NHL vs COI: Uma batalha pelo hóquei no gelo
O lançamento da World Cup of Hockey 2016 esquentou a briga entre a NHL e o COI envolvendo os Jogos Olímpicos de Inverno
Nesta semana tivemos o lançamento da Copa do Mundo de Hóquei no Gelo (World Cup of Hockey) a ser disputada em 2016, que será gerenciada pela NHL e pela Associação de jogadores da liga (NHLPA). São boas notícias, certo? Mais uma competição onde poderemos ver os craques representando seus países num torneio de alto nível. Infelizmente para os fãs de hóquei, a situação é bem mais complexa.
Em 2014, tivemos os Jogos Olímpicos de Inverno, realizados em Sochi, na Rússia, onde 147 jogadores da NHL representaram seus países. Como o calendários dos Jogos determina a sua disputa em fevereiro, bem no meio da temporada regular da NHL, a briga entre a liga e o Comitê Olímpico Internacional (COI) acontece sempre quando os Jogos se aproximam, desde 1998, quando pela primeira vez, os astros da NHL foram liberados para jogarem os Jogos Olímpicos de Nagano, no Japão.
Mas se vem desde 1998, e em todos os jogos os atletas participaram, problema resolvido?
Não foi tão simples assim. Nas 5 edições do hóquei no gelo dentro dos Jogos Olímpicos, a batalha foi travada com muitas discussões entre os dirigentes das duas entidades. Vamos pegar o exemplo da ultima edição em Sochi, no ano passado. Após várias negativas da NHL sobre a liberação de seus jogadores para participarem dos jogos, os próprios astros tiveram que vir a público diversas vezes, para falar da vontade de representarem os seus países.
Mesmo com a pressão de astros como Sidney Crosby e Alex Ovechkin, apenas sete meses antes da cerimônia de abertura em Sochi, a NHL autorizou a participação de seus jogadores, alterando assim a sua tabela da temporada regular. Vitória do COI? Sim, mas o comissário da liga, Gary Bettman, preparava o contra ataque.
Então surge a já comentada World Cup of Hockey, que terá a sua primeira edição ano que vem. Bettman já deixou bem claro que prefere a Copa do Mundo, pra substituir a presença dos jogadores nos Jogos Olímpicos. “Nossa experiência com os Jogos Olímpicos de Inverno vem sendo uma mistura de sentimentos. Não é nossa competição, não temos nenhum controle sobre ela, acontece numa época que atrapalha bastante a nossa temporada regular. Pelo lado positivo, reconhecemos a sua abrangência mundial.” – disse em 2014, o vice comissário da NHL, Bill Daly.
A Copa do Mundo de hóquei já aconteceu em 1996 e 2004. Na primeira edição, disputada em agosto e setembro daquele ano, tivemos jogos na América do Norte e na Europa, culminando com uma final EUA e Canadá, vencida pelos americanos por 5 a 2, no decisivo jogo 3 da final. Em 2004, o Canadá, que tinha no elenco as lendas Joe Sakic e Mario Lemieux, e foi treinada na competição pelo maior de todos, Wayne Gretzky, foi o campeão, num torneio muito parecido com o de 1996, vencendo a Finlândia por 3 a 2, num jogo único realizado em Toronto.
Portanto a volta da World Cup busca rivalizar com os Jogos Olímpicos, certo? Certo, mas nem tanto assim. Os jogos de 2018 serão realizados na cidade de Pyeongchang, na Coréia do Sul e a NHL não acredita que valha a pena remodelar a sua temporada 17-18 e liberar os seus jogadores para um mercado que, de acordo com a liga, não terá muita visibilidade. O problema é que em 2022, os Jogos serão em Pequim, capital da China, onde a liga tem muito interesse em expandir o seu mercado. Será que o COI aceitará o veto em 2018 e a permissão para 2022?
Um outro grande problema são os direitos de transmissão da competição. Nos Jogos de 2010, em Vancouver, a NHL foi proibida de transmitir uma conferência de imprensa que tinha o seu próprio comissário como entrevistado! Já nos Jogos de Sochi, a liga conseguiu aumentar as suas transmissões, mas tudo que ela quiser colocar no site NHL.com ou na NHL Network, tem que ser aprovado pelo COI.
Uma outra entrevista de Bettman passa a bola (ou o puck) para René Fasel, suíço, que é o presidente da Federação Internacional de Hóquei no Gelo (IIHF), responsável pela modalidade do hóquei no gelo nos Jogos Olímpicos junto com o COI. Fasel, durante o último mundial da IIHF em maio deste ano, disse que confia no diálogo e está certo que será atingido um entendimento. Na realidade, a entidade internacional busca a sua garantia nos jogadores, que farão pressão para jogarem por seus países. Mas será isso suficiente?
“Temos diversos jogadores que querem jogar (os Jogos Olímpicos), mas também vários outros que não gostam do intervalo na temporada regular.” – disse Don Fehr, diretor executivo da associação de jogadores (NHLPA). Quando perguntado sobre se a Copa do Mundo teria a mesma visibilidade mundial dos Jogos Olímpicos, respondeu que sim, “mas que uma não veio para substituir a outra”.
Além da NHLPA, os jogadores já deram diversas declarações e todas elas deixando claro o desejo de estarem na Coréia do Sul em 2018. Nomes como Crosby, Ovechkin e o goleiro Pekka Rinne querem muito estar já. Talvez o mais sincero tenha sido Phil Kessel, hoje jogador do Pittsburgh Penguins, quando disse em 2014, quando ainda defendia o Toronto Maple Leafs, que “os jogadores se divertem e adoram os Jogos Olímpicos, mas entendem que a NHL não os quer lá.”
Faltam três anos para os próximo Jogos Olímpicos de inverno e muita discussão ainda irá rolar (ou deslizar) sobre esse assunto, mas iremos acompanhar as novidades sobre o tema e torcer para que possamos ter todos os melhores jogadores em todas as competições de hóquei.