Cine The Playoffs – Draft Day
Em aquecimento para o Dia 30, filme retrata um dos dias mais importantes da NFL para o general manager dos Browns
A primeira rodada do draft da NFL, que o canal esportivo ESPN exibiu em 2013, foi assistida por mais de 6 milhões de pessoas – um número considerável levando em conta o processo que, na prática, dá ao espectador leigo pouca ou quase nenhuma emoção. Esses “fãs de esportes” parados em frente à TV são, em geral, fanáticos por seus times, crentes na chance de um futuro melhor para as equipes que tanto amam.
Cada decisão é analisada exaustivamente, já que, para eles, é mais importante saber sobre os jogadores que podem estar (ou não) atuando em um jogo de futebol americano dentro de quatro meses do que aqueles que jogarão uma partida de hóquei, basquete ou beisebol nesse mesmo dia.
Esse ambiente de “sala de guerra”, em que cada decisão por esse ou aquele jogador pode levar não só os torcedores, mas os figurões dos clubes do céu ao inferno – já que um time pode ser salvo ou arruinado por negociações mal feitas – tornou-se extremamente atraente para Hollywood ignorá-lo. Em suas bases mais primordiais é a isso que A Grande Escolha (Draft Day,2014, Dir.: Ivan Reitman) se agarra para ganhar relevância entre uma audiência tão ampla quanto a dos fãs de cinema. Nisso e em seu elenco estelar.
Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) está tendo um mês particularmente estressante, daqueles que só acontecem nos filmes. Ele é o general manager do Cleveland Browns, e precisa escolher entre o esquentadinho linebacker Vontae Mack (Chadwick Boseman) e o perturbardo running back chamado Ray Jennings (Arian Foster) para a sétima escolha no draft. Seu pai, o amado treinador dos Browns, acaba de falecer e, para coroar a tensão que qualquer ser humano enfrentaria com um digno descontrole emocional, Sonny descobre que sua namorada secreta e colega de trabalho Ali (Jennifer Garner) está grávida.
O dia de Sonny torna-se significativamente mais intenso quando o representante do Seattle Seahawks oferece sua primeira escolha no draft para os Browns – o que ele faz de pronto, trocando seu futuro pelo presente imediato e, infelizmente, incerto. O futuro, no caso, são as primeiras escolhas dos Browns para as próximas três temporadas, e o presente é personificado por Bo Callahan (Josh Pence), o jogador mais cobiçado do panteão.
Por ter um elenco tão bem escalado, Draft Day – A Grande Escolha destaca-se pelas atuações balanceadas, tanto de Costner quanto dos coadjuvantes de peso, como Frank Langella (encarnando o dono do time Anthony Molina) e Denis Leary (o treinador Penn), para citar os principais. O que se perde no filme é a razão pela qual seis milhões de pessoas pararam em 2013 para assistir as negociações da NFL: o draft é meramente o prelúdio de uma grande – ou terrível – história dos times na próxima temporada. É o primeiro relance de um possível novo jogador favorito. Não é o draft em si que atrai, e sim o que ele representa para o futuro.
Compramos a ideia (verdadeira) de que o draft é um dos momentos mais importantes do futebol americano, mas não por si só. Um filme sobre esse momento, subdividido por subtramas “não-tão-interessantes-assim” pode trazer ao grande público – como o dos brasileiros, não acostumados e não inteirados com o FA a menos que se esforcem muito – a impressão de que tudo relacionado à NFL pede uma iniciação teórica e, à primeira vista, enfadonha. Por méritos e erros próprios, a produção encerra-se como um bom filme que, infelizmente, funciona plenamente só para aqueles que já sabem o que sentirão quando os créditos rolarem.
Confira o trailer de Draft Day – A Grande Escolha: