[ANÁLISE] Offseason da NFL 2019: Divisão Norte da NFC
Uma das mais fortes divisões da NFC teve muitas movimentações, mas nada empolgante
A NFC North terá a honra de dar o pontapé inicial para a centésima temporada regular da NFL. Maior rivalidade da liga, Green Bay Packers e Chicago farão o kickoff de 2019, num ano que promete muitas festividades fora de campo e muita disputa dentro dele.
Além dos Packers, Detroit Lions e Minnesota Vikings estão entre os dez times que mais desembolsaram na free agency. Os Bears vêm de uma grande temporada e ainda despontam como favoritos na divisão.
Vamos saber como cada uma das franquias dessa divisão se comportou nessa offseason em mais uma prévia do The Playoffs.
(Foto: Dylan Buell/Getty Images)
CHICAGO BEARS
Chicago não torrou dinheiro em nenhum peixe grande na free agency muito porque estava com a corda no pescoço com o salary cap. Tanto que a contratação mais impactante para os torcedores foi a de Eddie Pineyro, um kicker – mais pelo histórico recente do antigo dono da posição Cody Parkey. Com esse aspecto conservador e reestruturando os contratos de Kyle Long e Khalil Mack, o general manager Ryan Pace conseguiu deixar as finanças mais tranquilas lá em Illinois.
Devido às aquisições recentes de Anthony Miller e Khalil Mack, os Bears foram escolher seu primeiro atleta no Draft bem tarde. Pace ainda teve que subir algumas posições para pegar o running back David Montgomery, que muitos falavam que era o melhor prospecto disponível na terceira rodada. Outras seleções relevantes foram o wide receiver Riley Ridley e o retornador Kerrith Whyte.
Na free agency, Chicago foi atrás de quem não recebia muita atenção no mercado. Mike Davis (4,6 jardas por carregada em 2018) é um bônus formidável para quem já tem Tarik Cohen como titular e queria se livrar de Jordan Howard – que acabou trocado para o Philadelphia Eagles. Para suprir a ausência de Adrian Amos, veio Ha Ha Clinton-Dix. Obviamente temos um downgrade aqui, mas ainda assim estamos falando de um jogador que recebeu nomeação para o All-Pro em 2016. As contratações do coringa Cordarrelle Peterson e do cornerback Buster Skrine não me agradam pelo custo de operação.
Sem sombra de dúvidas, a maior baixa foi fora das quatro linhas. Vic Fangio, assistente técnico que vinha transformando essa defesa em uma das melhores unidades da NFL nos últimos anos, aceitou o cargo de head coach em Denver. Em seu lugar, Ryan Pace trouxe Chuck Pagano que, antes de aceitar o cargo principal lá em Indianapolis, foi um excelente coordenador defensivo nos Ravens de 2010. Matt Nagy segue como treinador principal.
Sem nenhuma need impactante por conta da manutenção de grande parte do elenco campeão da NFC North em 2018, as decisões dos Bears nesta offseason focaram sobretudo nos dois setores que mais precisavam de profundidade de elenco: backfield ofensivo e secundária. Estas não foram contratações “para lotar aeroporto”, mas, com o que tinham em mãos, certamente foram decisões corretas.
Desempenho: regular
DETROIT LIONS
Já os Lions foram bem menos cautelosos com seu teto salarial. O total de US$ 161,9 milhões coloca a franquia de Detroit no top 5 das que mais gastaram nesta offseason. O objetivo da equipe do técnico Matt Patricia era simples: repor as principais saídas de jogadores e adicionar peças de confiança para abastecer o quarterback Matthew Stafford.
Era esperado, mas mesmo assim pode-se dizer que Detroit arriscou-se para fazer Stafford feliz quando escolheu T.J. Hockenson no Draft. Selecionar um tight end tão cedo é algo bem perigoso e discutível, sobretudo pelo valor da posição, mas desde o começo a franquia depositava todas suas fichas em Hockenson, que vai contribuir para que Stafford volte a ter uma temporada com mais de 4.000 jardas aéreas. As quatro picks seguintes dos Lions miraram jogadores de defesa. Fique de olho também em Amani Oruwariye que, apesar de sair na quinta rodada, pode ser o cornerback que Detroit tanto queria, apesar do valor oferecido a Coleman (que será mencionado abaixo).
Mandar Ezekiel Ansah embora era um mal necessário. O defensive end já teve duas temporadas de pelo menos 12 sacks com a camisa azulina, mas a verdade é que não conseguia se manter saudável. A manutenção de Romeo Okwara era essencial, mas não suficiente. Por isso mesmo, a principal ação de Detroit foi não poupar esforços e desembolsar US$ 90 milhões para tirar Trey Flowers de New England. Some na conta US$ 36 milhões pagos ao cornerback Justin Coleman, outro jogador que também já foi treinado por Patricia. O general manager Bob Quinn ainda trouxe o tight end Jesse James e o recebedor Danny Amendola para somar com o tight end novato.
Apesar de acertarem indo diretamente em seus pontos fracos, os Lions deram valor a jogadores errados. Além do já citado risco no caso T.J. Hockenson, pagar US$ 22,6 milhões por quatro anos em um tight end que ainda não passou das 500 jardas numa temporada e que tem como função primária o bloqueio é um erro considerável. As escolhas defensivas de Detroit no Draft também não encheram os olhos, sobretudo a do linebacker Jahlani Tavai e a do defensive end Austin Bryant – justamente posições que realmente Detroit precisava correr atrás.
Desempenho: negativo
(Foto: Reprodução Twitter/Iowa Football)
GREEN BAY PACKERS
Ted Thompson, o antigo general manager de Green Bay, era um dos poucos apreciadores da filosofia draft and develop: confiava nos atletas universitários escolhidos e fazia contratações pontuais e sem muita badalação na free agency. Seu sucessor, Brian Gutenkust, tratou de acabar com isso. Nesta offseason, os Packers desembolsaram US$ 184 milhões em contratos de jogadores novos, os credenciando como a segunda equipe mais shopper da liga – atrás apenas dos Jets.
O grande nome foi Za’Darius Smith. A escolha de quarta rodada de Baltimore em 2015 finalmente teve a temporada da carreira com 8.5 sacks e 25 quarterback hits em 2019. Suficiente para merecer US$ 16,5 milhões por ano? Talvez não. Preston Smith, ex-Redskins, também vem para ajudar um grupo que tinha dificuldades em derrubar o quarterback adversário. Mas certamente a contratação que mais agradou os fãs foi a de Adrian Amos e por dois motivos: o excelente custo-benefício (contratar um dos melhores safeties da liga a US$ 9,5 milhões por mês é um negócio fantástico) e o fato de você se reforçar com um atleta vindo de um time da mesma divisão e rival histórico como é o caso do Chicago Bears.
O primeiro dia do Draft dos Packers dividiu opiniões. Pelas estatísticas uns acharam que a escolha de Rashan Gary e a subida para pegar Darnell Savage foram verdadeiros reaches. Outros preferem analisar os tapes de ambos e se basear no fato que muitos atletas que hoje brilham na NFL não tiveram números expressivos no college. Nos dias seguintes, os Packers foram muito bem ao selecionar prospectos que realmente se encaixavam na proposta do time e que eram cotados para sair mais cedo. Destaques para o tight end Jace Sternberger, o linha defensiva Kingsley Keke e o linebacker Ty Summers.
Uma coisa não dá para negar: é uma nova era em Wisconsin. Torcedores terão que se acostumar com as saídas de jogadores que tiveram boas passagens pelos Packers, mas que decepcionaram nas últimas temporadas – casos de Clay Matthews e Randall Cobb. Mas, apesar do overpaying em Za’Darius Smith (devido ao quentíssimo mercado de edge rushers) e em Billy Turner (esse sem nenhuma explicação aparente), foi uma offseason interessante por parte de Green Bay, que foi exatamente atrás do que precisava. A não chegada de um wide receiver também é um ônus, veremos o que o treinador Matt LaFleur está tramando com Sternberger e a volta de Geronimo Allison ao time.
Desempenho: regular
Foto: Reprodução Twitter/Green Bay Packers
MINNESOTA VIKINGS
Minnesota viveu um 2018 de altos e baixos. A defesa continuou sendo a alma do time, ficando novamente entre as cinco melhores unidades da liga, mas o ataque deixava a desejar. Kirk Cousins mostrava que não conseguia vencer grandes jogos apesar do caminhão de dinheiro dado a ele. Para 2019, Minnesota perdeu muita gente do time que ficou fora dos playoffs, mais especificamente cinco titulares, sendo três linhas ofensivas.
É da free agency que vem as decisões mais questionáveis. O contrato gigante oferecido ao quarterback Kirk Cousins na temporada passada já limitava bastante os gastos. Os US$ 67,5 milhões por cinco anos oferecidos a Anthony Barr, que resolveu de um dia para o outro abandonar os Jets, não ajudam. O edge rusher mostrou-se inúmeras vezes incapaz de exercer a função de cobertura no passe que os técnicos insistiam em adequá-lo no esquema. Os Vikings se desesperaram com as inúmeras baixas em sua OL e adquiriram Josh Kline, um guard que fez parte do grupo responsável por destroçar Marcus Mariota em 2018. Rick Spielman ainda trouxe Shamar Stephen, uma opção mais barata a Sheldon Richardson, que foi para os Browns.
Porém, em se tratando de Draft, Minnesota fez um trabalho espetacular. Foram em cheio na principal need da equipe, o interior da linha ofensiva. Vieram o center Garrett Bradbury (o que abre a possibilidade de Pat Elfein mover-se para guard) e Dru Samia. Irv Smith, tight end, no meio da segunda rodada foi um verdadeiro steal. As últimas notícias dão indícios de que a chegada dele é justamente para substituir num futuro próximo Kyle Rudolph, que não vai aceitar reduzir seu salário, e não para complementá-lo.
Falando em substituição, a transição no corpo de running backs para auxiliar Dalvin Cook foi bem feita – sai Latavius Murray, entra Alexander Mattison. O linebacker Cameron Smith e o defensive tackle Armon Watts também são bons valores sobretudo pela posição onde foram escolhidos (quinta e sexta rodada, respectivamente).
É seguro dizer que o Vikings tiveram uma das piores movimentações de free agency dos últimos anos. Focaram em trazer de volta um jogador que vendo sendo bem inconsistente – e pagaram caro por isso. Com o pouco dinheiro que sobrou trouxeram apenas uma peça para o setor mais crítico do time – e novamente um overpaying. Por outro lado, Spielman fez um excelente trabalho nos outros quesitos. Talvez a melhor notícia não seja nem a chegada desses jogadores, mas sim a saída de atletas como Richardson e Murray que, apesar de boas performances com a camisa de Minnesota, não compensavam o alto custo. O Draft foi sólido, tendência que vem se repetindo ao longo das últimas temporadas.
Desempenho: regular
(Foto: Reprodução Twitter / Minnesota Vikings)
ANÁLISE: OFFSEASON NFL 2019
Próximas:
AFC Norte – 23/5
AFC Sul – 27/5
NFC Sul – 30/5