Arizona Coyotes: No caminho certo contra a irrelevância
Com os primeiros bons resultados dos Coyotes na temporada 2018-19 podem ser interpretados no caminho para o sucesso
Acuado em uma divisão que absorveu o brilho de jogadores como Erik Karlsson e Ilya Kovalchuk, o Arizona Coyotes nunca foi considerado favorito para conquistar o Pacífico em 2018-19. O assunto que cercava o time do deserto norte-americano sempre circulou entre “se e quando” a equipe será remanejada, tanto na distribuição divisional dos times quando Seattle estiver mesmo oficializada como a 32ª franquia na NHL, como até em uma possível realocação. Mas dentro do gelo, o time tem mostrado que pode ser muito relevante, fazendo parte das discussões sobre sistemas de jogo e resultados.
O treinador Rick Tocchet deu entrevistas durante a pré-temporada comentando sobre a necessidade dos jogadores entenderem o sistema proposto o quanto antes, para que os Coyotes pudessem competir com os adversários da sua Conferência (Oeste). No início da temporada, o time parecia travado, e de fato empacou, passando 3 dos 4 primeiros jogos sem marcar um só gol. Mas o cenário mudou bastante a partir da vitória sobre o Chicago Blackhawks no dia 18 de outubro por 4 a 1. Mais confiantes, os atletas passaram a conter melhor a pressão dos adversários e controlar mais a posse do disco.
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— Arizona Coyotes (@ArizonaCoyotes) October 26, 2018
Durante as últimas partidas da temporada passada, Tocchet conseguiu implantar seu sistema e o time fechou o ano vencendo uma série de partidas. Nos perguntávamos na época sobre qual a intensão de vencer na reta final, uma vez que a temporada já tinha evaporado e um tank poderia ajudar o time a subir posições importantes no draft de 2018 realizado em Dallas. A resposta era clara: Tocchet sentia que depois de um longo ano – e com boa parte dos principais atletas saudáveis -, finalmente poderia fazer o time jogar em alto nível.
Importante lembrarmos aqui que os Coyotes foram outra vez derrotados na loteria do draft, caindo duas posições por conta do sorteio que colocou o Montreal Canadiens e o Carolina Hurricanes com direito a duas posições entre as três primeiras escolhas gerais, à frente do time do Arizona.
Mesmo com a boa sequência final, os Coyotes estiveram na parte de baixo da tabela entre os times que mais controlaram o disco e estiveram com déficit de tiros ao gol, com média de 29,9 tiros disparados e 32,2 tiros sofridos. Os números de Corsi For (tiros disparados + tiros bloqueados) e chances de alto risco criadas por seus jogadores, também estiveram sempre na parte inferior da tabela estatística. Por isso, as conquistas recentes revelam tanta surpresa com relação ao volume de jogo apresentado.
Hoje, o time tem média de 34 disparos e 28,2 sofridos. Uma inversão que traduz bem o ritmo que esta equipe tem imprimido nas partidas mais recentes. Além de que o número que representa o controle do puck nestes primeiros jogos da nova temporada, coloca os Coyotes num grupo seleto que tem Tampa Bay Lightning, Florida Panthers e San Jose Sharks.
Com menos pressão, os goleiros Antti Raanta e Darcy Kuemper puderam contribuir com atuações melhores. Raanta tem média de 2,13 gols sofridos por jogo e .921 em porcentagem de defesas. Enquanto Kuemper, mesmo sendo backup, tem números ainda melhores. Em porcentagem de defesa o goleiro tem .957 e 1.34 gols sofridos por jogo. Somados, o número fica em .944 em situações de 5 contra 5, o que significa que passou a ser bem difícil superar estes jogadores e marcar um gol no Arizona Coyotes. O power play kill também está entre os melhores da NHL com 89,3% de aproveitamento.
O capitão Oliver Ekman-Larsson – que renovou seu contrato por US$ 33 milhões depois de uma pequena novela -, agora voltou a jogar bem, dentro das características de um two-way player (com responsabilidades ofensivas e defensivas), fazendo valer todo o hype criado durante as especulações e rumores sobre seu futuro. Com 5 pontos em 10 jogos, Ekman-Larsson é o atleta que fica mais tempo do gelo em seu time com média de 23:27 por jogo. O time tem a melhor defesa da liga com apenas 20 gols sofridos até o momento.
Já o ataque, construído por jovens promissores misturados a veteranos que ainda buscam seu espaço na NHL, também vem produzindo. Clayton Keller vai somando pontos com gols importantes e se mostrando confiável, provando que já é um jogador do nível que a NHL exige, principalmente depois dos números que alcançou em sua temporada como novato (65 pontos em 82 jogos). Trocado pelos Blackhawks em 12 de julho de 2018, Vinnie Hinostroza se encaixou muito bem no time com funções importantes na linha de Derek Stepan. Voltando aos poucos, Alex Galchenyuk também vai encontrando seu destaque.
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— Arizona Coyotes (@ArizonaCoyotes) October 28, 2018
O único grande problema da produção ofensiva tem sido os power plays. Por enquanto, este é ponto que não tem acompanhado a evolução dos outros aspectos da equipe. Jogando dentro de casa, o time ainda não conseguiu fazer os times especiais encontrarem uma maneira eficaz para finalizarem as jogadas com precisão. Nenhum gol foi marcado na Gila River Arena em PP ainda. Complicado!
Lawson Crouse e Brendan Perlini jogam por renovação de contrato, assim como Nick Cousins. Portanto, o torcedor do time do deserto pode esperar muita entrega destes jogadores até o fim da temporada.
Jakob Chychrun, escolhido na primeira rodada do draft de 2016 está se recuperando de lesão no joelho. É preciso avaliar qual será o seu papel agora com uma defesa sólida, mas não é difícil entender que Tocchet tem planos ambiciosos para o garoto e anseia pelo seu retorno.
Se mantiver o ritmo até fevereiro, o Arizona Coyotes pode se colocar na posição de buyer (comprador) pela primeira vez depois de muitos anos. O time tem ainda mais de US$ 9 milhões de espaço no salary cap e 4 escolhas entre as três primeiras rodadas do draft ou 3 escolhas de sexta rodada, que imagino estarem disponíveis como moeda de troca por um jogador renomado na altura do deadline das trades.
Por fim, o bom desempenho de seus jogadores, somado aos triunfos consecutivos, vai trazendo público para a arena e fomentando o interesse pelos Coyotes.
Para quem acredita que este time pode voar longe até os playoffs, eu prefiro manter os pés no chão outra vez. Este time não foi concebido para tais conquistas. Mas isso não quer dizer que os Yotes não possam apresentar para os fãs suas armas futuras jogando em alto nível enquanto o trabalho fora do gelo é feito para encontrar equilíbrio necessário, e aí sim, quem sabe sonhar alto.
(Foto: Divulgação/NHL)