Principais observações para a temporada 2018 da NFL
Muitas questões interessantes merecem nossa atenção para esta temporada
Finalmente, a temporada 2018 da NFL está chegando! Na próxima quinta-feira, 2 de agosto, Baltimore Ravens e Chicago Bears vão se enfrentar no Hall of Fame Week, em Canton, na abertura da pré-temporada da liga.
Para matar a saudade do futebol americano profissional, vamos elencar os principais pontos a serem observados para a próxima temporada da National Football League, de acordo com as movimentações dos times nesta offseason.
(Foto: Jonathan Daniel/Getty Images)
O Philadelphia Eagles vai manter o ritmo da temporada passada?
O atual campeão do Super Bowl foi um dos times mais completos durante a temporada regular: o ataque foi o terceiro mais prolífico anotando pontos e o sétimo melhor conquistando território, e a defesa esteve no top 5 em pontos cedidos e não permitindo que os adversários avançassem com a bola, com destaque para a menor média de jardas cedidas por jogo da liga, 79,2.
A equipe da cidade do Amor Fraternal apresentou eficiência em estatísticas avançadas, sendo a oitava com maior Defense-adjusted Value Over Average (DVOA) ofensivo e o quinto melhor DVOA defensivo, mantendo o padrão de 2016-17.
Mike Wallace foi a maior adição ofensiva dos Eagles no mercado. O wide receiver foi o alvo mais acionado por Joe Flacco na temporada passada, com 92 passes lançados em sua direção, e 52 recepções, pegando menos passes apenas que o tight end Ben Watson – embora o aproveitamento de recepções não tenha sido tão bom assim para um jogador da posição, 56,5%. Wallace teve a maior quantidade de jardas por recepção desde 2014 (14,4) e pode ser encaixe melhor do que Torrey Smith como WR3, este trocado para o Carolina Panthers, que teve média 11,9 jardas e pegou 53,7% dos lançamentos.
As movimentações defensivas foram as que mais chamaram atenção. Philadelphia adquiriu o experiente defensive end Michael Bennett, ex-Seahawks, para compensar a perda de Vinny Curry, e a contratação de Haloti Ngata, que vai fazer parte da rotação dos defensive tackles, já que Beau Allen também saiu do time. Desde que chegou em Seattle, em 2013, Bennett é o 15º jogador com mais sacks na liga, e, de 2014 a 2016, esteve no top 10 entre os defensores com mais tackles para perda de jardas, ficando na 17ª colocação na temporada passada, além de ter sido o 12º com mais stuffs. Ngata participou de só cinco jogos em 2017, mesmo assim superou o número de sacks da temporada anterior (2 contra 1,5), porém a partir de 2013 não conseguiu derrubar mais os quarterbacks adversários, e nos últimos dois anos não foi eficiente parando os corredores na linha de scrimmage.
A secundária, que permitiu uma quantidade de jardas acima da média, no entanto teve um dos menores quarterbacks rating da NFL, perdeu Patrick Robinson no mercado para o New Orleans Saints, líder da equipe em interceptações e passes defendidos, porém os outros membros do setor foram equilibrados, com números próximos, como nas interceptações: Jalen Mills, Ronald Darby e Rodney McLeod tiveram a mesma quantidade de interceptações, três.
New England Patriots continuará no topo, apesar de todas as mudanças?
Uma franquia das que mais se mexeu neste período intertemporada foi o New England Patriots. O time dos Pats perdeu Nate Solder (New York Giants), Malcolm Butler e Dion Lewis (Tennessee Titans), Danny Amendola (Miami Dolphins), trocaram o wide receiver Brandin Cooks para o Los Angeles Rams. E não ficaram muito atrás no quesito contratações e aquisições: contrataram Adrian Clayborn e fizeram aquisições importantes, como o offensive tackle Trent Brown, WR Cordarrelle Patterson e o DT Danny Shelton, além de terem recrutado jogadores que já podem atuar como titulares no ataque, o running back Sony Michel, left tackle Isaiah Wynn.
A defesa dos Patriots sofreu bastante no início da temporada 2017, tanto permitindo jardas, quando pontos, mas no decorrer do foi diminuindo a pontuação cedida aos adversários. O time terminou a temporada com 42 sacks, o sétimo maior marca da liga, e Adrian Clayborn, ex-Falcons, cai muito bem, se mantiver o desempenho de 9,5 sacks, todavia ele não tem sido eficiente no setor que a linha defensiva mais precisava, na defesa contra o jogo terrestre, com apenas oito tackles for loss, e Shelton ainda não teve um número alto de stuffs, mas cresceu no ano passado, com cinco.
Brown e Wynn fazem parte de um “processo de renovação” da OL de New England. Solder, que foi para os Giants, tem 30 anos, enquanto os dois novos reforços da linha ofensiva patriota possuem, respectivamente, 25 e 21, respectivamente. Trent Brown cedeu apenas uma vez que o QB fosse derrubado nas 10 partidas em que esteve em campo em 2017-18, entretanto sofre bastante sofrendo false starts, entre os três offensive linemen que mais cometeram essa falta. Já o novato jogou na Universidade da Georgia por três anos, de 2015 a 2017.
Patterson teve um aproveitamento de recepções superior nos últimos dois anos, com 74,1%, mas não costuma conquistar muitas jardas, avançando apenas 309 em 2017. Ele é melhor aproveitado como retornador de kickoffs, possuindo média de 30,2 jardas por retorno, e caiu um pouco, para 28,2, quando mudou para o Oakland Raiders.
Mesmo sendo reserva em Georgia, o running back Michel conquistou 1.227 jardas na temporada 2017 do futebol americano universitário, 7,9 por tentativa, e entrou mais vezes na end zone que o titular na posição, Nick Chubb (selecionado pelos Browns), 16. Ele também já foi utilizado no jogo aéreo na carreira, principalmente em 2015 e 2016, mas não consegue avançar tantas jardas assim.
2018: O ano do Los Angeles Rams?
Talvez, a equipe de Los Angeles tenha sido a maior surpresa do ano passado na National Football League, principalmente o ataque comandado por Jared Goff. O time tinha sido o pior da liga na temporada 2016 em DVOA e saltou para a sexta posição no ranking. Goff terminou em quinto entre os quarterbacks com mais passes para touchdown (28) e teve o quarto maior Defense-adjusted Yards Above Replacement (DYAR). Claro, Todd Gurley teve outra excelente temporada, liderando a NFL anotando touchdowns terrestres e jardas de scrimmage (soma das jardas corridas e recebidas).
Adquirir Brandin Cooks atinge um ponto fundamental para o time ofensivamente. O jogador com mais recepções em 2017 foi… Todd Gurley, com duas a mais que o wide receiver calouro Cooper Kupp. O recebedor novato conquistou 869 jardas, liderando a equipe, sendo que ele ocupa a função de terceiro wide receiver no elenco. Portanto, Cooks vai complementar melhor o posto de líder dos Rams recebendo, principalmente após o sétimo jogador com mais jardas recebidas em média na temporada passada, além dos sete touchdowns.
A defesa vai contar na próxima temporada com jogadores experientes para aprimorar o desempenho do time. LA foi completa defensivamente em 2017: sendo a quarta com mais sacks (48), sexta em interceptações (18), a segunda desviando lançamentos (96) e a quinta com mais turnovers forçados (28). O único problema da equipe foi a quantidade de corridas paradas na linha de scrimmage, a quarta pior marca da National Football League. Ndamukong Suh foi contratado para tentar melhorar isso, já que ele estaria empatado com Aaron Donald em stuffs (6,5), a despeito de estar diminuindo de produção gradativamente nas últimas três temporadas em sacks.
Os dois cornerbacks adquiridos via troca, Aqib Talib (ex-Broncos) e Marcus Peters (ex-Chiefs) vêm de temporadas abaixo do padrão no ano passado. Nos cinco anos anteriores, Talib registrou mais de 10 passes desviados, entretanto fez apenas sete em 2017, conseguindo só uma interceptação; Peters defendeu 46 passes nos dois primeiros anos na carreira, e teve só nove no ano passado, e cinco INTs, uma a menos que em 2016. Entretanto, isso pode ser um indicativo de uma evolução para a próxima temporada.
Agora vai, Cleveland Browns?
Após terminar 2017 com nenhum triunfo conquistado, os Browns se movimentaram bastante na offseason para fazer uma temporada melhor. O jogo aéreo do time foi o menos eficiente da liga em quarterback rating e, para tentar melhorar, além de preparar o terreno para o novato Baker Mayfield, a franquia adquiriu Tyrod Taylor e Jarvis Landry.
Taylor não tem sido muito produtivo na conquista de território nos últimos dois anos, apresentando declínio na média de jardas – indo de 216,8, em 2015, para 186,6 na temporada passada – e também anotando touchdowns passados – de 20 para 14 -, entretanto ele é um dos quarterbacks mais seguros da NFL, com só 1% dos passes interceptados, menor marca da National Football League em 2017, e isso é muito importante para o time, que sofreu 28 interceptações no total.
Landry foi o jogador com mais recepções no ano passado, mesmo não conseguindo avançar tantas jardas como de costume, e teve um dos maiores aproveitamentos de passes recebidos entre os wide receivers, além de ter terminado empatado na quarta posição, com nove. Ele é o WR ideal para a equipe, pois o jogador da posição com mais recepções em 2017 foi Rashard Higgins, 27, enquanto o líder foi Duke Johnson, running back, com 74 recepções. A tendência é que ele faça uma boa dupla com Josh Gordon, se ele conseguir se manter saudável (e ter 18,6 jardas por recepção pode ser um bom indicativo, nas cinco partidas em que ele entrou em campo no ano passado).
Nas duas temporadas que assumiu a titularidade no backfield do San Francisco 49ers, Carlos Hyde conquistou mais de 900 jardas, sendo o 13º colocado no quesito em 2017-18, e sexto com mais touchdowns corridos, com oito. Provavelmente, Duke Johnson vai se manter como opção no jogo aéreo, por ter liderado o time em recepções e jardas, sendo o quarto RB na liga que recepcionou mais passes.
O Minnesota Vikings é o time ideal para Kirk Cousins
No Nas Entrelinhas do Jogo, mostramos algumas vezes que Kirk Cousins é um dos quarterbacks mais injustiçados da NFL, levando em conta as suas estatísticas. Ele assinou o contrato mais caro nesta free agency, no time que pode ser o ideal para as suas características. Em 2017, o Washington Redskins perdeu as principais ferramentas para o jogo aéreo que o QB tinha, como os wide receivers DeSean Jackson e Pierre Garçon, por essa razão ele fez o seu pior ano desde que assumiu a titularidade na equipe da capital norte-americana, em 2015, em jardas (4.093, sétima maior marca na liga), interceptações (13), quarterback rating (93.9, 12º melhor) e sacks (41).
Case Keenum, que até então não tinha feito uma boa temporada na carreira antes de se tornar titular nos Vikings, contou bastante com o trio Adam Thielen, Stefon Diggs e Kyle Rudolph. Thielen e Diggs estiveram entre os 11 melhores wide receivers em DYAR, com Thielen terminando em quinto em jardas recebidas e oitavo com mais recepções, e Stefon Diggs empatado com Kyle Rudolph na oitava colocação com mais touchdowns recepcionados na NFL.
A expectativa para o jogo terrestre também é boa em Minnesota. O até então calouro Dalvin Cook estava indo muito bem nos quatro jogos em esteve em campo, com 88,5 jardas corridas por partida, até romper o ligamento cruzado anterior do joelho contra o Detroit Lions, mas o jogo corrido se virou bem na continuação da temporada, com Latavius Murray e Jerick McKinnon, sendo o sétimo com mais jardas conquistadas e também em touchdowns.
Os reforços no corpo de recebedores do Oakland Raiders vão dar resultado?
Após a promissora temporada de 2016, quando os Raiders fizeram campanha 12-4 – mas tiveram azar nos playoffs em razão da contusão de Derek Carr na semana 16 -, Oakland decepcionou no ano passado, com record 6-10. Carr teve um desempenho abaixo, passando para menos jardas (3.496), touchdowns (22), igualou maior a quantidade de interceptações na carreira (13) e rating de 86.4.
Na offseason, para superar a perda de Michael Crabtree (Baltimore Ravens), o time da California contratou Jordy Nelson e adquiriu, durante o draft, o wide receiver Martavis Bryant, ex-Steelers, para fazer companhia a Amari Cooper. Os três principais WRs de Oakland não foram bem em 2017: Cooper teve mais de mil jardas nas suas primeiras duas temporadas na liga, mas conquistou quase 500 jardas a menos na temporada passada e recebeu metade dos passes lançados na sua direção, apesar de ter anotado o maior número de touchdowns na carreira, sete; Nelson liderou a NFL em touchdowns recebidos em 2016, mas ele sumiu no ano passado – principalmente após a ausência de Aaron Rodgers -, com 53 recepções (enquanto teve mais de 80 no período de 2013 a 2016) e só 482 jardas; a história de Bryant é um pouco mais complexa, porque ele não atuou em 2016, e na temporada passada se envolveu em uma polêmica por causa do desempenho superior de Juju Smith-Schuster: a carga de recepções diminuiu em relação à 2015, com 3,3 recepções por partida e 40,2 jardas de média, entretanto a porcentagem de recepções subiu para 59,5%.
Apesar de os três não terem feito performances tão boas no ano passado, eles possuem chances de crescer na próxima temporada, já que pelo menos Jordy Nelson e Amari Cooper já tiveram ótimos desempenhos em temporadas anteriores.
Os Saints querem a defesa consistente na temporada toda
As duas primeiras semanas da defesa do New Orleans Saints em 2017 foram o desastre: a secundária cedeu 777 jardas, seis touchdowns e 80,3% dos passes completos, e o front-seven, 248 jardas e média de 4,1 jardas por carregada. Depois desse susto, os Saints conseguiram terminar a temporada entre as melhores da liga, sendo a oitava melhor em DVOA.
Nas estatísticas convencionais, o time de NOLA foi mediano cedendo jardas, tanto nas aéreas, quanto nas corridas. Como forma de resolver esses problemas defensivos, New Orleans contratou na free agency o linebacker Demario Davis, ex-Jets, e o cornerback Patrick Robinson, ex-Eagles.
A defesa da equipe não foi muito eficiente parando as corridas dos adversários logo na linha de scrimmage, com 43 stuffs, na 21ª posição na liga. Davis foi o sexto jogador que mais deu tackles em 2017, 135, 57 a mais que o líder dos Saints nesta estatística, Vonn Bell (78). O linebacker também esteve entre os melhores defensores conseguindo stuffs, na 15ª colocação na NFL.
A secundária de New Orleans foi a que mais desviou passes na temporada passada (102) e ela será ainda mais reforçada nesse quesito por Robinson. O CB campeão do Super Bowl ficou na sexta posição em passes defendidos, um pouco à frente de seus novos companheiros de time, Marshon Lattimore (empatado em 6º) e Ken Crowley (11º).
Jacksonville Jaguars quer chegar longe novamente
Os Jaguars foram uma das gratas surpresas de 2017-18. A franquia teve seis temporadas seguidas com campanha negativa, no ano passado conseguiu um record 10-6, conquistando o título da AFC Sul. O time foi impulsionado pelo jogo terrestre ofensivo e em parar as corridas dos adversários.
A linha ofensiva eficiente foi uma das responsáveis pelo sucesso de Jacksonville em 2017, com a média 4,3 por corridas e permitiu 24 sacks, empatado na terceira posição na liga. Para manter esse padrão, o time contratou o guard Andrew Norwell, uma das contratações mais dispendiosas no mercado. Desde 2014 na liga, ele permitiu só seis sacks na carreira – e apenas um em 2017 -, três false starts e dois holdings.
*Por Luís Martinelli
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