Peyton Manning parou. E criou seu próprio legado para uma geração de jogadores e fãs
Como o filho de Archie Manning redefiniu a posição de quarterback e deixou marcas por onde jogou futebol americano
Recordista de jardas na NFL (71.790), de touchdowns (539), dois Super Bowls. Só por estes números, Peyton Manning poderia ser considerado um dos maiores (se não o maior) jogadores da história do futebol americano. Mas seu legado para o esporte vai muito além dos números e da principal liga de futebol americano do Mundo.
Filho do meio de Archie Manning, lendário quarterback da Universidade do Mississippi e do New Orleans Saints, Peyton não se limitou a ser apenas um seguidor do legado de sua família: ele criou seu próprio legado, ainda mais forte e mais duradouro.
Começando pel0 high school. A Isidore Newman School, em New Orleans, não era uma escola reconhecida pelo mérito esportivo, mas sim, acadêmico. Era, e ainda é a que oferece o melhor ensino em todo estado da Lousiana e Archie pensava principalmente nisso para seus filhos. Mas, juntamente com o irmão mais velho, Cooper, que era wide receiver, mudou essa história.
Peyton foi campeão estadual, nomeado melhor jogador de high school do país e se tornou uma lenda em sua escola. Em seu último ano, passou a usar a número 18, que seu pai e seu irmão, que foi obrigado a encerrar a carreira por uma lesão na medula, usaram. Número que depois seria usado pelo caçula da família, Eli. E por mais ninguém, pois seria aposentado ao fim da carreira secundarista do mais novo dos Manning, em 1998.
A Isidore Newman continuou e aumentou seu programa de futebol americano. A história, rendeu frutos, sendo o mais recente, Odell Beckham Jr., o super wide receiver que hoje recebe bolas de Eli Manning no New York Giants.
Surpreendente
Peyton também criou seu próprio legado na Universidade. Antes dele, era quase um sacrilégio o filho de um All-American da NCAA não cursar a mesma faculdade que o pai. E ele assombrou os EUA ao não escolher Ole Miss, onde Archie era uma lenda, mas sim, a Universidade do Tennessee. E obviamente, tanto ele quanto seu pai foram alvos de muito protesto no Mississippi.
Em Knoxville, Manning seria supostamente reserva de dois quarterbacks de pouco brilho: Jerry Colquitt (com carreira curtíssima e irrelevante na NFL) e Todd Helton (que se tornaria uma estrela na MLB, jogando pelo Colorado Rockies). Mas uma lesão dos quarterbacks mudou o cenário já em 1995. Manning virou titular já no início da temporada da SEC e daí, não pararia mais.
Em 1997, seu último ano no College, Manning tinha um diploma em artes, a nomeação de All-American e todos os recordes gerais dos Volunteers, com vitórias inesquecíveis contra todos os rivais da conferência (como Ole Miss, LSU, Auburn e Alabama). O título da SEC veio naquela temporada, com vitória sobre Auburn, mas o título nacional foi perdido após derrota acachapante para Nebraska. O Heisman Trophy daquele ano também não parou nas mãos de Manning: Charles Woodson, outro que viria a ser uma lenda da NFL (e outro que se aposentou ao fim desta temporada) levou a melhor.
Codinome quarterback
Ao ser escolhido pelo Indianapolis Colts na primeira escolha geral do Draft de 1998, Manning não imaginava os feitos que realizaria para a liga e para sua posição. Sua primeira escolha para o Pro Bowl viria em 1999 e dela, se seguiriam mais treze. Com Manning, o quarterback deixou de ser apenas o passador de bolas, mas também, a peça mais importante para a formação do ataque. Seus audibles (OMAHA!, lembra-se?) se tornaram uma marca, copiada por outros grandes da posição, como Aaron Rodgers e Tom Brady.
Em Indiana, Peyton foi muito feliz. Mas a falta de organização da franquia o impediu de conquistar mais. Mesmo assim, todos os recordes que ele detém na NFL são fruto do trabalho dele no Lucas Oil. Mais jardas de passe, mais touchdowns, mais seleções para MVP, mais escolhas para Pro Bowl, mais jogos com 3 touchdowns ou mais, mais temporadas com mais de 4.000 jardas, mais jogadas decisivas nos fins das partidas, mais aparições em playoffs e mais vitórias. Algo que vai demorar muito para ser superado.
No Denver Broncos, Peyton chegou debaixo de dúvidas e com o Super Bowl conquistado em 2006, com os Colts. Foi menos brilhante? Talvez. Mas como dispensar a campanha de 2013, onde foi MVP aos 37 anos? Todas as aparições em playoffs? Os recordes consolidados? Não tem como.
Seu último ato foi a conquista do Super Bowl em seu pior ano jogando futebol americano. Talvez uma retribuição do futebol americano ao nome que colocou o esporte em outro patamar. E que agora, entra para a história.
FOTOS: (Facebook NFL, Facebook Tennessee Volunteers, reprodução ESPN, Facebook Indianapolis Colts)