Opinião: Todd Gurley merece ser o MVP da temporada
Na coluna desta semana, Raphael Fraga analisa a temporada dos candidatos ao prêmio e defende Gurley como favorito
A temporada 2017 da NFL talvez ficará marcada na historia pelas contusões de candidatos ao prêmio de MVP. Logo no início do ano perdemos grandes astros como David Johnson, Odell Beckham Jr. e Aaron Rodgers, levantando dúvidas se a NFL conseguiria terminar o ano com um grande produto em campo com seus jogadores desabando a cada semana.
Mas o que tivemos em campo foi um ano cheio de jogos emocionantes, em grande maioria fora do primetime (Sunday Night e Monday Night); além do surgimento de novos astros, jovens e empolgantes, que podem sinalizar uma nova era no futebol americano.
Esse duelo de Old School contra New Blood marcou o cenário da disputa para o MVP. Quem merece mais esse prêmio? Na minha opinião, Todd Gurley, running back do Los Angeles Rams. Vamos à análise de cada candidato.
Tom Brady
Tom Brady. Aos 40 anos o QB de New England botou o atual campeão da liga debaixo do braço e carregou o time durante o ano. Com uma defesa longe de ser dominante e um ataque que sofreu com contusões e limitações técnicas nas trincheiras.
Brady demonstrou todo seu talento e frieza durante a temporada levando os Patriots para mais um título de divisão e provavelmente a vantagem de jogar em casa até o Super Bowl. Diferente dos últimos anos, ele teve que se reinventar um pouco para aproveitar dos talentos de seus recebedores. Fugindo um pouco dos passes em diagonais e rápidos, ele utilizou mais os passes longos e abertos, mas não perdeu a precisão de um sniper que o elevou a nível de lenda eterna do esporte.
Em comparação ao ano passado, Brady arremessava a bola uma media de 8,6 jardas por passe. Neste ano o veterano chegou a ter uma media de 12,8 jardas por passe durante o seu auge na temporada. A forma em que ele se reinventou, superou as deficiências do seu ataque, e manteve o ritmo vitorioso dos últimos anos de New England, o deixam como forte favorito para ser o MVP pela terceira vez em sua brilhante carreira.
Apesar de tudo, mais abaixo vocês entenderão por que meu voto seria outro.
(Foto: reprodução Twitter/New England Patriots)
Carson Wentz
Carson Wentz indiscutivelmente seria o MVP do ano se não tivesse se machucado contra os Rams em Los Angeles. O QB de segundo ano evoluiu imensamente em relação a sua temporada de calouro. Agora com mais armas, Wentz liderava os Eagles, considerado por muitos como o melhor time do ano, com a liderança de um veterano de dez anos de combate.
Preciso, fisicamente impressionante para a posição e com capacidade de big plays que provou por que ele entrou na liga gerando comparações a Brett Favre, Wentz vinha tendo o melhor ano de um QB na historia dos Eagles. Ele quebrou o recorde de TDs em um ano da franquia com 33; lidera a estatística na liga até hoje, comparado com os 30 TDs de Brady, que jogou dois jogos a mais que o QB de Philladelphia.
Para uma franquia que jamais conquistou o titulo supremo do esporte, Wentz representou a esperança de um final feliz. Me lembro do jogo contra os Bears, em que a linha ofensiva falhou, ele olhando para sua direita não achou opção de passe, enquanto uma onda de três jogadores defensivos se aproximavam pela esquerda dele. Como se tivesse olhos atrás do capacete, Wentz gira e desvia dos adversário, que perdem o equilíbrio e só podem acompanhar enquanto o jovem QB corre para um first down do lado oposto.
Porém, a lesão que teve certamente o deixa bem distante da disputa.
(Foto: Reprodução Facebook/Philadelphia Eagles)
Antonio Brown
Se tem uma coisa que me irrita na liga é o favorecimento nesses prêmios para o quarterback. Eu entendo que é a posição de glamour, que é o líder do time, o mais bem pago, o mocinho nos filmes. Mas o QB não é sempre o melhor jogador em campo e as vezes os outros guerreiros que são fundamentais para o sucesso do time acabam esquecidos e deixados de lado pelos especialistas que votam para o MVP.
A posição de wide receiver tem mudado muito nos últimos anos. Assistindo à apresentação de Hall da Fama de Lynn Swann, lendário recebedor dos Steelers na década de 70, ele ria com seus ex-companheiros nos bastidores de um jogo falando: “O Brown recebeu oito targets no primeiro tempo do jogo, na nossa época eu recebia oito targets em três jogos?”. Essa NFL das bolas longas não existe há muito tempo e talvez por isso um WR nunca recebeu o premio de MVP.
Claro que é muito difícil um recebedor postar números semelhantes aos de um QB, que encosta na bola em todas as jogadas. O WR raramente vê a bola, ao menos que o seu nome seja Antonio Brown.
Este ano AB teve cinco jogos com 150+ jardas, chegou em sua oitava temporada com 1.500+ jardas, e quebrou o recorde da NFL com sua quinto ano consecutivo com mais de 100 recepções, isso tudo em 14 jogos.
Mais uma vez tirando os números da conversa, somente vendo para acreditar em algumas recepções que esse monstro fez em 2017. Basta buscar o jogo contra os Titans e aquele TD em que ele recebe a bola no capacete no estilo David Tyree, que dá pra entender por que Brown é o melhor wide receiver no jogo hoje. Mas também teve a linda rota e recepção contra os Packers com 17 segundos faltando no relógio para deixar o time em condições de vencer a partida em um FG.
Simplesmente, Antonio Brown é um monstro! Mas é difícil imaginar que um wide receiver finalmente vença o prêmio, ainda mais com a concorrência deste ano.
(Foto: Divulgação NFL)
Todd Gurley
Nessa emocionante reta final na disputa pelo MVP, mais um candidato apareceu para tirar o sono de “Tom Terrific”, trata-se do comeback player of the year, Todd Gurley.
O running back dos Rams lidera a liga em jardas terrestres com 1.305, 13 TDs pelo chão e 19 TDs em geral. Todd contabiliza 38% das jardas de um dos melhores ataques da liga e 43% dos TDs da equipe, maiores números da liga em 2017.
O Pro Football Focus tem Gurley com o RB#1 do ano. Brady, principal adversário na briga, esta como o QB#1, porém entre os quarterbacks ele esta em 17º em TDs em que ele foi responsável, com 67%, mal chegando no meio da tabela, sendo que a média da liga é de 64% para QBs.
Somente em três jogos nesta temporada, Gurley não ultrapassou a marca das 100 jardas gerais, sendo que ele teve 96 contra os Colts e não participou muito do primeiro confronto contra os Seahawks graças a uma contusão.
Estamos falando indiscutivelmente do jogador que mais melhorou de um ano para o outro, um dos pilares de um time que foi de 4-12 para campeão da sua divisão e um dos favoritos para chegar ao Super Bowl.
Com brilhantes lances em que ele demonstra força para evitar tackles, velocidade para encontrar espaços e uma agilidade para pular por cima de jogadores (por sinal deve ter quebrado algum recorde da liga em pulos por cima de jogadores em um ano). Em puro talento, Gurley enfrenta qualquer jogador da liga.
O rótulo de MVP é dado para o jogador considerado mais importante da liga em seu respectivo time. Gurley tem sete TDs a mais do que o segundo colocado na estatística geral. Desde 1970 somente cinco RBs conseguiram terminar o ano com essa vantagem (Faulk, Tomlinson e Alexander terminaram o ano como MVP).
Enquanto Brady lidera em jardas aéreas, porém segue atrás de Wentz (com dois jogos a mais) na categoria TDs e é o terceiro em porcentagem de passes completos, além de ser o segundo no passer rating, atrás de Alex Smith.
Para fechar o argumento, nesta reta decisiva do ano, Gurley anotou cinco TDs pelo chão com 440 jardas terrestres e três TDs pelo ar com 309 jardas aéreas nas últimas quatro partidas, se destacando no maior jogo dos Rams na temporada, quando fez a temida defesa dos Seahawks parecer colegial.
Durante esse mesmo período, Tom Brady lançou quatro touchdowns e cinco interceptações, só passando da marca 100 de rating uma única vez, isso graças a grandes jogadas de Rob Gronkowski. A verdade é que Brady não termina o ano em seu melhor momento enquanto Gurley vai voando para os playoffs.
O meu voto para MVP fica com o jogador mais valioso de um ataque que encantou NFL depois de tantos anos pífios. O meu voto vai para Todd Gurley.
(Foto: Reprodução Twitter/Los Angeles Rams)
Por Raphael Fraga
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor, não refletindo necessariamente a opinião do portal The Playoffs.
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