O céu da NFL será menos estrelado
Diversos gênios do esporte anunciaram aposentadoria nesta temporada e deixarão a NFL mais pobre
Sempre é triste ver gênios de qualquer esporte se aposentando, mas com as merecidas homenagens e as recordações do que foi feito em suas respectivas carreiras (além do paralelo com o declínio do atleta), esse sentimento é um pouco aliviado – mas precisavam ser tantos de uma vez? A constelação que preenchia a NFL sofreu duros golpes na última temporada – e o céu da liga se mostrará muito mais esburacado no próximo ano. Uma lenda do futebol americano anunciou a aposentadoria atrás da outra, um baque extremamente pesado para os apaixonados pelo esporte.
Charles Woodson, Marshawn Lynch, Heath Miller, Jared Allen, Calvin ‘Megatron’ Johnson e, mais recentemente, Peyton Manning. Consegue imaginar uma temporada da NFL sem esses caras? Bom, a minha ficha ainda não caiu. A única coisa que vem à minha mente é um grande longa metragem, recheado de lances antológicos protagonizados por esses homens.
Ou você acredita que os ataques não terão uma clara vantagem agora que Woodson e Allen estarão nos sofás de suas casas assistindo os jogos? – Revise isso NFL! Mude as regras! Não pode dar mole para esses caras, vantagem tão grande é desleal.
E quando será que teremos terremotos abalando os arredores de Seattle? Acredito eu que os defensores mais apaixonados pelo esporte sentirão falta de serem derrubados, amassados, atropelados, devastados por Lynch. O grito delirante de “A BESTAAAA” ficará preso na garganta ao recordarmos de seus abalos sísmicos em forma de corrida através de simples vídeos no YouTube.
E meu coração dói só de pensar como estará a cabeça de Matthew Stafford, quarterback do Detroit Lions. Reconheço a enorme qualidade do jogador, mas, ali, no meio de toda a pressão da linha defensiva, ele não poderá mais fechar o olho, jogar a bola pra cima e esperar um milagre – “recurso” que deu certo milhares de vezes. Simplesmente não haverá mais ali um Megatron que subirá à altura das nuvens para agarrar um lançamento impossível, destroçando as secundárias alheias.
E talvez a pior parte venha por último. Poucas vezes presenciei em minha vida a aposentadoria de um dos melhores atletas da história de determinado esporte – talvez eu sinta isso de novo com a aposentadoria de Kobe Bryant no final da temporada da NBA, e tenha sentido isso com Zidane, Ronaldo e outros no futebol. E vai ser duríssimo acompanhar uma temporada da NFL sem Peyton Manning gritando “O-MA-HA” para sua linha ofensiva e efetuando um lançamento magistral para algum wide receiver. Ele só pode ser o maior quarterback de todos os tempos. SÓ. O jogador que lançou para mais jardas e mais touchdowns. Como lidar? Como repor?
Não é possível! Teremos de aprender a conviver com isso, porque é disso que o esporte é feito. Um dia Joe Montana teve de se aposentar. Dan Marino também, assim como Jerry Rice. O que nos resta é observar com carinho Marcus Mariota, Derek Carr, Odell Bekcham Jr., Thomas Rawls e Malcolm Butler. E quem sabe, poderemos observar uma próxima geração (talvez até mais envolvida com futebol americano do que nós) publicando textos de lamentação como esse que escrevo. E, assim, renovando o ciclo de genialidade que existe em todo esporte, imune a todo tipo de carência e nostalgia.
Crédito das Fotos: Divulgação/Facebook/Denver Broncos e Detroit Lions.