O arrasador início de temporada do Philadelphia Eagles: até onde esse time pode chegar?
Com um inspiradíssimo Carson Wentz, time da Philadelphia aparece como favorito após a primeira metade da temporada
Após nove semanas, superamos a primeira metade da temporada 2017 da NFL. O ano teve sua dose de imprevistos até aqui: na NFC West, o Los Angeles Rams lidera com um jogo de vantagem sobre o Seattle Seahawks; sem Aaron Rodgers, o Green Bay Packers vê a NFC North cada vez mais longe, com o Minnesota Vikings disparando na liderança; nem Atlanta Falcons, nem Carolina Panthers, nem Tampa Bay Buccanneers: o New Orleans Saints faz um começo de temporada espetacular até aqui e lidera a NFC South.
Na AFC South, a briga é entre Tennessee Titans e Jacksonville Jaguars, e o Buffallo Bills segue parelho com o New England Patriots na disputa da AFC East. Um time de New York faz uma temporada sofrível – mas não são os Jets, que já têm quatro vitórias. Os Giants contam com um único triunfo até aqui, e já perderam Odell Beckham Jr. e Brandon Marshall em virtude de lesões. Mesmo em meio a todos esses acontecimentos, não há dúvidas quanto ao principal destaque da temporada. Sim, falaremos sobre o início arrasador do Philadelphia Eagles.
Com oito vitórias em nove partidas, a franquia da Pensilvânia lidera a NFC East com vantagem de três jogos sobre o Dallas Cowboys, e também tem a melhor campanha da NFL. Mas não são apenas os números que chamam a atenção: os Eagles parecem imbatíveis. O único revés veio logo na semana 2, contra um Kansas City Chiefs que venceu as cinco primeiras partidas da temporada. De lá para cá foram sete triunfos consecutivos, marcando pelo menos 26 pontos em todos.
O time parece melhorar a cada semana, e a vitória sobre o Denver Broncos neste domingo (6) pode ser considerada a melhor de Philadelphia até aqui. Os Eagles desmantelaram uma das melhores defesas da Liga, anotando incríveis 51 pontos e correndo para 197 jardas – os Broncos cedem, em média, apenas 77 nesta estatística. O domínio foi tamanho a ponto de o time de Philadelphia substituir Carson Wentz pelo backup Nick Foles por boa parte do último quarto e a rede CBS, que transmitia a partida para o território nacional, passar a exibir o duelo entre Baltimore Ravens e Tennessee Titans.
Mas, afinal, os Eagles realmente merecem toda a atenção que vêm recebendo? A resposta é sim.
(Foto: Divulgação Twitter/ Philadelphia Eagles)
Carson Wentz
O grande nome da campanha do Philadelphia Eagles é Carson Wentz. Em seu segundo ano na NFL, o quarterback vem demonstrando porque foi selecionado com o segundo pick geral do draft de 2016.
Wentz teve um ano de estreia decente. Vindo de North Dakota State, da Divisão FCS da NCAA, o jogador chegou aos Eagles como uma incógnita. Era uma aposta de alto risco por parte do front office, que enxergava nele o futuro franchise quarterback e até subiu no draft para garantir a escolha. Apresentou alguns flashes de brilhantismo, mas ficou devendo – e muito – no quesito consistência. Terminou o ano completando 62,4% dos passes, lançando para 3.782 jardas, 16 touchdowns e 14 interceptações, com rating de 79,3.
Nesta segunda temporada, o quarterback supera com folga todas as expectativas iniciais. O signal caller não apenas evitou a temida sophomore slump como assumiu o papel de astro da equipe. Os números impressionam: 60,2% dos passes completos, 2.262 jardas, 23 touchdowns e apenas quatro interceptações, além de 211 jardas terrestres. Wentz tem atuação digna de MVP e, liderando o melhor ataque da NFL (média de 31,4 pontos marcados por partida), aparece como um dos favoritos ao prêmio. Comparado ao ano de estreia, o jogador demonstra mais confiança e passa maior segurança, arriscando lançamentos mais longos e jogadas mais agressivas. Os 23 passes para touchdown lideram a NFL, sendo muito bem distribuídos entre um grupo respeitável (embora não espetacular) de recebedores.
Wentz também tem recebido elogios pela postura e liderança. O terceiro quarterback do time, Nate Sudfeld, conta que o companheiro de equipe é um dos primeiros a chegar para os treinos, e sempre serve como exemplo para os demais jogadores.
“Ele faz de tudo, lidera os jogadores e diz as palavras certas. É uma aberração, extremamente atlético e forte para alguém desse tamanho, com um braço muito forte e rápido. A preparação dele é melhor do que a de muitos, e os técnicos dão um voto de confiança. Ele tem liberdade para fazer o que achar melhor. A química com o head coach (Doug Pederson) é muito boa”.
(Foto: Reprodução Twitter/Philadelphia Eagles)
Força do coletivo
Uma das estatísticas que mais chama a atenção é a distribuição de passes entre os recebedores do time. O tight end Zach Ertz é o principal alvo, tendo completado 43 recepções em 64 lançamentos, conquistando 528 jardas e anotando seis touchdowns. Entre os wide receivers, Alshon Jeffery, uma das grandes contratações durante a offseason, tem 34 recepções nas 73 vezes em que foi acionado, com 500 jardas e cinco touchdowns. Números distantes do que se esperava, mas que demonstram a grande capacidade que Wentz tem em diversificar seus alvos. O time teve a melhor pontuação do ano contra os Broncos mesmo sem ter contado com Ertz, poupado em virtude de uma lesão na coxa.
Diante das chances reais de chegar ao Super Bowl, Philadelphia buscou deixar o elenco ainda mais forte durante a trade deadline – e conseguiu uma ótima aquisição: Jay Ajayi, que vinha em temporada abaixo da média pelo Miami Dolphins, chegou para reforçar o segundo melhor ataque terrestre da NFL. O running back não decepcionou na estreia, correu para 77 jardas e anotou seu primeiro touchdown no ano. Contando também com LeGarrette Blount no elenco, os Eagles apresentam duas ótimas opções para variar as jogadas. O veterano tem 109 carregadas, 504 jardas e dois touchdowns.
A defesa também merece destaque, em especial contra o jogo terrestre. Cedendo apenas 66,4 jardas por partida, os Eagles lideram a estatística com folga. Os Panthers, segunda melhor defesa contra corridas, cedem 78,4 jardas. Com 25 sacks, Philadelphia é a sexta melhor equipe da NFL no quesito, constantemente aplicando pressão sobre os quarterbacks adversários. Outra marca que chama a atenção é o número de interceptações: 11, segunda melhor marca da Liga. Apesar disso, apenas o cornerback Patrick Robinson figura no top 5 de alguma das estatísticas defensivas, com três passes interceptados. Assim como no ataque, o segredo para o desempenho está na ótima distribuição da produtividade.
(Foto: Reprodução Twitter/ Philadelphia Eagles)
O que pode frear o Philadelphia Eagles?
Não há dúvidas quanto às chances de Philadelphia representar a NFC em Minnesota. Mas, é preciso ressaltar, ainda há obstáculos que podem barrar a equipe até lá.
Embora tenha a melhor defesa contra o jogo terrestre da NFL e um alto número de sacks, a equipe tem a quarta pior marca contra o jogo aéreo em jardas totais e oitava pior em jardas cedidas por jogo. Os turnovers forçados têm ajudado a compensar essa deficiência, mas é inegável que o time precisa melhorar nesse aspecto.
O número de sacks cedidos também é motivo de alerta. Com Wentz indo ao chão 24 vezes, os Eagles são a nona pior equipe da NFL na estatística.
Assim como acontece com as outras 31 equipes, as lesões são outra grande preocupação para a equipe da Pensilvânia. O linebacker Jordan Hicks e o left tackle Jason Peters serão desfalques até o fim da temporada. O running back Darren Sproles também não atuará mais no ano, mas teve a ausência suprida com a adição de Jay Ajayi. O time ainda não deu sinais de ter sentido as ausências, e também não teve maiores problemas em poupar Zach Ertz contra os Broncos. Ainda assim, sabemos que as questões relativas ao departamento médico podem aparecer a qualquer momento.
Por fim, a pouca experiência dos jogadores na pós-temporada também pode pesar. O time conta com vencedores de Super Bowl, mas a maior parte do elenco tem poucas ou simplesmente nenhuma participação nos playoffs. Vale lembrar que a equipe não avança à pós-temporada desde 2013, quando foi eliminada pelo New Orleans Saints no wild card.
Embora seja cedo para apontar um favorito isolado, o Philadelphia Eagles merece ocupar o posto de melhor time da NFL após a primeira metade da temporada 2017. Se veremos ou não o time no U.S. Bank Stadium em 4 de fevereiro de 2018, somente as próximas semanas de temporada regular e de pós-temporada trarão a resposta. Mas não há como negar que os Eagles são o time do momento. Para os mais supersticiosos, uma curiosidade: esta é a quinta vez em que o time começa uma temporada com oito vitórias nos primeiros nove jogos. Nas quatro anteriores, foram dois títulos (1949 e 1960) e duas idas ao Super Bowl (1980 e 2004).
“You’ve started something special.”#FlyEaglesFly pic.twitter.com/yptE2tny89
— Philadelphia Eagles (@Eagles) 6 de novembro de 2017