Chip Kelly, o professor pardal da NFL?
Head coach dos Eagles tomou uma série de decisões duvidosas no mercado. Qual será o futuro de Philadelphia?
A temporada era 2013, e após mais de 20 anos na NCAA, Chip Kelly deixava Oregon para ganhar sua primeira oportunidade na NFL como head coach do Philadelphia Eagles. Dona de uma fanática torcida, a franquia vive sob a imensa pressão de nunca ter conquistado um Super Bowl.
Era preciso algo a mais, um diferencial para que Philadelphia conseguisse avançar bem nos playoffs. Logo em seu ano de estreia, Chip Kelly descobriu o segundoanista Nick Foles.
Quarterback de passes curtos e rápidos, que protege muito bem a bola, com 2,9 mil jardas, 27 touchdowns e apenas duas interceptações, em 2013, Foles conseguiu um rating de 119.2 e guiou os Eagles aos playoffs, mas caiu para o New Orleans Saints logo no round de wild card.
Chip Kelly se empolgou com o que viu no jogador e decidiu então montar o ataque em suas características. Para começar, dispensou o recebedor em profundidade DeSean Jackson. A saída do wide receiver pegou muita gente de surpresa, no entanto, a mídia norte-americana debatia, e até apoiava, a tentativa do head coach em montar uma “West Coast Offense” para Nick Foles.
A expectativa para 2014 era imensa. Mais experiente, o quarterback teria LeSean McCoy no backfield, Jeremy Maclin recebendo no slot e Brent Celek como forte tight end. Atrapalhado por uma séria lesão, Foles jogou apenas oito partidas até dar lugar a Mark Sanchez e ver os Eagles ficarem de fora dos playoffs.
Com a chegada da offseason, Chip Kelly ganhou da direção de Philadelphia o poder de atuar no mercado da NFL. Primeiro então veio a louca vontade do treinador de selecionar o quarterback de Oregon Marcus Mariota. Vencedor do troféu Heisman, Mariota é uma grande promessa, mas tirar os Eagles da 20ª escolha, colocando-0 entre os cinco primeiros, pode ser algo muito caro e comprometedor para a franquia.
Além da obsessão pelo jogador dos Ducks, o free agency colocou uma pulga atrás da orelha do torcedor. Uma não, três. A primeira foi a troca maluca que mandou LeSean McCoy e suas 1,3 mil jardas para Buffalo e trouxe o contestado linebacker Kiko Alonso. A segunda foi não segurar o wide receiver Jeremy Maclin, que em fim de contrato voou para Kansas City. E a última, a mais insana de todas, foi trocar Nick Foles por Sam Bradford, o talentoso, porém de vidro, quarterback do St. Louis Rams. Mas não bastou pegar um jogador com a saúde contestável, teve que ceder ainda duas escolhas de draft, incluindo a de segunda rodada de 2016.
De uma temporada para outra, Chip Kelly teve o dom de montar um ataque de passes curtos e jogadas terrestres, para desmontar tudo na primeira oportunidade que teve, sem sequer dar sequência para suas boas peças.
Agora o que esperar dos Eagles em 2015? Serão dois running backs de elite: DeMarco Murray e Ryan Matthews chegaram de Dallas e San Diego, respectivamente. Mas para um quarterback que não se destaca pela sua mobilidade e tem um bom braço, quando saudável, o jogo não deve se encaixar, já que todas as esperanças de recepção recairão sobre o segundoanista Jordan Matthews, que conseguiu 872 jardas e oito touchdowns como rookie.
Para o torcedor de Philadelphia é melhor começar a preparar o coração: Mariota se encaixaria perfeitamente em um ataque de jogo corrido forte, mas selecioná-lo é quase uma missão suicida. Então veremos Chip Kelly em busca de recebedores no mercado? No draft? Ou então será um potencializado e desequilibrado ataque? Só descobriremos o que se passa na cabeça do professor pardal da NFL em agosto.