Cine The Playoffs – Jogando para Sobreviver
Com muita emoção, filme retrata a amizade e rivalidade de dois running backs do Chicago Bears
Poucas forças são tão potentes quanto uma amizade verdadeira, ainda mais se essa amizade começar da forma mais improvável possível. A relação entre dois jogadores, um branco e o outro negro, que disputam a mesma posição em um time principal de futebol americano nos anos 60, com certeza, se enquadra nessa categoria.
A lição que o filme nos passa, se existe alguma, é a de não subestimar uma história que pode soar previsível nos primeiros momento, mas que, ao final, deixa os espectadores surpresos pelo rumo que a trama seguiu. É um puxão de orelha para quem acredita que os filmes sobre esportes são sempre os mesmos, apesar de circundarem temas recorrentes.
A segregação racial seria, por si só, um ingrediente explosivo para a convivência entre Gale Sayers (Mekhi Phifer) e Brian Piccolo (Sean Maher), os protagonistas de Jogando para Sobreviver (Brian’s Song, 2011, Dir.: John Gray). Ambos novatos, os atletas têm pouco em comum além da vontade de quererem se destacar no Chicago Bears. Sayers, recém chegado, representa a principal ameaça para Piccolo – mais forte, rápido e, alguns diriam, menos presunçoso, ele conquista a vaga e a antipatia imediata do segundo.
Quando ambos são forçados a dividir o mesmo quarto, o improvável acontece. Talvez pela convivência e o gradual respeito mútuo, a amizade começa a aparecer aos poucos, disfarçada até, como se ambos se envergonhassem dela. Mas, como bons jogadores, Brian e Gale são mais motivados pelos desafios do que por rixas emocionais.
O primeiro desafio, no caso, é a lesão no joelho que Sayers sofre em uma partida. Com o argumento de preferir uma “disputa leal”, Brian ajuda-o no processo de recuperação até que, finalmente, os dois assumem a parceria sadia que promete perdurar para sempre. O segundo desafio, porém, torna-se o elo mais forte entre os dois – e é o grande diferencial desta produção.
Não se trata de uma obra-prima. Essa segunda versão (a primeira, de 1971, contou com James Caan e Billy Dee Williams nos papeis principais) peca na atuação dos protagonistas, que pode parecer forçada em muitos momentos, mas a honestidade de um roteiro construído em cima de uma história real e bastante sensível é o que mais vale aqui. Contar mais é estragar surpresas e emoções dignas de serem apreciadas plenamente – e elas merecem essa atenção por conta da força de Sayers e Piccolo.
Confira o trailer de Jogando para Sobreviver: