Fechando o Divisional Round dos playoffs da NFL de 2019, Green Bay Packers e Seattle Seahawks renovarão a rivalidade com um encontro nos playoffs. A partida deste domingo (12) é uma reedição da final da NFC de 2014, vencida pelos Seahawks no overtime. Na ocasião, o time de Seattle buscou uma espetacular reação, marcando 15 pontos nos últimos dois minutos de jogo.

O retrospecto da série é ligeiramente favorável para os Packers, que somam 13 vitórias em 22 confrontos, incluindo dois triunfos em três encontros na pós-temporada. O histórico recente também favorece a franquia de Wisconsin, que venceu três dos quatro jogos disputados após a referida final de conferência. O resultado mais recente, no entanto, foi uma vitória do Seattle Seahawks por 27 a 24 válida pela semana 11 da temporada 2018.

As duas equipes chegam ao Divisional Round com alguns problemas semelhantes, em especial com relação às linhas ofensivas e à defesa contra o jogo corrido. O duelo promete ser equilibrado, mantendo a tradição dos últimos confrontos entre os rivais.

(Foto: Reprodução Twitter/NFL)

GREEN BAY PACKERS

Os Packers chegam aos playoffs como uma equipe diferente comparada aos últimos anos. Sob o comando do head coach novato Matt LaFleur, os cheeseheads apostaram mais no jogo terrestre e tornaram-se menos dependentes dos passes de Aaron Rodgers. A mudança surtiu efeito, garantindo o título da NFC North e o consequente retorno à pós-temporada após dois anos de ausência. Na defesa, o time também mudou de filosofia e investiu durante a free agency, trazendo uma lista de reforços liderada por Za’Darius Smith.

Ao longo da temporada, Green Bay não acumulou números fantásticos, mas fez o suficiente para garantir um bye na rodada de Wild Card. O destaque ficou por conta de Aaron Jones, que igualou Christian McCaffrey como líder da NFL em touchdowns (19 no total) e foi o oitavo em jardas de scrimmage. O running back será novamente uma peça absolutamente crucial no confronto deste fim de semana.

Apesar de apresentar números abaixo da média em 2019, jamais podemos descartar Aaron Rodgers. O quarterback sofreu com a falta de alvos além de Davante Adams, além de assumir um papel reduzido dentro do novo esquema ofensivo. A grande temporada de Jones não exige mais 50 passes por jogo, o que definitivamente é um ponto positivo. Por outro lado, embora o poder de decidir o resultado em um lance ainda exista, não podemos negar que Rodgers apresentou uma queda de desempenho em 2019.

No lado defensivo, os Packers terão a duríssima tarefa de conter Russell Wilson. As lesões que desfalcaram o grupo de running backs dos Seahawks, entretanto, serão um grande auxílio para os donos da casa. O time de Green Bay sofreu contra o jogo terrestre ao longo da temporada, sendo a décima pior equipe em jardas cedidas (1.921), nona pior em touchdowns (15) e oitava pior em jardas por corrida (média de 4,7). Para compensar os problemas, a defesa dos Packers foi a nona melhor em pontos cedidos (média de 19,6 por jogo) e a terceira em interceptações (17).

(Foto: Reprodução Twitter/Green Bay Packers)

SEATTLE SEAHAWKS

Liderados por mais uma grande atuação de Russell Wilson, os Seahawks derrotaram o Philadelphia Eagles na rodada de Wild Card para garantir a vaga no Divisional Round. O quarterback lançou para 325 jardas e um touchdown, superando uma atuação limitada do jogo terrestre. Wilson também comandou as ações correndo com a bola, sendo responsável por 45 das 64 jardas conquistadas pela equipe.

Apesar de ser beneficiado pela ausência de Carson Wentz, tirado de jogo após um hit altamente questionável de Jadeveon Clowney, o time de Seattle não teve uma atuação defensiva das mais convincentes. Conter o jogo terrestre foi novamente um problema: foram 120 jardas cedidas, com Miles Sanders acumulando uma média de 4,9 jardas por tentativa. O duelo contra Aaron Jones será ainda mais difícil.

A grande questão para os visitantes será a utilização de Marshawn Lynch. Como dito antes, o Green Bay Packers também sofreu para conter as corridas dos adversários ao longo da temporada. E o jogo terrestre é justamente uma das armas principais do playbook de Pete Carroll. Com Chris Carson em campo, a perspectiva seria muitíssimo diferente. Mas Lynch, apesar de uma atuação sólida contra o San Francisco 49ers na semana 17, quase não foi utilizado no duelo de Wild Card. O veterano terminou a partida com apenas sete jardas em seis tentativas, mas não deixou de anotar um touchdown ao melhor estilo Beast Mode.

Dizendo o óbvio, Lynch não é mais o running back que ajudou a conduzir os Seahawks à vitória no Super Bowl XLVIII. Resta saber se o veterano será capaz de aproveitar um matchup bastante favorável para produzir o suficiente e ajudar o time. Esse será um dos pontos centrais para Seattle caso a equipe tenha pretensões reais de vencer. O jogo terrestre efetivo ainda habilitaria o play-action, outro elemento crucial no plano de jogo dos Seahawks. Garantir mais opções para Russell Wilson será igualmente importante.

(Foto: Reprodução Site Oficial/Seattle Seahawks)

O JOGO

Como esperado, a promessa é de um jogo extremamente equilibrado. Apesar dos problemas citados, as duas equipes possuem talento de sobra para criar jogadas. O duelo de quarterbacks, evidentemente, será uma atração à parte. Rodgers ainda pode decidir ma partida em um único lance. Wilson atuou mais uma vez com nível de MVP na temporada regular, e inevitavelmente produzirá pontos em algum momento do jogo.

Os Seahawks precisarão garantir alguma proteção para o quarterback. A linha ofensiva foi um dos grandes problemas ao longo da temporada, cedendo 48 sacks e 58 hits. E pressionar quarterbacks é justamente um dos pontos fortes da defesa dos Packers, o que obrigará Wilson a recorrer às habituais escapadas “houdinianas”. Mais uma vez, encaixar o jogo terrestre e envolver Marshawn Lynch ou Travis Homer na partida será crucial.

Para os Packers, o segredo é manter-se fiel à fórmula de sucesso até aqui. O time precisará entregar a bola para Aaron Jones, até mesmo para garantir um controle maior do relógio. O ataque de Seattle certamente pontuará em mais de uma oportunidade, tornando a posse de bola um elemento ainda mais importante. Já Aaron Rodgers certamente agradecerá a eventuais participações de outros alvos. Jimmy Graham terá chances de fazer valer a implacável lei do ex, em especial contra uma defesa que sofreu para conter os tight ends adversários.

Por fim, como em todos os jogos disputados no Lambeau Field em janeiro, não podemos esquecer da provável influência do frio. A previsão indica que não haverá neve, o que é um ponto positivo.

QUEM PODE DECIDIR

Marshawn Lynch (Seahawks): A lógica é simples e foi explicada acima. Pete Carroll já indicou que pretende envolver o running back no plano de jogo. O próximo passo depende de Lynch. Caso Beast Mode consiga entrar bem na partida, os Seahawks poderão jogar da forma como estão acostumados. Seattle foi o terceiro time que mais correu com a bola durante a fase regular e quarto da NFL em jardas terrestres. Além disso, os Seahawks foram o sexto time com mais passes tentados no play-action, e sexto em jardas obtidas a partir  dessas chamadas. A importância do jogo terrestre no planejamento ofensivo é vital, o que torna Lynch um dos principais nomes para o duelo.

Bobby Wagner (Seahawks): A missão de conter Aaron Jones muito provavelmente caberá ao veterano, último remanescente da defesa campeã do Super Bowl LXVIII. Wagner foi o líder da NFL em tackles durante a temporada regular, com 159. Um dos melhores inside linebackers da liga, o defensor terá um matchup difícil pela frente, mas possui o talento para fazer a diferença e tentar parar as corridas de Jones antes de um estrago maior.

Aron Jones (Packers):

Za’Darius Smith (Packers): Principal contratação durante a offseason, Smith respondeu com a melhor temporada da carreira. Sexto colocado em número de sacks, com 13,5, o outside linebacker ainda liderou a NFL com 71 pressures em quarterbacks. Diante de uma linha ofensiva que sofreu para oferecer proteção, Smith precisará repetir esse mesmo desempenho. Entretanto, pressionar Russell Wilson nunca é das tarefas mais fáceis, já que o QB dos Seahawks é absolutamente letal lançando fora do pocket ou partindo para scrambles. Smith terá a árdua tarefa de tornar a vida mais difícil para Wilson, mas possui o que é necessário para cumprir a missão.

PALPITE: Green Bay Packers

A promessa é de um grande jogo, graças em grande parte à capacidade que os principais jogadores de cada time possuem para criar jogadas decisivas. Entretanto, os Packers levam uma grande vantagem com Aaron Jones, que pode desequilibrar o duelo a favor dos donos da casa. Com um jogo terrestre melhor estabelecido e que provavelmente será mais efetivo, Green Bay leva vantagem nesse quesito. Em um matchup no qual as duas defesas enfrentam problemas, essa diferença favorável aos Packers deve selar os rumos da partida.

SOBRE O JOGO

Dia: 12/01/2020
Horário: 20h40, horário de Brasília
Local: Lambeau Field em Green Bay, Wisconsin
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN