a patinação é o principal foco do Red Bull Crashed Ice – uma corrida no gelo realizada todo ano pela Red Bull e que utiliza os mesmos equipamentos de proteção de atletas de hóquei. Como jogar na principal liga de hóquei do mundo nem sempre é possível, para alguns atletas amadores a alternativa é partir para esse esporte de velocidade que possui 15 anos de existência.
A cada ano, a competição criada pela Red Bull atrai ex-jogadores da NHL e das principais ligas europeias, bem como corredores amadores ou de patinação de velocidade, todos ávidos pela aventura de correr em pistas com descidas íngremes, curvas fechadas, saltos, túneis… Entre outros riscos que permeiam até a linha de chegada. Dentro desse cenário, colidir com o adversário e cair é parte constante do desafio.
Na última terça-feira (13), a Red Bull divulgou a última cidade a receber um circuito do Red Bull Crashed Ice em 2016. Munique, na Alemanha, nos dias 8 e 9 de janeiro, irá receber corredores que disputam o prêmio de US$ 1 a 2 milhões de dólares. Mas antes de chegar lá, o evento tem início no Quebec, no Canadá, nos dias 27 e 28 de novembro deste ano, e passa ainda pela Finlândia (29 e 30 de janeiro) antes de terminar nos Estados Unidos (26 a 27 de fevereiro). Em cada pista, cerca de 60 corredores – a grande maioria ex-atletas de hóquei – se amontoam em busca do primeiro lugar e da notoriedade promovida pela empresa de bebidas energéticas.
LADO B DA NHL
Alguns ex-atletas da NHL como o veterano Brian Bonin, central do Pittsburgh Penguins (1998-1999), já participaram da competição. Bonin, que passou boa parte da carreira nas ligas menores como a AHL, faz parte de uma realidade cada vez mais comum nessa competição: ex-jogadores que por algum motivo não ganharam espaço, mas tentam a todo custo estar na mídia, de modo a chamar atenção das equipes de hóquei, ou mesmo, seguir carreira como patinador.
Bonin, com 41 anos, não joga mais como profissional (ele conta sua trajetória no vídeo acima). Assim como Graeme Walton, de 34 anos, ex-defensor do Belfast Giants da Elite Ice Hockey League (EIHL). Graeme correu na Red Bull Crashed Ice em 2002, no auge dos seus 21 anos, e conseguiu um contrato com o clube no ano seguinte. Até então, o irlandês era um completo desconhecido, mas ganhou notoriedade após conseguir vencer o maior campeão do esporte: Jasper Felder. Ele foi convidado a fazer alguns testes pelo Belfort e permaneceu no time ao longo de 11 anos.
Atualmente, o prospecto dinamarquês Mads Eller, do Edmonton Oil Kings, franquia com ligação direta ao Edmonton Oilers, da NHL, também participou da corrida. Em 2011, logo após correr, ele foi chamado para jogar no Frolunda, da Súecia, antes de chegar nos Oil Kings.
Se a dificuldade para conseguir um contrato com times profissionais é grande, o flerte com o hóquei é tão comum que o canadense Kyle Croxall, de 28 anos, quarto melhor corredor do mundo no ranking, confirma que a corrida é uma clara alternativa para os jogadores frustrados que sabem patinar bem. “Os melhores atletas são quase que exclusivamente do hóquei. Boa parte deles são semi-profissionais. Obviamente todo mundo sonha em estar na NHL um dia, mas isso não acontece, então o Red Bull Crashed Ice se torna uma grande alternativa para nós”, disse Croxall ao SportsNet, em 2012.
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