Dolphins e Jets: 100 capítulos da maior rivalidade da AFC Leste
Wembley recebe, no domingo, a 100ª partida de rivais históricos, relegados a coadjuvantes com o crescimento dos Patriots
O fã contemporâneo da NFL acostumou-se a ver o New England Patriots dominando a divisão Leste da AFC de forma absurda. O que ele talvez não imagine, é que esta divisão tem muita história e dois protagonistas hoje inimagináveis pelas campanhas fracas de ambos nos últimos anos: Miami Dolphins e New York Jets. Renegadas nos dias de hoje, as duas franquias protagonizam no domingo, em Londres, o 100º capítulo de uma rivalidade duradoura.
Fundados em 1960 e 1966, respectivamente, Jets e Dolphins dominaram o cenário da antiga American Football League no seu curto período de vida sem a NFL. Colocados na mesma divisão desde então, conservaram uma rivalidade que atravessaria as décadas. O único título de Super Bowl dos Jets, conquistado na temporada de 1968 no Miami Orange Bowl, então casa dos Dolphins, ajudou ainda mais a acentuar a rixa e as provocações.
A vitória nova-iorquina, liderada por Joe Namath , trouxe efeitos benéficos aos Dolphins. Então técnico do Baltimore Colts, equipe derrotada por 16 a 7 naquela partida, Don Shula saiu de Baltimore e partiu para Miami onde se tornaria uma lenda. Shula conquistaria os dois títulos de Super Bowl para os Dolphins, em 1972 (única campanha invicta da história da NFL) e 1973.
1983, o ano que não terminou
A década de 1980 acendeu ainda mais a rivalidade, com ambas as franquias batendo ponto na pós-temporada e 1983 foi um ano à parte. Os Dolphins bateram os Jets por 14 a 0 no confronto divisional da AFC, único encontro entre os dois nos playoffs na história. O capítulo mais espetacular do ano, porém, estava reservado para o Draft daquele ano. Dan Marino, astro da Universidade de Pittsburgh, caiu demais no recrutamento e os Jets tinham a 24ª escolha. Os nova-iorquinos escolheram Ken O’Brien, da desconhecida Universidade California Davis. Marino cairia para a 27ª colocação. Shula deu o ok e Marino foi escolhido para virar uma lenda em Miami.
Em 1986, O’Brien e Marino combinaram para 884 jardas, um recorde histórico, em um dos jogos mais épicos da história da NFL. A vitória por 51 a 45 dos Jets foi decidida apenas na prorrogação. O’Brien, aliás, foi bem sucedido em NY e venceu o confronto direto contra Marino: 8×7 para ele, até 1992.
Em 1994, Marino protagonizou um dos lances mais memoráveis da história, ao fingir que faria um “spike”(ato de jogar a bola no chão para parar o relógio e dar a vitória aos Dolphins por 28 a 24, em pleno Giants Stadium. A jogada é tão emblemática que todos se lembraram dela quando Aaron Rodgers, do Green Bay Packers fez a mesma coisa em uma partida da temporada de 2014 no SunLife Stadium, atual casa dos Dolphins.
O novo século tirou Jets e Dolphins do protagonismo e alçou o até então coadjuvante New England Patriots ao
estrelato da divisão. Engana-se, porém, que o antagonismo entre as franquias e suas torcidas, arrefeceu. O recente caso de protestos dos torcedores de Miami, após o ídolo do Heat, Dwayne Wade, assistir a um jogo e vestir a camisa dos Jets, prova isso. Mas, ao menos duas vezes por ano, as duas franquias das pontas da Costa Leste revivem os bons tempos. E domingo, Wembley receberá o 100º capítulo desta história.