[REVIEW] Semana 4 do College Football
Tiroteio entre TCU e Texas Tech, surra de Utah em Eugene. Semana também é marcada pela saída de vários times do Top 25
Mais uma semana chega ao fim e as surpresas reaparecem de vento em popa. Resultados extremamente inusitados marcaram mais uma semana louca de College Football. A semana foi péssima para muitos times da SEC e boa para muitas equipes da Pac-12, que hoje talvez seja a melhor conferência do College Football a despeito da ausência de uma equipe da conferência no Top 5.
O inferno astral da SEC
Pode ser muito cedo para se fazer uma conclusão e pode ser que alguma equipe da conferência conquiste o título nacional. Ou seja, eu ainda posso errar – e feio. Porém, os resultados e os desempenhos de muitas das equipes da conferência são claramente preocupantes. A dominância recorrente dos times da SEC simplesmente não existe. A única coisa que restou intacta na maioria dos times foi a defesa. Essa ainda continua a ser assim.
Analisando a divisão leste, verifica-se que apenas Georgia configura-se em uma equipe competitiva e com chances de lutar por algo. Missouri não se revela competitiva, tanto que perdeu para Kentucky, a qual também não é um time forte. Tennessee já perdeu dois jogos e – pelo andar da carruagem – o pior ainda está por vir. South Carolina e Florida são duas equipes em renovação (apesar do desempenho bem distinto) e não devem ser páreos fortes para os Bulldogs (aliás, South Carolina já levou sua surra de Georgia nesse ano). Vanderbilt então, nem se fala.
No lado oeste, alguns times ainda se salvam, mas todos com ressalvas: Ole Miss, melhor colocada da SEC nos rankings, apresenta um time forte, mas ainda é cedo para dizer se conseguirá manter o ritmo. LSU também está invicta, porém é muito dependente de Leonard Fournette. Ele até pode vencer o Heisman Trophy, mas é preciso mais do que isso para que a equipe se transforme em candidata a título. Texas A&M vem apresentando altos (vitória fácil sobre Arizona State) e baixos (vitória sofrida contra Arkansas nesse último sábado), talvez ainda não esteja madura o suficiente. Alabama sofre com a ausência de um quarterback de bom nível (falem mal do Blake Sims agora) e o jogo terrestre aparentemente não conseguirá carregar o ataque sozinho. Mississippi State tem um grande QB, mas um time totalmente órfão das peças perdidas em 2014 e dificilmente conseguirá sobreviver em meio ao caos da conferência. Auburn e Arkansas já não possuem mais chances de título, além de decepcionarem totalmente seus torcedores.
Enfim, é cedo demais para se tirar conclusões, mas HOJE o cenário é esse. Tal situação tira o posto de melhor conferência do College Football da SEC e a passa para a Pac-12, que conta com inúmeros times competitivos – tais quais Stanford, USC, Utah, UCLA e California, por exemplo.
Quem passeou
Sempre existem aquelas equipes que ganham por placares altíssimos e com performances sensacionais, trazendo ânimo ao torcedor no sonho de uma grande temporada. Geralmente são vitórias contra equipes fracas, mas também existem grandes vitórias feitas contra fortes equipes. Quem passeou nesse sábado? Confira abaixo.
Baylor Bears (vitória sobre 70-17 sobre Rice)
O pirotécnico ataque de Art Brilles não fez nada além do normal: derrotou facilmente a rival estadual Rice por 70-17. A equipe teve mais de 700 jardas pela 3ª vez na temporada (nesse sábado foram 793) e anotou 70 pontos ou mais pela 6ª vez desde 2013. Destaque para o jogo corrido, que anotou 427 jardas terrestres com 7 jogadores diferentes. Seth Russell, QB da equipe, completou 12 de 16 passes para 277 jardas e 6 touchdowns. Tá bom, né? Pra Rice, foi a 25ª derrota consecutiva para um time ranqueado. A última vitória foi em 1997.
UCLA Bruins (vitória por 56-30 sobre Arizona)
Seria um crime deixar UCLA de fora. O time simplesmente PASSEOU em Tucson com bom desempenho do calouro Josh Rosen, que completou 19 de 28 passes para 284 jardas e 2 touchdowns, além de anotar um TD terrestre. Além disso, o running back Paul Perkins anotou 3 touchdowns. Apesar da defesa ceder 327 jardas terrestres, limitou Anu Solomon, quarterback de Arizona, a míseras 55 jardas de passe. No momento, os Bruins se configuram, juntamente com Utah, nas melhores equipes da Pac-12.
O twitter atlético da Universidade de Arizona até fez piada sobre o jogo:
. @Pac12Networks Current status of the @AZATHLETICS social media command center:#FacebookDown pic.twitter.com/kPb8pzEN7v
— Arizona Athletics (@AZATHLETICS) September 28, 2015
Notre Dame Fighting Irish (vitória por 62-27 sobre Massachusetts)
A despeito dos 27 pontos sofridos, Notre Dame venceu sem maiores dificuldades a Universidade de Massachusetts por 62-27. O jogo corrido imperou em South Bend: com 457 jardas terrestres, foi o 4º jogo consecutivo do Fighting Irish com mais de 200 jardas. No entanto, a defesa contra o jogo corrido precisa evoluir: o setor cedeu 168 jardas e 3 touchdowns terrestres com 3 jogadores diferentes. E olha que o adversário era fraquíssimo.
Iowa Hawkeyes (vitória por 62-16 sobre North Texas)
Ok, Iowa não está no Top 25, mas nem por isso deve ser ignorada. Os Hawkeyes também enfrentaram um cupcake (nome dado aos confrontos contra universidades fracas) e acabaram vencendo por 62-16. Aliás, foi a primeira vez desde 2002 que a equipe anotou mais de 60 pontos em um jogo. Destaque para a secundária, que interceptou dois passes dos quarterbacks (sim, North Texas usou 3 QBs na partida) do adversário e retornou ambos para touchdown. Iowa recebeu 37 votos no último ranking da Associated Press, o que lhe dá a 29ª posição geral.
Quem venceu com as calças na mão
Eles também venceram, mas deixaram uma pitada de dúvida sobre a sua real capacidade. Eis um prato cheio para os críticos. Confira:
TCU Horned Frogs (vitória por 55-52 sobre Texas Tech)
Por muito pouco a equipe de Fort Worth não viu a sua invencibilidade ruir com apenas quatro semanas de temporada. O jogo foi um verdadeiro tiroteio, com TCU vencendo o jogo nesta jogada MALUCA:
Entre jardas aéreas e terrestres, foram 1357 jardas e 14 touchdowns. TCU cedeu 607 jardas, péssimo sinal para quem quer lutar por título nacional. Nem sempre a equipe vencerá jogos da mesma maneira que nesse sábado.
Texas A&M Aggies (vitória por 28-21 sobre Arkansas)
Texas A&M perdia o jogo por 21-13 até os minutos finais quando o running back Tra Carson – que nada havia feito durante toda a partida – anota touchdown terrestre de 5 jardas para empatar o jogo. O time ainda teve uma chance de vencer a partida no tempo regulamentar depois da defesa forçar fumble do quarterback Brandon Allen, de Arkansas, a 1:08 do final. Mas… SOLTA A HASHTAG! #CollegeKickers
https://vine.co/v/exprjnVXnZr
Bom, isso foi o que eu consegui. O chute foi pra fora.
O jogo foi para a prorrogação. Kyle Allen achou Christian Kirk na endzone para abrir o placar na prorrogação. Na vez de Arkansas atacar, a defesa dos Aggies apareceu e parou uma 4ª pra 4. Vitória importante contra um adversário forte, mas nem por isso deixa de merecer a condição de vitória com as calças na mão mesmo.
Northwestern Wildcats (vitória por 24-19 sobre Ball State)
O adversário era Ball State, uma universidade de qualidade média da Mid-American Conference. Vitória fácil, correto? Não. Em um jogo feio de se ver, os Wildcats venceram os Cardinals por míseros 24-19. Os destaques ficaram por conta das defesas, principalmente a de Northwestern, que cedeu apenas 359 jardas. De destaque ofensivo, Dan Vitale, wide receiver de Northwestern, teve 5 recepções para 108 jardas e 2 touchdowns. Números nada espetaculares, mas que deixam a equipe da Big Ten invicta.
Adeus, título nacional
Bom, a regra é muito simples: duas derrotas na temporada, sem conversa. A não ser que ocorra algo parecido com 2007, não há como uma equipe conquistar o título nacional depois da segunda derrota. A regra vale para equipes do Power Five (equipes como Boise State não conseguem lutar por título mesmo estando invictas, imagina perdendo) e universidades independentes. Bom, seguindo a nossa lógica, muitas universidades abandonaram o sonho nesse sábado.
Oregon Ducks (derrota por 62-20 para Utah)
A mais significativa derrota é a de Oregon, que levou 62 pontos em casa para Utah. A derrota foi marcante por duas razões:
- Foi o jogo com a maior quantidade de pontos que Oregon já sofreu no Autzen Stadium em toda a sua história.
- Pela primeira vez desde setembro de 2009, a equipe não está mais ranqueada.
A derrota para Utah marcou o óbvio: Oregon tem uma defesa fraquíssima. Bom, a defesa nunca foi o destaque da universidade, mas o que está acontecendo em 2015 é simplesmente uma piada: em 4 jogos, o time já levou 163 pontos, o que dá uma média de 40,8 pontos sofridos por partida, a 11ª pior da FBS. Isso, aliado às indefinições quanto a quem será o quarterback titular (Jeff Lockie atuou contra Utah e fez uma partida horrível) tiram ainda o poder de fogo do ataque, o maior trunfo dos Ducks.
O que podemos dizer? Quack, quack, Oregon. O resto da temporada será duro.
Georgia Tech Yellow Jackets (derrota por 34-20 para Duke)
Foi um upset DAQUELES. Conhecida pelo sua poderosa triple option, a equipe surpreendentemente foi parada pela defesa contra o jogo terrestre de Duke (que frise-se, nem chega a ser o destaque no setor): foram apenas 171 jardas terrestres, o pior desempenho desde o Music City Bowl de 2013. Com isso, Duke conseguiu fazer uma partida sólida no ataque e colocou-se em totais condições para vencer a partida: 34-20 merecido.
BYU Cougars (derrota por 31-0 para Michigan)
Durou pouco o sonho de uma grande temporada sem Taysom Hill. Michigan simplesmente passou o trator nos Cougars sem choro nem vela. Tanner Magnum lançou para míseras 55 jardas (média de apenas 2 jardas por passe lançado) e o melhor corredor da equipe no jogo, Adam Hine, correu para ridículas 33 jardas. Resultado: derrota por 31-0 e o primeiro shutout sofrido por BYU desde 2003.
Auburn Tigers (derrota por 17-9 para Mississippi State)
O inferno astral de Auburn persiste. Citei no preview que era praticamente impossível prever como o ataque de Auburn iria se portar após a troca de quarterback titular. Bom, o desempenho ofensivo foi extremamente fraco: Sean White completou 20 de 28 passes para apenas 188 jardas e 1 interceptação. O running back Peyton Barber ainda conseguiu anotar 137 jardas terrestres, mas a equipe acabou parada pela defesa meia-boca de Mississippi State e em jogo típico de times da SEC, perdeu por 17-9.
De doer o coração
Texas jogava contra Oklahoma State em casa. Os Longhorns venciam o jogo por 27-24 faltando 1:34 para o final do jogo, quando o adversário anotou Field Goal de 41 jardas. Tudo bem, dá tempo de anotar outro Field Goal e vencer o jogo, não é?
Bem, além de isso não acontecer, tudo resolveu dar errado de uma vez só. Texas não avançou na campanha seguinte e se viu obrigada a devolver a bola para Oklahoma State em punt. Porém, o punter calouro não agarrou a bola no snap e acabou chutando a bola pra fora, com ela tendo viajado apenas 10 jardas.
https://vine.co/v/exdWeqKHaUA
Só restou a Oklahoma State administrar o relógio e chutar o Field Goal da vitória de 40 jardas nos segundos finais. Texas só venceu 1 jogo dentre 4 disputados e o caos persiste.
EMPOLGOU
Torcer pra Tennessee é algo sofrido. Falo por experiência própria. Neste ano, o time foi muito bem cotado por boa parte da imprensa e até mesmo considerada como segunda força da divisão leste da SEC. Quatro semanas depois, o cenário é quase desastroso: uma campanha 2-2, com duas derrotas extremamente duras de engolir contra Oklahoma e Florida. Aliás, a derrota contra Florida foi ainda pior pelas circunstâncias: os Vols não derrotavam os Gators há 11 anos, o adversário encontrava-se em processo de reconstrução e o time ganhava por 13 pontos de vantagem no início do 4º período. Vitória garantida, correto? Não. Tennessee conseguiu a proeza de ceder a virada após esta jogada:
Ainda havia tempo pra virada. Para isso, a equipe precisava de um Field Goal. No entanto, a campanha foi tão espalhafatosa e mal estruturada que só foi possível alinhar o kicker para chutar um Field Goal de 55 jardas. A nível de College Football, um chute dificílimo. Aliás, o chute mais longo do kicker Aaron Medley, de Tennessee, havia sido de 46 jardas. Mas desespero é desespero, coloquem ele logo. E…
https://vine.co/v/exdeELEwmhj
ERROU!
Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Butch Jones, treinador de Tennessee, comemorou como se o Field Goal tivesse sido acertado, dando uma bela duma EMPOLGADA. Se você verificar no vine, a bola passa muuuito perto, mas muito perto mesmo. Mas não entra. E aí fica aquela resignação, tristeza e… ah, chega disso.
Se precisasse definir a derrota de Tennessee em uma palavra, ela seria: brutal.
Perguntas pós-semana 4
Onde estão os cidadãos que ranquearam Arkansas e Tennessee no começo da temporada? Quem são? Como vivem? Do que se alimentam? Sexta, no Globo Repórter.
Com a má fase de Oregon, o seu reinado na Pac-12 North está ameaçado?
A defesa de TCU é confiável?
Qual é o tamanho do mérito do QB calouro Josh Rosen no sucesso da campanha de UCLA até agora?
Top 25
Este é o Top 25 da Associated Press ao final da Semana 4. Lembrando: ele não tem valor algum para a seleção das universidades que irão disputar o College Football Playoff e os Bowls de Ano Novo.
Se a temporada acabasse agora, quem iria para o College Football Playoff?
Bom, como as coisas mudam de uma semana pra outra e eu quero me redimir da minha aposta em Auburn no College Football Playoff (sem falar dos mais empolgados), vamos incorporar o espírito do comitê de seleção e selecionar nossas semifinais do futebol americano universitário.
Se a temporada acabasse hoje, nossos palpites ficariam assim:
Cotton Bowl, 31/12: Ohio State vs. Ole Miss
Orange Bowl, 31/12: Michigan State vs. UCLA
Final nacional: Ohio State vs. UCLA
Que semana maluca, né?
Bem, este foi o nosso post de revisão dos jogos da Semana 4 do College Football em parceria com o The Playoffs. Curtam a nossa página no Facebook e no Twitter. Sejam bonzinhos. Gosto de dizer que o nosso estilo de post é bem despojado mesmo, sem aquela seriedade careta que não cativa ninguém. Deixe seu comentário sobre os nossos posts de previsão e revisão (o que podemos adicionar, retirar e tal). Voltamos com a nossa prévia para a Semana 5. Tchau!