[PRÉVIA] Playoffs NBA 2022: Phoenix Suns x Dallas Mavericks
Superando lesões de astros, Suns e Mavericks se enfrentam buscando final de conferência consecutiva
Depois de sofrerem com lesões de seus astros na primeira rodada dos playoffs da NBA, mas avançarem sem muitos sustos, Phoenix Suns e Dallas Mavericks se enfrentam nas semifinais da Conferência Oeste em série que se inicia nesta segunda-feira (2), no Footprint Center, em Phoenix. Com Devin Booker e Luka Doncic de volta e inteiros, a série promete ser disputada jogo a jogo.
Depois de perderem as finais da NBA de 2021 para o Milwaukee Bucks, os Suns fizeram a manutenção do elenco e fecharam a temporada regular com 64 vitórias, melhor campanha da liga e melhor marca de vitórias da franquia em toda sua história. O time conseguiu dar certo descanso para Booker e Chris Paul na reta final da temporada regular, mas, ainda assim, viu seu astro mais novo sofrer com uma lesão na coxa no meio da série de primeira rodada. Já com Booker de volta, os Suns se tornam franco favorito.
Com sua melhor campanha de temporada regular desde 2010/2011, quando venceram seu único título da liga, os Mavericks tiveram nova vida com a chegada de Jason Kidd e a mudança no elenco, que despachou Kristaps Porzingis e trouxe o armador Spencer Dinwiddie. Dallas melhorou seu desempenho nos playoffs e viu o surgimento de um grande jogador com a subida de produtividade de Jalen Brunson. Ainda com Doncic de volta e saudável, a equipe terá uma chance, mas não pode nem pensar em desperdiçar qualquer coisa em qualquer jogo.
Suns e Mavericks se enfrentaram em playoffs em duas oportunidades na história. Em 2005, os Suns venceram as semifinais de conferência por 4 a 2, já em 2006, vitória dos Mavericks por 4 a 2 nas finais de conferência, ano em que Dallas venceu seu primeiro e único título.
Diante disso, o que esperar dessa série? Confira em mais uma prévia do The Playoffs!
(Foto: Richard Rodriguez/Getty Images)
SUNS x MAVERICKS: COMO CHEGAM
Time de melhor campanha da temporada regular, com 64 vitórias em 82 jogos, o Phoenix Suns teve uma sequência de nove vitórias seguidas na reta final da temporada, mas terminou a fase regular com quatro derrotas nos últimos seis jogos, momento em que os Suns já mesclavam os titulares com os reservas e conseguiram muitas vezes poupar Chris Paul e/ou Devin Booker.
Já na primeira rodada dos playoffs, contra um embalado New Orleans Pelicans, a equipe sofreu mais que o esperado, ainda mais depois da lesão de Booker, em meio ao jogo 2 da série. Booker ficou fora dos jogos 3, 4 e 5, mas retornou para a sexta e decisiva partida e os Suns conseguiram despachar o rival com vitória por 4 a 2.
Melhor time da temporada regular, Phoenix foi o time mais equilibrado entre ataque e defesa, sendo o único top-5 em índice ofensivo (média de pontos feitos a cada 100 posses) e índice defensivo (média de pontos levados a cada 100 posses) de toda a NBA. Phoenix foi o quinto em offensive rating, com 114,2, e o terceiro em defensive rating, com 106,8, números que o colocaram com o primeiro time em net rating (offensive rating – defensive rating), com 7,5.
Do lado ofensivo, a equipe foi umas das melhores a cuidar da bola e achar bons arremessos. Os Suns tiveram média de 12,9 desperdícios, o que correspondeu a uma média de somente (coincidentemente) 12,9% das posses ofensivas da equipe, quarta melhor marca de toda a NBA na temporada regular. A baixa porcentagem de erros aliada a um estilo de jogo altruísta da equipe, liderado por CP3, fez com que o time tivesse a terceira melhor relação assistência/turnover da NBA, com 2,12 assistência por erro cometido. Na regular, Phoenix teve a melhor média em aproveitamento de arremessos de quadra (48,5%) e, tão bom quanto isso, teve a quarta melhor marca em eficiência de arremessos de quadra (eFG%), com 54,9% e a quinta melhor em true shooting (TS%), com 58,1%, parâmetro que considera em conjunto arremessos de dois, três e lances livres.
Do lado defensivo, a terceira melhor defesa da liga em índice defensivo, destacou-se pela organização, não permitindo muitos pontos em contra ataques (11,3), cedendo pouco pontos a partir de erros (14,8) e protegendo decentemente o garrafão (média de 45,2 pontos sofridos, oitava melhor marca da liga).
Desfalcado por Booker em praticamente três partidas e meia da primeira rodada dos playoffs, Phoenix viu o ataque conseguir se manter potente (terceiro melhor índice ofensivo da pós-temporada, com 117,8), cuidando bem da bola, distribuindo bem o ataque e arremessando com qualidade, mas também viu o sofrimento na defesa, sexta pior da pós-temporada em índice defensivo, com 115,6 pontos sofridos a cada 100 posses, quase nove pontos pior em comparação com a temporada regular.
Com exceção de Booker, que claramente sofreu com a lesão, os principais jogadores da equipe melhoraram suas média desde a temporada regular. Os destaques ficam por conta de Chris Paul (subiu de 14,7 para 22,3), Deandre Ayton (de 17,2 para 20,5) e Mikal Bridges (de 14,2 para 17,3).
Com uma arrancada na reta final de oito vitórias nos últimos dez jogos e aproveitando a queda de rendimento do Utah Jazz, o Dallas Mavericks conseguiu ultrapassar o rival de Salt Lake City e fincar pé na quarta posição do Oeste com 52 vitórias, mesmo lidando com ausências constantes de jogadores importantes, como Reggie Bullock e Maxi Kleber, a falta de Luka Doncic em 17 partidas, e a mudança do time, que perdeu Kristaps Porzingis (troca) e Tim Hardaway Jr. (lesão) e viu a chegada de Spencer Dinwiddie.
Contra o Utah Jazz na primeira rodada, Dallas não contou com Doncic nos três primeiros jogos (lesão na panturrilha), mas, ainda assim, com a chave do carro com Brunson e Dinwiddie, conseguiu duas vitórias. Com a volta do astro, nova sequência de duas vitórias e uma derrota, incluindo uma esmagadora vitória de 102 a 77 no jogo 5, e sucesso na série, com triunfo por 4 a 2.
Ofensivamente, Dallas teve uma temporada regular somente razoável, terminando como o 14º em índice ofensivo (112,5), sendo o 18º em aproveitamento nos arremessos de quadra (46,1%), 19º nos arremessos de três (35,0%) e 14º em TS% (57,2%). Descontando os jogadores que saíram da equipe, os Mavericks foram liderados pelos 28,4 pontos e 8,7 assistências de Doncic, mas ainda contaram com os 16,3 pontos de Brunson, 15,8 de Dinwiddie, 14,2 de Hardaway Jr. e 11,0 de Finney-Smith.
Se o ataque não foi dos mais destacados da temporada regular, a defesa surpreendeu e terminou como a sétima melhor em índice defensivo, com 109,1. Mesmo com dificuldades em atividades mais fáceis de serem vistas em um jogo, como roubos de bola (média de 6,7, segunda pior da NBA) e tocos (média de 4,0, terceira pior), Dallas tem boa rotação nas coberturas e se recompõe de modo organizado (sofreu somente 14,4 pontos vindos de desperdícios, segunda melhor marca da liga).
Na primeira rodada da pós-temporada, Dallas, mesmo desfalcado de Doncic na metade da série, conseguiu se manter como top-5 entre os times dos playoffs (net rating de 6,4), sendo o sétimo em índice ofensivo (114,8) e o quinto em índice defensivo (108,4). O bom desempenho ainda passou por outros números de muito destaque, como os somente 8,7 desperdícios de bola por jogo, melhor marca da pós-temporada, a segunda melhor relação assistência/desperdício (2,23) e a sexta melhor porcentagem em TS%, com 57,9%.
Brunson foi o grande destaque da primeira rodada, principalmente na ausência de Doncic. O armador de 25 anos foi de 16,3 pontos, de média, para 27,8 contra os Pelicans. Além dele, Finney-Smith também melhor sua participação ofensiva, saltando de 11,0 pontos para 13,2.
(Foto: Thearon W. Henderson / Getty Images)
O CONFRONTO
O grande ponto para o confronto passa por como os Suns poderão frear Doncic, Brunson e Dinwiddie, tentando limitar as ações ofensivas do trio e pagando para ver o desempenho ofensivo do restante do elenco, claramente mais limitado em relação aos três.
Ainda que o elenco dos Suns pouco mudou ao longo da temporada, o time de Dallas é bem diferente se pegarmos o jogo mais recente entre os dois, no fim de janeiro de 2022. Mais destacadamente, o time contava com Kristaps Porzingis (trocado para os Wizards) e Tim Hardaway Jr. (fora da temporada agora depois de cirurgia no pé) e não contava com Spencer Dinwiddie, porém o último embate ainda pode ser um balizador para o início da série.
Para marcar Doncic, o técnico Monty Williams colocou o versátil ala e ótimo defensor Mikal Bridges na maior parte do tempo, mas também colocou o atlético Cam Johnson na ausência de Bridges. Em algumas poucas posses, Booker também foi destacado para função, algo que de fato não deve ocorrer muito. Mesmo com as diversas trocas nos bloqueios, causando mismatches constantes com Bismack Biyombo ou Dwight Powell, Bridges e Johnson são as melhores opções e devem fazer as honras. Os esforços valeram e no único jogo da temporada que o esloveno atuou contra os Suns, saiu com 28 pontos, mas oito desperdícios e 9/23 nos arremessos de quadra.
Em formações com Doncic, Brunson e Dinwiddie, a defesa dos Suns poderá lançar mão de seus melhores alas defensivos para a função de pegar o trio de armadores. No último jogo da temporada regular, na reta final, Bridges, Johnson e Jae Crowder fecharam a partida sobre Doncic, Brunson e Finney-Smith, então com formações mais baixas, os Suns tem um leque de jogadores mais altos e mais fortes do que o armadores dos Mavericks para tentar contê-los. Ao longo da partida Chris Paul e Jalen Brunson ficaram um vigiando o outro em boa parte do tempo também.
Do lado defensivo, Doncic ficou boa parte em Bridges também, mas muitas vezes esteve em Chris Paul. Doncic não é veloz, mas é um armador grande e sabe muito bem usar o corpo. De qualquer jeito, a opção de Dallas deve ser a de não sobrecarregá-lo na parte defensiva, pois certamente vai precisar de seus esforços no ataque. Doncic deve mesmo ficar boa parte “escondido” marcando alguém com menos volume de jogo me relação às estrelas, sendo Bridges a grande opção. A situação é semelhante com Brunson. Como é um armador de baixa estatura, Kidd optou por deixá-lo grande parte do tempo em alguém que tem pouco volume ofensivo, como Jae Crowder, na reta final.
Para defender Booker, Dallas destacou Finney-Smith, melhor marcador de perímetro da equipe. Não dá para não dizer que o ala dos Mavericks não teve sucesso. Mesmo que Booker tenha terminado a série de jogos contra Dallas com média de 23,7 pontos, foi limitado a 43,9% de aproveitamento nos arremessos de quando, sendo 30% da linha dos três.
O banco dos Suns apresenta mais opções, as quais são bem aproveitadas pelo técnico Monty Williams. Johnson, Cameron Payne, Landry Shamet e Biyombo ou JaVale McGee fazem parte da rotação e entram com mais ou menos minutos ao longo dos jogos, mas vale o destaque de Johson e Payne, que são figuras carimbadas da rotação. Pelos Mavericks, Dinwiddie e Maxi Kleber são os únicos com participações mais efetivas, com Josh Green e Davis Bertans com participações mais limitadas.
(Foto: Christian Petersen/Getty Images)
RETROSPECTO
Na temporada regular, as duas equipes duelaram em três oportunidades, com 100% de aproveitamento dos Suns, mas em jogos equilibrados. A soma da diferença de pontos em favor dos Suns foi de somente 23 pontos, com Phoenix sempre virando o jogo no último quarto. Se o placar total revelou somente 23 pontos de diferença entre os dois times, a diferença considerando somente os últimos períodos foi de 36.
Nos dois primeiros jogos, em Phoenix e ainda em novembro de 2021, os Mavericks não contaram com Doncic pela primeira vez na temporada (dores no joelho e tornozelo esquerdos) e tiveram problemas para fechar as partidas, perdendo no último período. Por outro lado, Phoenix sempre esteve completo nos confrontos e conseguiu virar e fechar a partida na reta final, dominando principalmente o garrafão (nos dois primeiros jogos somados, vitória por 84 a 62).
Na última partida, em janeiro de 2022, com Doncic de volta e um jogo marcado pela má pontaria dos dois times nas bolas de três, os Suns dominaram o jogo defensivamente, forçaram 19 desperdícios dos rivais e fizeram 31 pontos em cima desses erros, com 20 somente em contra ataques.
Suns 105 x 98 Mavericks – 18/11/21, Footprint Center
Suns 112 x 104 Mavericks – 20/11/21, Footprint Center
Mavericks 101 x 109 Suns – 20/1/22, American Airlines Center
AGENDA DA SÉRIE
JOGO 1: Mavericks @ Suns, 2/5, 23h (horário de Brasília)
JOGO 2: Mavericks @ Suns, 4/5, 23h (horário de Brasília)
JOGO 3: Suns @ Mavericks, 6/5, 22h30 (horário de Brasília)
JOGO 4: Suns @ Mavericks, 8/5, 16h30 (horário de Brasília)
JOGO 5: Mavericks @ Suns, 10/5, horário a confirmar*
JOGO 6: Suns @ Mavericks, 12/5, horário a confirmar*
JOGO 7: Mavericks @ Suns, 15/5, horário a confirmar*
*Jogos só acontecem se necessário
PALPITE: Phoenix Suns 4-2 Dallas Mavericks
Em uma série que deverá ser marcada por um bom embate defensivo, a equipe de Dallas deverá subir um degrau a mais no ataque para ter esperança. Se não conseguir ter um volume maior de arremessos dos alas e pivôs e ver as ações concentradas nos armadores, grande chances de não conseguirem avançar, já que esse vai ser o foco defensivo da boa defesa de Phoenix.
A série promete ter grandes jogadas e grandes momentos com ótimos jogadores vivendo grandes fases, como Chris Paul, Devin Booker, Luka Doncic e Jalen Brunson, mas para a série sobreviver a mais de quatro jogadores, é muito provável que o jogadores de Dallas tenham que conviver com muito menos maus momentos em comparação aos de Phoenix.