De Elway a Marino: como um Draft mudou a história de Broncos e Dolphins
Em alta, equipes se enfrentam domingo. Nos anos 80 e 90, os quarterbacks dos dois times eram os astros maiores da NFL
Denver Broncos e Miami Dolphins se encontram neste domingo, no Mile High Stadium, com as duas equipes em alta e disputando vagas nos playoffs juntas. Algo que não acontecia há muito tempo, mais precisamente, quando dois quarterbacks recrutados no Draft de 1983, agenciados pela mesma pessoa, comandavam as coisas tanto em Denver, quanto em Miami.
John Elway e Dan Marino apareciam como ótimos prospectos para o Draft de 31 anos atrás. Apesar da fragilidade da Universidade de Stanford (à época), Elway era apontado por todos como escolha número 1. Já Marino, após dois primeiros anos excelentes, foi mal em seu ano de sênior, mas também era cotado para as primeiras posições naquele ano.
Com Elway, a coisa foi natural, e ele realmente foi a escolha 1. Mas ele foi draftado pelo errante Baltimore Colts, uma franquia errante, que estava em meio à uma polêmica de mudança de cidade (acabaria finalizando sua ida à Indianapolis em 1984.
Marvin Demoff, o agente de Elway e de Marino, já tentava costurar acordos com outras franquias, mas barrava na intransigência do dono dos Colts, o controverso Robert Irsay. Dallas Cowboys, Oakland Raiders, San Diego Chargers e Seattle Seahawks foram apontados como possíveis destinos para troca.
Enquanto isso, Marino aguardou mais que o esperado. Viu quatro quarterbacks serem escolhidos antes: Toddy Blackledge (#7-Kansas City Chiefs), Jim Kelly (#14-Buffalo Bills), Tony Eason (#15-New England Patriots) e Ken O’Brien (#24, New York Jets). Quando não esperava mais ser escolhido na rodada 1, porém, Marino acabou draftado pelo Miami Dolphins, vice-campeão de 1982 e dono da 27ª escolha.
Após o Draft, as coisas não acabaram por aí. Marino demorou para assinar seu contrato com Miami, mas acabou aceitando os termos. E a novela Elway acabou com um fim inesperado: o Denver Broncos, ao negociar diretamente com Irsay, conseguiu a promessa, após dar suas escolha no Draft (o tackle Chirs Hinton, quarta escolha geral), mais escolhas intermediárias.
O resto, virou história. Dos impressionantes seis quarterbacks escolhidos naquele ano, Blackledge teve história curta ao amargar o banco nos Chiefs. Eason, apesar de ter conseguido disputar um Super Bowl, nunca foi unanimidade em Foxborough. Ken O’Brien pode ser considerado o último franchise QB dos Jets, clube em que atuou (bem) 1992. E Jim Kelly é o maior jogador da história do Buffalo Bills, onde disputou (e perdeu) quatro Super Bowls seguidos.
Já Elway e Marino são um caso à parte. Marino, apesar de nunca ter vencido um SB, é considerado o maior jogador da história dos Dolphins, onde quebrou todos os recordes possíveis. Foi escolhido nove vezes para o Pro Bowl e foi o primeiro QB a passar das 5.000 jardas em uma só temporada (1984, a sua segunda na Liga). Após o fim de sua carreira, em 2000, o Hall da Fama era o destino natural.
Elway foi tão sublime quanto Marino e, no fim da carreira recebeu seu prêmio: também nove vezes pro-bowler, também Hall da Fama. E líder dos dois títulos de Super Bowl que o Denver Broncos detém em sua galeria, em 1997 e 1998. Após o fim da carreira, Elway seguiu nos Broncos, onde hoje é general manager. Foi o grande responsável pela vinda de Peyton Manning à equipe.
Ao entrarem neste domingo em campo, vai ser impossível se esquecer do brilho que Miami Dolphins e Denver Broncos tiveram quando Elway e Marino comandavam o ataque de suas equipes. E tudo isso ganha um tom ainda melhor quando as duas equipes estão bem.