[PRÉVIA] Playoffs da NFL – AFC Wild Card – Buffalo Bills x Indianapolis Colts
Bills e Colts se enfrentam pela primeira vez na história dos playoffs, abrindo o Super Wild Card Weekend
Chegamos aos playoffs da temporada 2020 da NFL. Caberá a Buffalo Bills e Indianapolis Colts a responsabilidade de abrir o novo Super Wild Card Weekend. Com um formato expandido a partir desta temporada, a primeira rodada dos playoffs terá agenda cheia, com seis jogos no total.
Os Bills coroam o belíssimo rebuild conduzido pelo general manager Brandon Beane. Após encerrar uma seca em 2017 de 18 anos sem aparições nos playoffs, Buffalo alcança a pós-temporada pela terceira vez nas últimas quatro temporadas. Além disso, o time superou a marca das dez vitórias pelo segundo ano seguido – feito alcançado pela última vez nas temporadas de 1998 e 1999. Marcando o início de uma nova era na AFC East, os Bills encerraram a dominação do New England Patriots para conquistar o primeiro título da divisão desde um distante ano de 1995. As 13 vitórias conquistadas em 2020, aliás, igualam a melhor marca da história da franquia, alcançada antes em 1990 e também em 1991. Os anos citados, diga-se de passagem, iniciaram a histórica série de quatro insucessos seguidos no Super Bowl – marca que a franquia enfim espera deixar para trás.
Já os Colts retornam aos playoffs após um ano de ausência. Vindo de um 2019 decepcionante, prejudicado pela aposentadoria repentina de Andrew Luck, a franquia de Indianapolis investiu para construir um time vencedor. As adições feitas durante a offseason foram cruciais para elevar o nível do time, que viu a chance de conquistar o título da AFC South pela primeira vez desde 2014 escapar por pouco. Apesar das 11 vitórias e do vice-campeonato da divisão, a classificação foi conquistada apenas na semana 17 – ironicamente graças a uma “ajuda” do adversário, que venceu o Miami Dolphins. Outro elo entre as duas franquias é o head coach dos Colts e ex-quarterback de Buffalo, Frank Reich.
Surpreendentemente, este será o primeiro encontro das duas franquias em um jogo de pós-temporada. Na fase regular, o histórico é favorável para os Bills: são 37 vitórias em 70 jogos, com 32 vitórias dos Colts e um empate. Buffalo também leva vantagem no retrospecto recente, com três vitórias nos últimos cinco encontros. A partida mais recente, disputada na semana 7 da temporada de 2018, terminou com vitória de Indianapolis.
(Foto: Reprodução site oficial/Buffalo Bills)
BUFFALO BILLS
Quando falamos em rebuilds de sucesso, o Buffalo Bills certamente merece estar no topo da lista. Mesmo após alcançar os playoffs na primeira temporada de Beane, os Bills decidiram iniciar o rebuild já no ano seguinte. E a peça central foi o polarizador Josh Allen. Um dos prospects mais controversos dos últimos anos, o quarterback era considerado um diamante bruto que exigiria um longo e árduo processo de lapidação – o que foi prontamente evidenciado por uma desastrosa temporada de estreia. Mas a franquia demonstrou paciência, e acabou recompensada já em 2019.
Um ano depois da primeira aparição nos playoffs, que terminou com um colapso diante do Houston Texans, Allen retorna amadurecido. O quarterback é, inegavelmente, o rosto da franquia. Um dos playmakers mais eletrizantes de toda a NFL, o signal-caller dos Bills segue crescendo a cada partida. As decisões equivocadas ainda aparecem aqui e ali, mas o jogador de 2020 é incomparavelmente superior ao de apenas um ano antes.
Já convencidos que Allen era de fato o futuro da franquia, Buffalo resolveu fortalecer o arsenal de opções para o jovem QB. Após trazer os veteranos John Brown e Cole Beasley em 2019, o time puxou o gatilho para realizar uma das melhores movimentações da offseason: a troca por Stefon Diggs. O recebedor imediatamente estabeleceu uma das melhores conexões da NFL, se tornando o primeiro jogador da história da franquia a liderar a liga em recepções e jardas. O explosivo ataque ainda é completado pelo novato Gabriel Davis e pelo “coringa” Isaiah McKenzie. Embora o jogo terrestre tenha apresentado uma queda de produção, Zack Moss e Devin Singletary formam uma dupla perigosa e versátil, também capaz de receber passes ocasionalmente.
O trabalho é facilitado por uma sólida linha ofensiva. Ainda que não esteja entre as melhores da liga, a OL dos Bills é extremamente competente: Allen foi pressionado em apenas 20% dos dropbacks, com 26 sacks sofridos. Os números podem não figurar no top 10, mas são mais do que suficientes para ganhar espaço e permitir que o quarterback estenda jogadas – justamente um dos pontos fortes do astro dos Bills.
E enquanto o ataque atrai a maior parte das atenções, a defesa dos Bills também merece elogios. A unidade, uma das mais subestimadas da NFL, teve um início de temporada relativamente ruim. Isso explica os números apenas medianos (14ª em jardas cedidas, 13ª contra o jogo aéreo e 17ª contra o jogo terrestre). No entanto, o lado defensivo voltou a produzir dentro do esperado durante a reta final da temporada regular. E se o trabalho de rebuild foi muito bem executado no ataque, esse também é o caso da defesa. Tre’Davious White, Tremaine Edmunds (2017) e Ed Oliver (2019) são todos frutos de escolhas de primeira rodada. Matt Milano (5ª rodada de 2017) também foi outra escolha excepcional. Com força total e sem lesões, a unidade defensiva é mais um destaque do time.
(Foto: Reprodução site oficial/Buffalo Bills)
INDIANAPOLIS COLTS
Um ano após a repentina aposentadoria de Andrew Luck, os Colts precisaram voltar ao mercado de quarterbacks. A solução encontrada foi Philip Rivers. Sem renovar com o Los Angeles Chargers, o veterano encontrou um encaixe perfeito em Indianapolis: o head coach Frank Reich e o coordenador ofensivo Nick Sirianni eram velhos conhecidos dos tempos de Chargers. Além do futuro Hall of Famer, a offseason rendeu outros três reforços importantes: o defensive tackle DeForest Buckner, o running back Jonathan Taylor e o free safety Julian Blackmon.
O ataque dos Colts é conduzido pelo jogo terrestre. Taylor teve um início lento enquanto se adaptava ao estilo de jogo da NFL. Após retornar da lista de COVID-19, o novato atingiu as altas expectativas e tomou conta do backfield. Nas seis partidas disputadas desde então, o novato possui a segunda melhor média de jardas, atrás apenas de um certo Derrick Henry. Rivers também teve um início lento, mas terminou a temporada jogando em um bom nível. O veterano claramente não é mais o gunslinger que foi durante a carreira, mas segue extremamente eficiente operando a unidade ofensiva.
O grupo de recebedores é liderado mais uma vez por T.Y. Hilton. No entanto, apesar do bom depth, esse é certamente um dos pontos fracos do ataque. Enquanto Hilton começa a apresentar um declínio na produção, o time não possui um substituto ou sequer um número 2 definido.
É claro, não poderíamos falar deixar de citar a linha ofensiva. Possivelmente a melhor da NFL, o grupo não poderá contar com o veterano Anthony Castonzo. Jogador mais experiente da unidade, o left tackle sofreu com lesões ao longo de toda a temporada e desfalcará o time nos playoffs. Com a lesão do reserva Le’Raven Clark, a opção foi contratar o recém-aposentado Jared Veldheer. Ainda assim, o grupo segue com os quatro titulares restantes – Quenton Nelson, Ryan Kelly, Mark Glowinski e Braden Smith.
A defesa foi reestruturada para 2020. Adquirido junto ao San Francisco 49ers em uma troca pela escolha de primeira rodada do time, DeForest Buckner chegou para liderar a unidade com uma lucrativa extensão contratual. E o defensive tackle correspondeu à altura, liderando o time em QB pressures e sacks. O front four conta ainda com o experiente Denico Autry e Justin Houston, que segue produzindo no altíssimo nível habitual mesmo aos 31 anos. O grupo de linebackers é liderado por Darius Leonard, cada vez mais estabelecido entre os melhores da liga. O “Maniac” conta ainda com a companhia do segundanista Bobby Okereke e de Anthony Walker.
O problema fica por conta da secundária: os Colts ocupam a 19ª posição contra o jogo aéreo. A dupla de safeties composta por Julian Blackmon e Khari Willis é promissora, mas inexperiente. Já Kenny Moore, Rock Ya-Sin e o veterano Xavier Rhodes estão longe de ser o melhor grupo de cornerbacks da liga. O matchup é pouquíssimo favorável contra um adversário que não perde a oportunidade de testar a secundária adversária.
(Foto: Reprodução Twitter/Indianapolis Colts)
O JOGO
O favoritismo dos Bills é indiscutível. Possivelmente o único time da AFC capaz de bater de frente com o Kansas City Chiefs, Buffalo terá o fator psicológico como principal desafio. Na última pós-temporada, o time sofreu um apagão completo no segundo tempo contra o Houston Texans. A segunda aparição seguida certamente acalmará os nervos.
Para vencer, o caminho para o time de Buffalo é simples: manter o desempenho apresentado durante a fase regular. O matchup contra a secundária dos Colts é extremamente favorável para os Bills – um prato cheio para um quarterback que adora esticar o campo e jogar de forma agressiva. Enquanto o ataque do time bombardeia o adversário, a defesa de Buffalo terá como tarefa principal conter o jogo terrestre e pressionar Philip Rivers nas jogadas de passe.
A tarefa, obviamente, é muito mais difícil para os Colts. Defender contra o jogo terrestre é um dos poucos pontos frágeis dos Bills, o que é favorável para o gameplan de Indianapolis. No entanto, de nada adiantará correr com a bola caso Allen continue empilhando pontos atrás de pontos. Para isso, a defesa precisará forçar decisões erradas do quarterback – o que acontece com frequência cada vez menor conforme Allen evolui. Entrando como lado mais fraco, o time jogará no fio da navalha o tempo inteiro, e precisará aproveitar todas as oportunidades que aparecerem. E aproveitar as chances tem sido um problema recorrente nas últimas partidas.
Viajar para Buffalo em janeiro é um dos piores pesadelos para os times. Os Bills sabem disso, e certamente farão bom uso do fator home field advantage. A cidade não recebia um jogo do time na pós-temporada desde 1996.
QUEM PODE DECIDIR
Josh Allen (Bills): O sucesso dos Bills passa obrigatoriamente pelo quarterback. Allen ainda oscila em alguns momentos, mas é outro jogador comparado a 2019. Visivelmente assustado e com olhos arregalados na estreia contra os Texans, o quarterback chega em 2020 como um jogador muito mais maduro. Enfrentando uma secundária frágil e que certamente terá dificuldades em eventuais matchups individuais, Allen terá oportunidades de sobra para soltar o braço e esticar o campo. Uma grande atuação consagrará o QB definitivamente como uma das jovens estrelas da NFL.
(Foto: Reprodução site oficial/NFL)
Tremaine Edmunds (Bills): Enfrentando um time que tem o jogo terrestre como principal arma, Edmunds terá um trabalho ainda mais importante. O inside linebacker será um dos principais responsáveis por impedir que Jonathan Taylor ganhe espaço para correr. Edmunds foi o segundo jogador do time em tackles totais (119) e solo tackles (77) durante a temporada regular.
Jonathan Taylor (Colts): Não há muitos segredos – o running back é a arma principal do ataque. Taylor assumiu a posição em definitivo nos últimos seis jogos e se firmou entre os melhores RBs da liga durante essa sequência. Na semana 17, o novato superou a marca de 200 jardas pela primeira vez e chega embalado para a estreia nos playoffs. Taylor será responsável não só pela produção em números, mas também por controlar o relógio e criar espaço para Philip Rivers lançar a bola quando necessário.
DeForest Buckner (Colts): Enquanto Taylor move o ataque, Buckner move a defesa. O DT força double teams com frequência, criando espaço para que outros pass rushers cheguem no quarterback adversário. Josh Allen foi extremamente eficiente contra a blitz durante a temporada, o que essencialmente elimina a opção e obriga o pass rush dos Colts a ser ainda mais efetivo pressionando com poucos jogadores. Buckner terá que causar problemas para o forte interior da linha ofensiva dos Bills e criar incômodos para Allen sempre que possível. Quando a pressão de fato alcança o QB dos Bills, Allen ainda apresenta alguns lapsos na tomada de decisões.
(Foto: Reprodução Twitter/Indianapolis Colts)
PALPITE: Buffalo Bills
Não há como ser diferente. Os Bills são o time número 2 da AFC não apenas na classificação, mas também em campo. Josh Allen e o grupo de recebedores constituem um dos melhores grupos de playmakers da NFL. O matchup será um pesadelo para a defesa coordenada por Matt Eberflus, que precisará ser extremamente criativo para confundir o quarterback, forçar decisões erradas e principalmente limitar ao máximo as chances de atacar em profundidade. Como dito antes, o matchup é extremamente favorável para o time de Buffalo, e Allen certamente testará a fraca secundária dos Colts sempre que a oportunidade surgir. No geral, a partida promete ser relativamente tranquila para o time favorito.
SOBRE O JOGO:
Dia: 09/01/2021
Horário: 15h05, horário de Brasília
Local: New Era Field em Buffalo, New York
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN