[PRÉVIA] Playoffs da NFL: Philadelphia Eagles @ Chicago Bears
Bears empolgados, Eagles esperançosos, promessa de um jogo emocionante
De um lado, a fera adormecida, que ganhou fôlego no final e quer provar que segue forte. De outro, o aprendiz que, inspirado exatamente no mestre do outro lado, quer provar seu valor e superar o próprio mestre. As histórias de Chicago Bears e Philadelphia Eagles cruzaram-se algumas vezes desde o Super Bowl LII e isso ocorrerá novamente neste domingo (6), no Soldier Field. Quem vencer segue sonhando com o Vince Lombardi Trophy, quem perder já começa a pensar em 2019.
Chicago busca tornar-se outra ‘Cinderela’, saindo da lanterna na NFC North em 2018 para o Super Bowl. O último a fazer algo assim? Philadelphia. Matt Nagy, técnico dos Bears, foi criado na escola de Andy Reid, e era promovido sempre que seu superior ganhava um cargo. O nome do superior? Doug Pederson, técnico dos Eagles. Um dos heróis do SB LII, Trey Burton mudou de lado e agora defende Chicago. Para completar, há o duelo dos irmãos Chris (Eagles) e Kyle (Bears) Long.
Os donos da casa chegam impulsionados por uma forte defesa, que tem em Khalil Mack seu grande pilar, e em um rejuvenescido ataque comandado por Mitch Trubisky, outro jogador sob o comando de Nagy. Os Eagles, que só garantiram vaga nos playoffs na Semana 17, graças à derrota do Minnesota Vikings para (adivinhem) o Chicago Bears, aposta em um novo janeiro mágico do QB Nick Foles e esperam que a defesa encontre o ótimo nível da pós-temporada do ano passado.
CHICAGO BEARS
A franquia de Illinois chega aos playoffs com o seed #3, mas como o Power Ranking do The Playoffs mostra, o momento é ainda melhor. Matt Nagy, em sua primeira temporada como técnico, mudou muito a forma de jogo, injetou ânimo e transformou Mitch Trubisky, que foi discreto em sua temporada de estreia, em um bom quarterback, menos ‘thrower’ e mais comandante, com leituras mais corretas e que evita os turnovers (foram apenas 12 interceptações, com 24 touchdowns, e a baixa média de 230 jardas por jogo é consequência da redução nos passes, pois 66,6% deles terminam em recepção).
O jogo corrido tem outro dono, Tarik Cohen, o que transformou Jordan Howard em um coadjuvante de luxo e qualidade. Outra razão para a evolução vem das armas que o QB tem à disposição. Cohen lidera com 71 recepções, quinta melhor marca entre os running backs, com o surpreendente Taylor Gabriel sendo o wide receiver mais acionado (67 passes). Em sua primeira temporada dos Bears, Allen Robinson aparece com mais jardas (754 ou 13,7 por recepção), e Anthony Miller tem sete touchdowns, no top-10 da NFL, com Trey Burton, o homem de segurança, vindo a seguir com seis TDs.
Não dá para negar, porém, que o maior destaque da temporada foi a defesa. A troca por Khalil Mack, concluída já em setembro, foi a cereja do bolo, e o linebacker encaixou-se perfeitamente à unidade. Aterrorizando os quarterbacks adversários, ele terminou a temporada regular com números surreais: 12 sacks, seis fumbles forçados, dos quais dois foram recuperados pelo próprio camisa 52, cinco passes desviados e uma interceptação.
A unidade foi bem durante toda a temporada, com menor média de jardas por jogada (4,8, ao lado do Baltimore Ravens), menor total de pontos cedidos (283), maior quantidade de passes desviados (119, quase 20 a mais do que o segundo colocado), 27 interceptações, maior marca da NFL, e 50 sacks, apenas dois a menos do que as franquias que lideraram neste aspecto. O grupo de linebackers é muito forte com o já citado Mack, Roquan Smith, Danny Trevathan e Leonard Floyd.
PHILADELPHIA EAGLES
A temporada começou com o vencedor do Super Bowl LII apontado como o favorito ao bi. Se em meados de novembro alguém apostou nos Eagles classificando-se aos playoffs, foi tido como louco. E, ainda assim, sem seu QB titular, com a defesa oscilando, o time de Doug Pederson chegou lá, jogando muito em dezembro graças, assim como ocorreu na pós-temporada de 2018, a Nick Foles, para muitos o melhor quarterback reserva de toda a NFL.
Foles assumiu a posição na semana 15, fruto dos problemas nas costas de Carson Wentz, e venceu os três jogos que disputou em dezembro, contra Los Angeles Rams, Houston Texans e Washington Redskins. Foram 87 passes completos em 113 tentativas, mais de 75% de sucesso, com 962 jardas, seis touchdowns e rating de 108.4. Como possivelmente estará no mercado na intertemporada, ele sabe que qualquer bom desempenho valoriza ainda seu passe e aumenta seus ganhos.
O time que menos acionou o jogo corrido (apenas 20,8 tentativas por jogo) apostou, durante todo o ano, na bola viajando pelo ar, com mais de 39 passes por duelo e a terceira maior média de jardas da NFL, 269,2. Os grandes nomes do grupo de recebedores são Zach Ertz, segundo jogador com mais recepções na liga (116, atrás apenas de Michael Thomas) e líder em jardas recebidas dentro da franquia, e os recebedores Alshon Jeffery e Nelshon Agholor, que somaram 129 recepções e mais de 1,5 mil jardas.
A defesa ficou no meio do pelotão em relação aos pontos cedidos, com média de 21,8 por jogo, conseguiu 44 sacks, mas forçou apenas 10 interceptações e 12 fumbles, marcas que não são inspiradoras. O destaque é para um grupo de veteranos com experiência e muita capacidade: Brandon Graham, Haloti Ngata, Fletcher Cox e Michael Bennett, os titulares da linha defensiva, somam 125 anos e, juntos, tiveram 24,5 sacks, cinco fumbles forçados e 40 tackles para perda de jardas.
QUEM PODE DECIDIR
Khalil Mack – Um dos favoritos ao prêmio de Defensive Player of the Year, o camisa 52 está quase imparável, e sua presença assusta qualquer adversário. Tão importante quanto os sacks, tackles e fumbles, é o espaço que abre para os companheiros: quando a linha ofensiva aumenta a marcação, alguém aparece livre, e isso ajuda a explicar os bons números do conjunto e a ineficácia do jogo corrido do oponente (média de 80 jardas por jogo, 3,8 jardas por corrida, e apenas sete TDs cedidos).
Nick Foles/Zack Ertz – Os Eagles dependem de uma tarde inspirada de ambos. Foles precisa trazer para Chicago seu melhor jogo, evitando interceptações e abrindo espaço para o jogo corrido. A chave para o sucesso passa por Ertz, um dos melhores tight ends da NFL e um jogador muito difícil de marcar, especialmente pela complexão física. O camisa 86 transforma quase 75% dos passes em sua direção em recepções, com mais de 70 jardas por jogo, e é um terror (para os adversários) na red zone.
PALPITE
No papel, este parece um dos matchups mais díspares do Wild Card Weekend. Os Bears dominaram a NFC North e são melhores em todos os aspectos do jogo, exceto talvez o fator que pode colocar os Eagles na parada: o comandante em campo. Trubisky fará sua estreia em playoffs diante de um veterano que chega como o MVP do último Super Bowl e como o salvador da temporada dos Eagles. Mas o fator campo deve pesar, assim como o ótimo trabalho da defesa dos donos da casa e a ineficiência do jogo corrido dos visitantes.
Palpite Gabriel: Bears
Palpite The Playoffs: Bears
Crédito das imagens: Reprodução Twitter/Chicago Bears, Divulgação Twitter/PhiladelphiaEagles