[ANÁLISE] Offseason da NFL 2019: Divisão Leste da AFC
"Parque de diversão" do New England Patriots pode não ser tão divertido assim em 2019; confira análise
Ahhh, a AFC East. Mais previsível que Game of Thrones e mais sem emoção do que as finais do Oeste da NBA. Nas últimas 16 temporadas, 15 vezes o campeão foi o New England Patriots, com a única exceção a temporada de 2008, na qual Tom Brady rompeu o ligamento cruzado e o Miami Dolphins aproveitou para conquistar a divisão.
O parquinho de diversões de Brady e Bill Belichick promete todo ano dar mais emoção. Profetas vivem tentando acertar o início do fim da maior dinastia da história da NFL. No entanto, ano após ano, New York Jets, Buffalo Bills e Miami Dolphins morrem na praia tentando superar um adversário que parece insuperável.
Dito isto, serei polêmico (!) e assumirei o posto de profeta da vez para colocar emoção na prévia da AFC East de 2019. Com um Buffalo Bills reforçado – que já era dono de uma excelente defesa e adicionou peças importantes –, um New York Jets de cara nova após as adições do head coach Adam Gase e do running back Le’Veon Bell e um Miami Dolphins…. que continua terrível e em reconstrução, o trio pode ser mais do que apenas um saco de pancadas da franquia de Massachusetts.
Seguimos o especial de offseason do The Playoffs analisando o que cada time da Divisão Leste da Conferência Americana fez até pensando na temporada 2019.
BUFFALO BILLS
Os Bills vêm tentando uma “reconstrução competitiva” desde que o mundo é mundo. Isso significa manter os pontos fortes do elenco e tentar uma vaga nos playoffs todos os anos, ao invés de desmontar tudo por completo para que o time tenha escolhas altas no Draft e com isso abra mão de algumas temporadas.
Dessa vez, o processo parece estar dando algum resultado. O time do técnico Sean McDermott teve o segundo melhor DVOA* defensivo da NFL em 2018, atrás apenas do Chicago Bears, e adicionou o dinâmico Ed Oliver no draft para complementar essa forte unidade. No ataque, o time foi muito limitado no ano passado por conta de sua linha ofensiva, e, por isso, adicionou várias peças da posição como Cody Ford (segunda rodada do Draft, tackle), Mitch Morse (free agency, center), Spencer Long (free agency, center/guard), Ty Nsekhe (free agency, tackle), Jon Feliciano (free agency, guard) e LeAdrian Weddle (free agency, tackle).
O grande investimento na linha ofensiva pode fazer despertar todo o potencial do segundanista Josh Allen – ainda que este que vos escreve seja um cético com relação ao potencial do ex-quarterback de Wyoming –, que certamente terá de evoluir muito para que Buffalo passe a ser um time competitivo nos playoffs (chegando lá). A adição do running back Devin Singletary no Draft também dá aos Bills um corredor mais pesadão e jovem para complementar o jogo do dinâmico LeSean McCoy e do eterno Frank Gore, recém-chegado em Buffalo.
Para mim, tudo o que falta para que o time do general manager Brandon Beane se torne o principal candidato a destronar os Patriots é a evolução de Allen na posição de quarterback, especialmente no quesito passe, no qual deixou muito a desejar em 2018. Mesmo que isso não aconteça, o potencial defensivo da equipe, unido ao forte jogo terrestre dos comandados de McDermott, deve colocar os Bills pelo menos na briga por uma vaga de wild card na pós-temporada.
Desempenho: positivo
*Eficiência defensiva segundo o site Football Outsiders
(Foto: Stephen Maturen/Getty Images)
MIAMI DOLPHINS
Na escala “ameaça a New England”, os Dolphins ficam em último em comparação aos outros dois rivais de divisão. Isso não significa, porém, que eu não tenha gostado dos movimentos que a franquia da Flórida vem fazendo nesta intertemporada. Os Dolphins mandaram embora o técnico Adam Gase – agora técnico do rival Jets – e trouxeram o coordenador defensivo do atual campeão e também rival, Brian Flores.
A última vez que um time contratou um coordenador defensivo de New England foi quando o Detroit Lions tornou Matt Patricia seu head coach, e até aqui o resultado (uma temporada) não foi positivo. No entanto, Flores foi muito exaltado por todos que circundam o time de Belichick, e teve um papel importante na construção da defesa que limitou o fortíssimo ataque do Los Angeles Rams a apenas três pontos no Super Bowl LIII.
Além de Flores, os golfinhos selecionaram o linha defensiva Christian Wilkins no Draft – jogador com DNA de campeão tendo vestido a camisa de Clemson Tigers na universidade – que deve servir como um líder dentro e fora de campo para a franquia, substituindo a saída do veterano Cameron Wake, que trocou Miami por Tennessee.
Mas vamos ao que interessa. Os Dolphins não estão pensando em 2019. A ideia aqui é reconstruir do zero a franquia e competir a partir de 2020 ou até 2021. Só que uma oportunidade apareceu no meio do caminho e o general manager Chris Grier não hesitou em aproveitá-la. Falo aqui da troca entre Arizona Cardinals e Miami Dolphins. Vejam, não estou cravando que Josh Rosen – ex-quarterback de Arizona – será uma estrela, mas os Dolphins tiveram que ceder apenas uma escolha de segunda rodada para apostar em Rosen, o que para mim configura um movimento de baixo risco e possibilidade de uma das maiores recompensas que um time de futebol americano pode receber: um franchise quarterback.
Caso o plano vá por água abaixo e Rosen jogue mal – como no ano passado -, Miami terá uma boa chance de obter uma escolha alta no Draft e seguir em frente com um novo quarterback em 2020. Isso sem contar o recém-chegado Ryan Fitzpatrick, que já mostrou ser capaz de pegar fogo durante algumas semanas na temporada e jogar como um Patrick Mahomes barbudo, velho e estiloso.
Desempenho: positivo
(Foto: Joe Robbins/Getty Images)
NEW ENGLAND PATRIOTS
Todo ano fico com a sensação de que os Patriots perderam muito talento e será difícil apresentar um bom futebol americano na temporada seguinte. Todo ano eu estou errado. O mais impressionante da dinastia Brady-Belichick é a consistência com que a defesa de New England consegue neutralizar seus oponentes, especialmente nos meses de dezembro e janeiro.
Este ano, Belichick perdeu seu coordenador defensivo novamente (Flores para os Dolphins), além de Trey Flowers – arguivelmente o melhor jogador da defesa dos Patriots em 2018 –, Malcom Brown, Eric Rowe, e no ataque perdeu Chris Hogan, Cordarrelle Patterson, LaAdrian Waddle e Trent Brown. Ouch. Em compensação, poucos nomes de impacto assinaram com a franquia, como Demaryius Thomas – que vem de lesões e baixa produtividade -, Austin Seferian-Jenkins – que nunca engrenou na liga – e nomes como Benjamin Watson e Jared Veldheer.
A maior ausência, no entanto, será de Rob Gronkowski. Talvez o melhor tight end da história da NFL, Gronk optou por se aposentar por cima – com o título da temporada passada – após sofrer com múltiplas lesões durante sua carreira.
Por outro lado, na minha opinião, a melhor aquisição dos Patriots foi o defensive tackle Mike Pennel, ex-New York Jets. Com um contrato de dois anos e US$ 5 milhões, Pennel é excelente contra o jogo terrestre e deve servir como âncora na linha defensiva dos Patriots, ao lado do recém-draftado Chase Winovich, que tem tudo para ser mais um “diamante bruto” lapidado por Belichick e companhia.
Mesmo com um time com muitas caras novas e uma divisão reforçada, o trono de ferro ainda é de Bill Belichick, que certamente mostrará seus dons como técnico ao montar uma defesa capaz de aparecer nas horas mais importantes da temporada. Já no ataque, a manutenção do trio Tom Brady, Josh McDaniels (coordenador ofensivo) e Dante Scarnecchia (coordenador da linha ofensiva) praticamente garante que os Patriots irão figurar entre os melhores ataques da liga. Olho na evolução de Sony Michel – que já foi uma peça importantíssima em 2018 – bem como no recém chegada N’Keal Harry, wide receiver de Arizona State selecionado na primeira rodada do Draft.
Desempenho: neutro
(Foto: Reprodução Twitter/NFL)
NEW YORK JETS
Jets e Bills guardam algumas similaridades. Assim como seus rivais azuis, os jatos de Nova York contam com a evolução de um quarterback em seu segundo ano na liga. Sam Darnold – que no ano passado teve o melhor rating da liga no mês de dezembro – terá no técnico Adam Gase seu maior aliado para tentar um salto capaz de colocar seu time na disputa pelos playoffs.
Porém, do outro lado da bola a história é outra. Enquanto Buffalo é dono de uma das melhores defesas da NFL, Nova York sofreu em 2018 para lidar com os ataques adversários. Na estatística de eficiência defensiva, os Jets ficaram apenas na 21ª posição. Esse foi um dos motivos que levou o time a selecionar o talentosíssimo Quinnen Williams (#3) e o polêmico Jachai Polite (#68) com suas duas primeiras escolhas no Draft deste ano, bem como assinar um contrato milionário com o linebacker C.J. Mosley, que deve se tornar um dos líderes dessa defesa juntamente com o safety Jamal Adams.
No ataque, a prioridade foi aumentar o talento ao redor de Darnold para tirar o ataque das últimas colocações da liga – os Jets foram apenas o 28º melhor em eficiência ofensiva. Para isso, o general manager Mike Maccagnan trouxe o jogador mais cobiçado da free agency: o running back Le’Veon Bell e suas quase 8.000 jardas de scrimmage na carreira. Mas não foi só isso. Maccagnan também assinou com o versátil Jamison Crowder, ex-Washington Redskins e draftou o tight end Trevon Wesco e o ex-colega de universidade de Darnold Chuma Edoga, tackle de USC.
Com tantas novas peças dentro de campo e nas sidelines – com a chegada de Gase e do novo coordenador defensivo Greg Williams –, a temporada de Nova York ainda é uma incógnita, com um alto potencial de risco com tantas peças inflamáveis perto umas das outras (Gase, Bell, Williams, Adams). Caso tudo dê certo – Darnold evolua, Bell volte a ser o jogador que era antes de ficar um ano fora da liga para renegociar seu contrato, Gase consiga mostrar o que fez em seu primeiro ano em Miami, quando venceu dez partidas e levou o time aos playoffs, e as novas peças defensivas se encaixem, os Jets podem até ameaçar a liderança dos Patriots, mas eu não apostaria nessa possibilidade.
Desempenho: 8 ou 80 (então, neutro)
(Foto: Reprodução Twitter/New York Jets)
ANÁLISE: OFFSEASON NFL 2019
Próximas:
NFC Leste – 16/5
NFC Norte – 20/5
AFC Norte – 23/5
AFC Sul -27/5
NFC Sul – 30/5