Os erros que levaram Chip Kelly à demissão nos Eagles
The Playoffs analisa o porquê do fracasso do treinador no Philadelphia Eagles
Chip Kelly foi head coach do Oregon Ducks de 2009 até 2012, na NCAA, e depois foi contratado como novo treinador do Philadelphia Eagles, na NFL. A passagem dele pela Philadelphia durou três anos, com uma ida aos playoffs (derrota para os Saints no Wild Card em 2013).
A vontade de Kelly era de implementar o mesmo esquema dos Ducks nos Eagles, era algo visto como inovador e poderia dar certo, porém as coisas não se desenvolveram da maneira que era esperado. O The Playoffs vai dissecar agora o que aconteceu com o Philadelphia Eagles nessas últimas três temporadas, era que se encerrou após um 2015 desastroso e Kelly demitido.
2013
No draft daquele ano, houve uma preferência de times da PAC-12 (conferência na qual Oregon jogava) com jogadores já conhecidos do treinador. O primeiro jogo foi bastante emblemático e que ainda deve estar fresco na cabeça dos torcedores dos Eagles. Monday Night Football fora de casa contra o rival Washington Redskins. O ataque de Chip Kelly e Michael Vick no up-tempo offense foi dinâmico e conseguiu neutralizar o então campeão da divisão em seus domínios.
Depois de algumas derrotas e da lesão de Michael Vick, Nick Foles assumiu a titularidade, mas ele não tinha o perfil atlético de Vick e de Marcus Mariota, que ainda era jogador do Oregon Ducks, mas mesmo assim conseguiu um desempenho fantástico de 27 TDs e apenas 2 INTs. A temporada acabou no Wild Card Round em casa para os Saints com um field goal no último lance da partida.
2014
A partir de 2014, Kelly teve total autonomia para fazer decisões que tinham impacto dentro da franquia. Ele mandou embora DeSean Jackson (WR) pelo motivo de conturbar o vestiário do time. Mesmo com a saída do atleta, Jeremy Maclin e LeSean McCoy foram os principais destaques dos Eagles nessa temporada, mostrando que a decisão de Chip Kelly pode ter sido acertada.
Durante o ano era esperado o título da divisão, já que na semana 10, o recorde do time era de 7 vitórias e 2 derrotas, mas depois da lesão de Nick Foles e a titularidade de Mark Sanchez, o nível da equipe caiu, e Phily viu a perda da NFC Leste para o Dallas Cowboys depois de uma derrota para os Redskins fora de casa, jogo em que Sanchez foi muito criticado por uma interceptação no final.
A temporada terminou de forma frustrante com 10 vitórias e 6 derrotas, mas com alguns ajustes a equipe poderia brigar novamente pela divisão em 2015.
2015
Depois de DeSean Jackson, foi a vez de LeSean McCoy e Nick Foles saírem da Philadelphia. Em duas movimentações imprevisíveis, Kelly trocou Nick Foles (QB) por Sam Bradford (QB-Rams) e LeSean McCoy (RB) por Kiko Alonso (LB-Bills), além da saída de Jeremy Maclin (WR) para a free agency. A chegada de DeMarco Murray (RB-Cowboys) e Byron Maxwell (CB-Seahawks) deram esperanças de playoffs, mas ao longo da temporada o que se viu foram péssimas performances.
A lesão na clavícula de Tony Romo do então favorito Dallas Cowboys deu esperança a todo resto da divisão, e houve um grande equilíbrio, porém nivelado por baixo. A NFC Leste foi comparada com a AFC Sul como as piores divisões da NFL. O ponto baixo da temporada foram as derrotas para Tampa Bay Buccaneers (Casa) e para o Detroit Lions (Fora, em que o time tomou 45 pontos em cada partida.
2015 terminou da mesma forma que 2014: uma derrota para o Washington Redskins em um sábado, na penúltima semana da temporada regular. O fato da NFC Leste nesse ano ser uma lástima e a vaga na pós-temporada não ter vindo foi a gota d’água para os Eagles, que encerraram a passagem de Chip Kelly pela Philadelphia uma semana antes de acabar a temporada.
Análise
Entre os maiores head coaches no College Football, o caso mais conhecido e mais atual de passagem para o profissional é o de Nick Saban no Miami Dolphins. O atual treinador de Alabama ficou na Flórida na temporada de 2005 e 2006. No primeiro ano, ele teve uma campanha de 9 vitórias e 7 derrotas e no ano seguinte a campanha foi de 6 vitórias e 10 derrotas (15-17 no total), assim, foi demitido dos Dolphins e contratado como treinador em Alabama, consolidou-se como um dos maiores nomes no College Football e pode ganhar mais um título na próxima segunda.
Chip Kelly conseguiu essa autonomia, porém trabalhar com atletas-estudantes e jogadores profissionais tem uma diferença grande, a começar pelo salário. Na NCAA o treinador é a grande estrela do programa, enquanto na NFL, os jogadores são as principais figuras. Essa briga de ego não costuma ter no universitário, já que o head coach faz uma escolha criteriosa de qual jogador ele quer no time evitando a chance de ocorrer esse tipo de situação.
No College Football, os atletas não ganham salário e nem patrocínio, apenas bolsa de estudo nas maiores universidades do país. O foco maior da grande maioria dos estudantes é aproveitar os talentos esportivos para receber um ensino de qualidade, algo que muitos não teriam pelo alto valor das mensalidades, e uma pequena parcela para se desenvolver a ponto de chegar mais preparado para a NFL. Os treinadores como Nick Saban, Urban Meyer, Jim Harbaugh e outros são os responsáveis por recrutar estudantes em todo o país e também de tudo o que gira em relação ao programa de futebol americano da faculdade.
Esse grande poder dos head coaches em cima do programa é algo que se perde quando eles vão para a NFL. Na maioria das vezes, eles são responsáveis apenas pela montagem do time e perdem a liberdade que tinham quando estavam no universitário, com isso precisam se adaptar a um estilo que não estão acostumados e devido a isso não conseguem realizar o trabalho da forma que esperam.
Em uma entrevista para o Chicago Tribune, Brian Kelly, atual head coach de Notre Dame, comentou sobre a possibilidade de deixar a faculdade e ir para a NFL, já que é um dos melhores treinadores no College Football.
“Como você abriria mão do controle de todas as coisas que tem em Notre Dame pra fazer isso? A menos que eles te deem autonomia e controle total da organização. Eu não acho que vai acontecer em breve para mim. Eu sou o owner, o general manager, o treinador. É muito raro você ter esse cenário na NFL… Se você for para a NFL tem que saber onde você está pisando”. Esse pensamento também deve ser o de Saban e de outros comandantes de alto calibre na NCAA.
Há também o fator estabilidade que mantém distância de uma possível migração para a NFL. Comandantes já consagrados em suas respectivas faculdades já são queridos pelos atletas e pela torcida e têm uma situação estável dentro do programa, enquanto na NFL são vistos como mais um chegando para mudar os rumos da franquia.
Foto: (Twitter Philadelphia Eagles)
Foto: (Twitter Alabama Crimson Tide)