New York Giants, a kriptonita dos Patriots
Franquia de NY, comandada por Eli Manning, bateu Tom Brady e companhia em suas últimas aparições no Super Bowl
Yankees x Red Sox, Knicks x Celtics, Bruins x Rangers…Nova Iorque e Boston formam, em todos as grandes ligas, as maiores rivalidades dos esportes americanos e na NFL não é diferente, pois o maior rival do New England Patriots também é da Big Apple. Os Jets são os maiores adversários dos Pats desde a antiga AFL e até os dias de hoje, duelam na mesma divisão da liga. Mas, se tratando de Super Bowl, é o outro time de NY que causa calafrios aos torcedores de Foxboro.
Tom Brady e companhia chegaram ao Super Bowl mais duas vezes, após os três títulos no início da década de 2000, nas temporadas de 2007 e 2011, e em ambos os anos, saiu derrotado pelo New York Giants, de Eli Manning e Tom Coughlin.
2007: queda à beira da perfeição
Até os dias de hoje, desde a fusão das antigas AFL e NFL, em 1970, a única franquia na história a conquistar o Super Bowl com uma temporada só de vitórias foi o Miami Dolphins, em 1972, quando a temporada regular ainda era disputada em apenas 14 partidas. Os Patriots naquele ano fecharam a temporada regular com um recorde 16-0, feito inédito desde a expansão da liga. Apesar de tudo isso, um incidente na semana 1, contra os Jets, deixaria uma mancha: o famoso do spygate, quando membros do staff do técnico Bill Belichick foram flagrados fazendo filmagens ilegais de treinamentos defensivos dos nova-iorquinos.
Após o escândalo ‘superado” (e uma escolha de Draft do ano seguinte, perdida), os Pats seguiram com tudo nos playoffs. Jacksonville Jaguars e San Diego Chargers não foram páreo e os Patriots foram no dia 3 de fevereiro de 2008 para o University of Phoenix Stadium (curiosamente, palco do Super Bowl deste ano), com todo o favoritismo para cima do New York Giants.
A campanha 10-6 e uma vaga suada no Wild Card não credenciavam os Giants a muita coisa, mas os azuis de NY bateram Buccaneers, Cowboys e Packers (em partida histórica, debaixo de muita neve) e vieram fortalecidos. Já New England havia derrubado recordes durante a temporada: maior número de pontos marcados (589), mais touchdowns lançados por um quarterback (Tom Brady, com 50) e recebidos por um wide receiver (Randy Moss, com 23).
Até aquele dia, Eli Manning era conhecido apenas por “irmão do Peyton” seus números na temporada (um pouco mais da metade de passes completados), não impressionava. Mas aquela partida mudaria para sempre seu status. Após parar o ataque de New England durante o jogo, o placar no início do último quarto marcava apenas 7×3 para os Patriots quando Eli conduziu uma campanha sólida, que acabou em TD de David Tyree. NY estava em vantagem, a 10 minutos do fim.
New England caminhou com dificuldade, mas virou o placar de novo, após passe de Brady para Moss, pouco antes do Two Minute Warning. Manning tinha 120 segundos para repetir o feito de Peyton, campeão com os Colts no ano anterior. E foi a 1:15 do final, em uma terceira para 5 jardas, que aconteceu a combinação Manning-Tyree, que entraria para a história das finais da NFL. Nenhuma descrição é melhor que o vídeo abaixo:
Após a jogada espetacular, Eli encontrou Plaxico Burress na endzone para botar números finais ao jogo. Os 17×14 assombraram os EUA e deram o terceiro título de Super Bowl aos Giants. Aos Patriots, ficava a sensação de uma história arrancada.
2011: pedra dupla no sapato
Um ano após uma derrota traumática para os Jets no playoff divisional, os Patriots não vinham dando sopa para o azar em 2011. Conquistaram a AFC Leste com facilidade, com uma campanha 13-3 e pareciam ir com tudo para mais um título. As três derrotas? Para Buffalo Bills e Pittsburgh Steelers, fora de casa, e para…O New York Giants, em Foxboro.
Na partida divisional, o Denver Broncos, de Tim Tebow, foi esmagado e na final da AFC, um erro grotesco do kicker Billy Cundiff, do Baltimore Ravens, deu aos Patriots seu quinto título da conferência em 10 anos. Do outro lado, vinha um inacreditável New York Giants. Não pelo time, mas pela campanha e pelo status atingido em três partidas de playoffs.
New York terminou a temporada regular com um recorde medíocre (9-7). Uma vitória sobre os Jets, na semana 16, com direto a um touchdown sensacional de Victor Cruz, reacendeu a esperança de classificação, que veio após triunfo sobre o Dallas Cowboys. Mas nos playoffs, tudo foi diferente: inacreditáveis 24×2 sobre o Atlanta Falcons e outro passeio (37×20), sobre os Packers. Após baterem os 49ers na prorrogação, a sensação de zebra em caso de vitória nova-iorquina era quase nula.
E os Giants provaram que não estavam para brincadeira na hora do jogo, disputado no estádio do Indianapolis Colts, em 5 de fevereiro de 2012. Abriram 9×0, forçando um safety de Brady e anotando um TD, após passe de Eli para Victor Cruz. Perto do intervalo, porém, os Pats virariam a partida para 10×9, após um field goal e um touchdown.
Após outro TD no início do terceiro quarto, New England achou que a vingança de 2007 estava completa. Ledo engano. Após dois field goals, os Giants até tentaram gastar o relógio, mas viram Ahmad Bradshaw, meio sem querer, virar o jogo para 21×17, a 67 segundos do fim. Brady sabia que, ao contrário dos outros anos, um FG não era suficiente e tentou uma hail mary no último lance, sem sucesso. Os Giants haviam batido os favoritos, de novo.
A curiosidade é que tanto 2007, quanto 2011 foram anos em que as equipes da AFC Leste encararam as da NFC Leste na temporada regular. O próximo encontro entre Giants e Patriots, portanto, está marcado para o ano que vem, em Meadowlands. Mas antes de tentar exorcizar o fantasma vizinho, os Pats querem apagar os dois últimos revezes em Super Bowls da memória. E para isso, só uma vitória em Glendale domingo pode servir de antídoto.