Antonio Brown ou Tyreek Hill? O melhor e a melhor arma
Comparamos o melhor wide receiver da liga (quase sem contestação) com um forte concorrente
Acredito que hoje ninguém discute o fato de que Antonio Brown e o melhor wide receiver da NFL. Com mais de 10.000 jardas e 60 touchdowns, AB entra para a sua oitava temporada como a capa do Madden 19 e tenta seguir uma campanha em 2017 em que, no meu ponto de vista, só não foi o primeiro WR a ser o MVP da NFL graças a uma contusão na reta final da temporada regular.
Muito além dos números, Brown é um monstro nos passes 50-50, aqueles em que o recebedor disputa a bola com o jogador de secundária, com chances iguais para ambos. Ele também conta com recepções absurdas que desafiam as leis da gravidade.
Existem outros WRs na liga que podem ser considerados no mesmo patamar dele. Julio Jones talvez fique como o numero 2 na liga pela consistência dos últimos anos. DeAndre Hopkins vem de uma grande temporada nos Texans e demonstrou ter um talento absurdo mesmo jogando em um ataque aéreo inoperante antes de Deshaun Watson. Odell Beckham Jr. tem lances que parecem ser simulações do Matrix e disputaria o topo com AB, mas as contusões e problemas extra campo têm o afastado um pouco disso. Porém um outro nome tem se destacado nesse início de temporada e arrisca ser o novo desafiante a Antonio Brown para o posto de melhor wide receiver da liga: Tyreek “The Freak” Hill.
Entrando para o seu terceiro ano na liga, a “aberração”, como ele é conhecido, tem destruído secundárias nas primeiras semanas de 2018 atrás do braço mágico de Patrick Mahomes. Hill, que vem da sua primeira temporada com mais de 1.000 jardas, não é um nome tão conhecido pelos torcedores mais casuais de NFL, porem após esta temporada, acredito que Hill estará brigando na parte de cima de todas as estatísticas da posição.
Tyreek é simplesmente o jogador mais explosivo da liga. Com a velocidade para vencer qualquer jogador da liga, o WR dos Chiefs é um pesadelo para secundárias. Com um QB com braço pra lançar bolas de 70 jardas e com a capacidade de bater qualquer CB em uma rota longa, Hill força defesas a respeitar a “ameaça longa” dos Chiefs. Cochilou com Hill e ele leva a bola para a end zone.
Pergunte a qualquer jogador de fantasy, qualquer torcedor de NFL: se você pudesse escolher um wide receiver para o seu time, quem escolheria? A resposta será Antonio Brown 99% das vezes, e com justiça. Porém, há um argumento em que ele não seria a melhor opção para todos os times da NFL, aqui chegamos no tema da semana: o melhor jogador contra a melhor arma.
Brown é capaz de correr qualquer rota que o coordenador ofensivo desenhar. Go route, em que ele estica o campo, cross route, em que ele curva para o meio do campo, slant, rota diagonal, post, screen, curl, enfim, qualquer opção. AB também tem a habilidade de facilitar a vida do QB. Com tamanho e porte físico para subir e brigar com jogadores da secundária, Brown é o rei dos passes divididos. É comum ver Big Ben lançando um passe sobre cobertura apertada com confiança que ele vai vencer a disputa com o jogador defensivo. Isso é sensacional e indiscutivelmente o que separa Antonio Brown do restante da liga.
Hill por sinal tem um estilo completamente diferente de Brown. Ele ganha da secundária antes que a bola saia das mãos do QB. Como eu já citei, o ponto forte do WR de Kansas City é sua velocidade deslumbrante. Basta um erro simples do DB e ele vai queimá-lo. Esse fator facilita demais para o QB, que tem uma “gordura” melhor para botar passes onde somente o seu recebedor pode chegar na bola.
Com um coordenador ofensivo criativo, jogadas podem ser desenhadas de uma forma em que Hill ficaria livre com certa frequência ou o utilizaria como ameaça para abrir espaço para os companheiros. Nas mãos do treinador certo não é difícil enxergá-lo quebrando recordes na NFL.
Em questão de números, Antonio Brown tem ficado na média das 1.500 jardas nos últimos cinco anos (sensacional), porém ele tem feito isso com uma média girando em torno de 120 recepções em mais de 160 targets. Sua recepção mais longa nesse período foi uma bola de 63 jardas em 2014. Big Ben sempre está mirando Brown e o jogo é sempre no principal WR da liga.
Não temos uma amostra muito grande de Hill para poder fazer uma comparação justa, mas em 2016 ele teve 593 jardas em 61 recepções; em 2017, 1.183 jardas em 105 bolas agarradas, com a receptação mais longa sendo de 79 jardas. Este ano Hill já tem 260 jardas em somente 12 recepções. A dedução que podemos fazer desses números é de que o jogador dos Chiefs precisará de menos targets do QB e menos recepções para atingir os números de Brown, e o seu estilo contribui muito com isso.
A idade também pesa. AB já está com 30 anos, enquanto Hill tem somente 24. Se Brown é “leão alfa” dos WRs da NFL, eu vejo Tyreke como o jovem leão arriscando o domínio do bando.
Comparando um com outro, provavelmente ficaríamos com o Antonio Brown. Ele é simplesmente mais completo do que Hill. Porém creio que o astro dos Steelers precisa que o jogo aéreo seja focado nele, enquanto Hill pode ser a arma mais perigosa e letal de um grupo de WRs competentes.
A minha conclusão polêmica nessa comparação é de que, caso eu precise de um wide receiver pra ser o grande nome do meu ataque aéreo, eu provavelmente iria de Antonio Brown. Caso meu time tenha um ataque bem estruturado e o precise de uma arma de “home runs”, hoje eu escolheria Tyreek Hill.
Mas olhando bem essa comparação eu me recordo daquela velha história da DC Comics, em que o The Flash e o Super-Homem apostam corrida. E esse duelo é uma bela comparação entre os dois. Claro que o alienígena de Krypton é muito mais completo, como AB ele tem um arsenal enorme de ferramentas a sua disposição para salvar o dia. Mas, dependendo da situação ou do time, talvez o herói mais qualificado seja aquele que faz uma coisa muito melhor do que todos os outros. Às vezes é o The Flash que queremos esticando o campo.
(Fotos: Patrick Smith/Getty Images; reprodução Twitter / Kansas City Chiefs)
*Por Raphael Fraga – comentarista de NFL para o USA na Rede e radialista para a Nossa Rádio USA em Boston. Me siga pelo Twitter @Fragafootball.
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