ANÁLISE TÁTICA: estratégia dos Falcons falha e Brissett comanda vitória dos Colts
Exigido, Jacoby Brissett mostrou que pode liderar o ataque dos Colts
Esta semana separamos um jogo taticamente interessante que trouxe dois tempos distintos no domingo (22). Um duelo entre o decepcionante Atlanta Falcons e o impressionante Indianapolis Colts, que venceu por 27 a 24.
Escolhi esse jogo porque acho importante trazer o ótimo gameplan de Frank Reich, que eu acredito que vai se firmar em 2019 como um dos principais HCs da NFL atual; porém, o treinador não é o único personagem que merece elogios após a semana 3 da NFL, pois Jacoby Brissett prova que pode manter os Colts como um dos favoritos na AFC.
And that’s a wrap! #ATLvsIND pic.twitter.com/VVnw7NBSOf
— Indianapolis Colts (@Colts) September 22, 2019
O jogo de dois tempos começou com um início fulminante dos Colts contra um apático Falcons, o que tem sido comum nessas três primeiras semanas da temporada. A estratégia de Dan Quinn (HC dos Falcons), que assumiu a responsabilidade de chamar as jogadas defensivas, falhou grotescamente nos dois primeiros quartos e possibilitou a vantagem de 17 pontos antes que os times pudessem ir para os vestiários e alterar seu planejamento.
Quinn parece ter subestimado a capacidade de Brissett de resolver com o braço e pagou a conta com essa derrota. Os Falcons sentaram os linebackers em cobertura de zona durante grande parte da partida, mas especialmente no primeiro tempo, em que a responsabilidade do grupo parecia ser conter o jogo terrestre liderado por Marlon Mack e ficar na cobertura espiando o QB dos Colts para tentar antecipar a bola.
Os Falcons sacrificaram a pressão sobre Brissett e o forçaram a ler o jogo e descer sua árvore de rotas antes de lançar a bola. O QB demonstrou sua capacidade de enxergar as brechas na cobertura e contou com um ótimo aproveitamento de passes de média distância, sempre em volta da cobertura frouxa dos LBs. O resultado: 16 passes completos consecutivos e a melhor atuação do novo titular dos Colts.
Do outro lado da bola, a defesa dos Colts sofreu muito sem Darius Leonard, que desfalcou o time esta semana. A linha defensiva simplesmente não conseguia pressionar Matt Ryan pelo interior da linha e com isso o experiente QB conseguiu controlar o pocket junto com sua OL; porém, “Matty Ice” forçou erros que custaram caro à equipe de Atlanta, incluindo uma interceptação na red zone que poderia ter mudado o roteiro do jogo.
Ryan errou demais nos passes longos e telegrafando alguns deles, facilitando a vida dos Colts mesmo com uma secundária que sofreu na marcação mano a mano, especialmente com Julio Jones e Austin Hooper. O TE por sinal foi muito bem no segundo tempo e finalmente parece figurar como uma peça importante nesse ataque.
Depois de um primeiro tempo decepcionante, Ryan e Dirk Koetter (OC dos Falcons) adaptaram o seu gameplan no intervalo e foram praticamente perfeitos no segundo tempo. Com um Devante Freeman que finalmente parece ter acordado para a temporada, com corridas explosivas como as que o fizeram um astro da NFL antes da contusão ano passado.
Ryan começou a distribuir melhor a bola entre Jones, Hooper e Mohamend Sanu, que recebeu todos os seis passes lançados em sua direção. Importante lembrar que os Colts perderam o líder da secundária, Malik Hooker, que sofreu uma contusão no terceiro quarto e deve desfalcar o time nas próximas seis semanas, algo que preocupa depois da visível queda de qualidade na secundaria com sua contusão.
O grande ponto negativo dos Colts nesse jogo foi a falta de um pass rush efetivo, como citei acima. Sem Leonard a defesa perdeu aquele grande perigo e mal conseguiu pressionar Ryan, controlados pela OL dos Falcons, que perfeitamente criou tempo para Ryan, mas especificamente conseguiram criar um pocket sem pressão pelo interior da linha. Os tackles conseguiram redirecionar a pressão externa, aumentando a distância necessária para que os EDGE rushers chegassem perto de Ryan. Um QB que opera muito bem no pocket não pode ter tanto espaço para dar um ou dois passos para a frente como ele conseguiu fazer tão bem durante grande parte do jogo.
Se não fosse o número excessivo de flags, certamente estaria aqui dizendo que esse foi o grande fator na teórica vitória dos Falcons. Me parece que o time de Indianapolis tem criado uma dependência grande em cima de um dos grandes jovens talentos na posição em Leonard; isso precisa ser superado caso os Colts almejem ir longe nos playoffs. Controlar Leonard ou o tirar do jogo parece ser o caminho para dominar essa defesa.
A queda de rendimento ofensiva dos Colts no segundo tempo não veio exatamente de um ajuste defensivo de Dan Quinn, mas sim graças ao fato do ataque de Atlanta conseguir pontuar com drives prolongados, inclusive um de praticamente oito minutos para fechar o terceiro quarto, efetivamente tirando a bola das mãos de Brissett.
O ajuste da parte defensiva veio com um número maior de jogadores buscando pressionar a linha de scrimmage, especialmente com vários deles buscando infiltrar os espaços entre os guards. Isso teve um resultado positivo, tirando Brissett da sua zona de conforto e até o único sack do jogo, que trouxe os Falcons de volta para a partida.
Porém não foi uma estratégia que durou muito tempo. Brissett se aproveitou da falta de linebackers na cobertura para correr e converter um third down decisivo e a pressão interna deixou a lateral exposta para a recepção de Jack Doyle, que efetivamente encerrou o jogo controlando o relógio. Se algo de positivo pode ser tirado dessa partida defensiva dos Falcons, é que o time foi bem quando acionado na red zone.
Sem ter que forçar os LBs a fazer a cobertura aérea e com espaço curto para a secundária, o time conseguiu segurar bem os Colts com exceção da corrida de Marlon Mack para o último TD do jogo. Muito pouco para um time que conta com um head coach considerado uma das melhores mentes defensivas na NFL nos últimos anos.
Por Raphael Fraga
(Foto: Reprodução Twitter/Indianapolis Colts)