[PRÉVIA] Final da Conferência Oeste da NBA 2019: Golden State Warriors x Portland Trail Blazers
Depois de 19 anos, Blazers voltam às finais do Oeste e enfrentam os Warriors, atuais tetracampeões de conferência
Depois de vencer o Houston Rockets, naquela que foi a série mais esperada da segunda rodada dos playoffs 2019 da NBA, o Golden State Warriors terá pela frente o encardido Portland Trail Blazers, time que sofreu mas se classificou após vitória apertada fora de casa no jogo 7 contra o Denver Nuggets, no domingo (12). Já nesta terça-feira (14), a Oracle Arena, em Oakland, abre suas portas para receber o jogo 1 das finais da Conferência Oeste.
Pela primeira vez nas finais da Conferência Oeste desde 2000, quando perdeu no jogo 7 para o Los Angeles Lakers, campeão da NBA na oportunidade, o Portland Trail Blazers tem em Damian Lillard e C.J. McCollum, o melhor backcourt atuando nestes playoffs, a esperança de alcançar as finais da NBA. A última vez que a franquia do Oregon chegou tão longe foi em 1992, quando o time liderado por Clyde Drexler perdeu por 4 a 2 para o Chicago Bulls de Michael Jordan e companhia.
Se em Portland uma final não vem há 26 anos e um título não aparece há 42, o mesmo não se pode dizer do Golden State Warriors, que não sabe o que é ficar de fora da série final da liga desde 2015. De lá para cá foram quatro finais da NBA e três títulos, com a campanha surreal de 64-19 em pós-temporada desde estão, excluindo os atuais playoffs. A equipe deverá sofrer com a ausência de Kevin Durant no início da série, mas mostrou que ainda tem em Stephen Curry sua principal figura.
Frente à grande expectativa, o que esperar dessa série? Vamos a mais uma prévia do The Playoffs!
WARRIORS x BLAZERS
Depois de sofrerem duas derrotas contra o bravo Los Angeles Clippers na rodada de estreia da pós-temporada, os Warriors se ajustaram e conseguiram passar pelos Rockets sem o susto que tiveram nas finais de conferência da temporada passada, vencendo a série por 4 a 2. Quase sempre com Curry e Klay Thompson limitados nas marcações adversárias, coube a Durant o papel de líder ofensivo da equipe, algo que o ala está acostumado e conseguiu levar sem baixar a guarda.
Na primeira rodada, os Warriors contaram com uma das melhores produções ofensivas entre todos os times. Os 124,5 pontos por partida foi a segunda maior marca da primeira rodada, atrás apenas do Milwaukee Bucks. Além disso, o percentual de acerto dos arremessos de quadra foram dignos de nota. A equipe californiana teve 50,2% de aproveitamento nos arremessos de quadra (2º, atrás de Milwaukee), sendo 39,9% nas bolas de três (2º, atrás de Portland).
Na segunda rodada, contra os Rockets, a equipe não baixou o nível do ataque, terminando a fase com 111,7 pontos por partida (3º, atrás de Milwaukee e Denver) e 47% de conversão nos arremessos de quadra (1º), sendo 34,7% nas bolas de três (2º, atrás de Houston).
Quem se destaca é o quinteto da morte da equipe, que atende pelo nome de Hamptons Five. Até machucar a panturrilha, Durant estava entre os melhores da pós-temporada, junto a Damian Lillard, Giannis Antetokounmpo e Kawhi Leonard. Ainda assim, o astro tem até aqui a média de ótimos 34,2 pontos, com 51,3% de aproveitamento nos arremessos de quadra, 41,6% nas bolas de três e 90,1% nos lances livres. Em seguida, Curry vem com 24,3 pontos de média em 44,4% nos arremessos de quadra e Thompson completa o trio com 18,3 pontos em 45,2% nos arremessos de quadra. Fechando o quinteto, Draymond Green tem médias de 12,6 pontos, 9,3 rebotes e 8 assistências e Andre Iguodala completa com 11,8 pontos por partida.
Dominantes contra o Oklahoma City Thunder na primeira rodada, vencida por 4 a 1, os Blazers fizeram uma série extremamente equilibrada contra o Denver Nuggets nas semifinais de conferência. A equipe do Oregon roubou um jogo em Denver, teve um jogo roubado em Portland e acabou por decidir a vaga em um jogo 7 em Denver. Se Lillard esteve em má noite, coube a McCollum a liderança ofensiva da equipe, que conseguiu despachar a segunda melhor campanha da temporada regular do Oeste.
Portland terminou a primeira rodada com um ataque bastante positivo, com 111 pontos de média, sexta melhor marca entre os times da pós-temporada, e 40,5% de aproveitamento nas bolas de fora, melhor marca dos playoffs. Nos rebotes, os 45,4 por jogo foram uma marca top-6 na primeira rodada, mas, por outro lado, a abundância de jogadas de isolamentos dos armadores deram aos Blazers a pior média de assistências entre os 16 times (17,4 assistências por jogo).
Nas semifinais de conferência, a equipe manteve a produção ofensiva, terminando com a série com 111,3 pontos de médias (4º, atrás de Denver, Milwaukee e Golde State), 43,5% nos arremessos de quadra, quinta marca da pós-temporada, e 32,6% nas bolas de três. Como na primeira fase, a equipe acumulou poucas assistências, terminando com 18,9 assistências por partida, à frente apenas dos Rockets.
Diferentes dos Warriors, os Blazers tem maior dependência ofensiva de uma menor parte dos jogadores. Lillard lidera a equipe com 28,4 pontos e 6 assistências por partida nesta pós-temporada, seguido de perto por McCollum, que contribui com 25,6 pontos por partida, em 40,7% nas bolas de três. Além dos dois, somente Enes Kanter, com 12,9 pontos e 10,5 rebotes por jogo e Rodney Hood, com 9,9 pontos, são os destaques, com 10 ou quase 10 pontos de média nesta pós-temporada.
O CONFRONTO
Diferente dos Nuggets, que têm em Nikola Jokic e Paul Millsap boa parte de sua produção ofensiva, os Warriors tem no small ball sua maior força e marca registrada nestes anos vitoriosos da equipe. Logo, o embate que os Blazers terão que enfrentar será um totalmente diferente da rodada anterior. Além do backcourt forte, com Curry e Thompson, os Warriors têm Durant, peças que os Blazers terão dificuldades em conter. A chave para os azarões de Portland é brigar nos pontos que os Warriors têm mais dificuldades.
O principal confronto da série é entre Curry e Lillard, sem dúvidas. Não que eles devam se encontrar a todo momento em quadra. Para fazer a marcação sobre Lillard, quinto cestinha da pós-temporada até aqui, certamente Thompson, melhor marcador de perímetro dos Warriors, será destacado e deverá fazer bom trabalho. Na série contra Denver, Dame teve dificuldades com o ótimo Torey Craig, mas conseguiu ajudar McCollum, seu coadjuvante, a brilhar. O armador de Portland deverá ele mesmo fazer a marcação sobre Curry e deverá fazer bom trabalho, já que evoluiu e muito este fundamente nesta temporada. Os números de aproveitamento de arremesso dos dois são parecidos e dentro da série é difícil imaginar um se sobressaindo por muito sobre o outro. Equilíbrio…
Alas-armadores, C.J. McCollum e Klay Thompson farão duelo para lá de interessante também. Prevendo a caída de Klay sobre Lillard na maior parte do tempo, é de se esperar que o segundo melhor marcador de perímetro dos Warriors, Andre Iguodala, atue sobre McCollum nos momentos em que estiverem em quadra. Do outro lado, McCollum deverá ele mesmo marcar Thompson. O ala-armador dos Blazers provou na série contra os Nuggets o exímio pontuador que é, podendo assumir a liderança ofensiva da equipe quando Lillard tiver dificuldades e certamente exigirá de seus marcadores. Thompson assumiu o terceiro papel ofensivo dos Warriors desde a chegada de Durant, mas sabe subir de degrau, como provou na última partida contra Houston, quando anotou 27 pontos e 7/13 nas bolas de três.
Sem Durant e com Iguodala no time titular, pelo menos nas duas primeiras partidas da série, Curry e Thompson tenderão a assumir o controle ofensivo e serem os cestinhas da equipe nestes jogos, mas não descartem o sexto homem promovido a titular. Iggy terminou o jogo 6 contra Houston com 17 pontos e 5/8 nas bolas de três, além de ser um exímio e importantíssimo marcador de perímetro. Pelos Blazers, Moe Harkless tem condições de fazer boa marcação sobre Iguodala, mas dificilmente conseguirá atrapalhar Durant e esse é um dos grandes perigos da série para Portland. Quase nulo no ataque (teve apenas um jogo com mais de 6 pontos contra Denver), os Warriors podem explorar o mismatch defensivo, empurrando Iguodala e Thompson para marcar o backcourt dos Blazers e deixando o baixinho Curry em Harkless, pagando para o ala atacar a cesta.
Na posição 4, Green e Al-Farouq Aminu também deverão fazer duelo um pouco desequilibrado. O ala-pivô nigeriano dos Blazers teve um ótimo jogo 4 contra Denver, com 19 pontos, mas após isso foi pouco acionado. Defensivamente, tem tamanho para tentar marcações diferentes sobre KD, mas ofensivamente deverá sofrer com Green, primeiro na marcação e depois nos rebotes. O ala-pivô dos Warriors é a base defensiva da equipe com seu papel fundamental perto da cesta. Ofensivamente, Green é bom passador e atua com bons corta-luzes, capitalizando apenas cestas fáceis com bom aproveitamento (55,7% nos arremessos de quadra contra Houston). Aqui, novo desequilíbrio a favor dos Warriors…
Sem contar com DeMarcus Cousins pelo menos até meados da série, Andrew Bogut e Kevon Looney irão dividir o tempo de garrafão, enquanto que do outro lado, Enes Kanter, baleado, tem tudo para ver Zach Collins, pivô ágil e com boa capacidade defensiva, por mais tempo em quadra. A permanência de Collins em quadra pode ser um bom trunfo para Portland. O pivô é muito melhor defensivamente que Kanter, com agilidade suficiente para as trocas, impedindo as intensas trocas de passes de Golden State e forçando os jogadores a jogarem no um contra um. Além disso, minutos da dupla ao mesmo tempo em quadra poderá significar um aumento considerável no número de rebotes, gerando, no lado ofensivo, muitas segundas chances. Do lado dos Warriors, Bogut e Looney tiveram muitos poucos touches, sendo armas defensivas mais importantes. Dentro disso, com a ausência de Cousins e contando com boas performances do garrafão de Portland, há aí uma chave para Portland equilibrar a série…
Na batalha entre os bancos, a aposta fica em Portland, mas por pouco após o susto com Rodney Hood. O ala dos Blazers teve um papel fundamental na série contra Denver, mas sofreu uma lesão no jogo 7 e deverá ficar de fora pelo menos do jogo 1. Os Warriors têm um de seus piores bancos dos últimos anos e deverão sair derrotados na maioria das partidas sem Iguodala por lá. Pelos Blazers, além de Hood e Collins, Seth Curry poderá ter um bom jogo e Evan Turner provou na última partida contra Denver que também tem capacidade de contribuir. Pelos Warriors, apenas Shaun Livingston e Looney reúnem condições para terem algum impacto nas partidas.
RETROSPECTO
Na temporada regular, foram duas vitórias para cada lado, com jogos equilibrados, mas também uma surra para a turma de Oakland e outra para o pessoal do Oregon. Sem Curry no primeiro jogo entre os dois, em Oakland, Golden State venceu por 28 pontos de diferença, com 32 pontos de Durant e 31 de Thompson. No segundo jogo, vitória apertada de Portland em Oakland por 110 a 109, com bola vencedora de Lillard e ótimo jogo de 27 pontos e 12 rebotes de Jusuf Nurkic. Pouco tempo depois, Golden State vingou a derrota em casa, vencendo os Blazers, em Portland, por 115 a 105, mesmo com 40 pontos de Lillard. No último jogo entre os dois na temporada regular, Portland devolveu a surra com uma vitória por 22 pontos, com 29 pontos de Dame.
A SÉRIE: Golden State Warriors (#1) x Portland Trail Blazers (#3)
JOGO 1: 14/5, 22h – em Oakland
JOGO 2: 16/5, 22h – em Oakland
JOGO 3: 18/5, 22h – em Portland
JOGO 4: 20/5, 22h – em Portland
JOGO 5: 22/5, 22h – em Oakland*
JOGO 6: 24/5, 22h – em Portland*
JOGO 7: 26/5, 22h – em Oakland*
* Jogos só acontecem se necessário.
Obs.: Todos os horários são de Brasília e terão transmissão pela ESPN brasileira.
PALPITE: Golden State Warriors 4-2 Portland Trail Blazers
As chances de Portland na série passam muito pelo desempenho individual de cada um frente à estratégia que será empregada por Terry Stotts. A defesa extremamente física e pressionada, com trocas frequentes e cortando as linhas de passe, forçando o jogo de um contra um dos jogadores dos Warriors é um ponto que deverá ser explorado por Portland. Além da marcação embaixo, a presença nos rebotes, ofensivos e defensivos, será de extrema importância para a manutenção da posse de bola e geração de segundas chances no ataque a Portland.
Outro ponto é a presença de Durant, exímio pontuador que não terá um marcador individual à altura. A estratégia de anular Curry e Thompson e deixar Durant confortável para pontuar, utilizada pelos Clippers, gerou duas derrotas para os favoritos e poderá ser explorada de alguma maneira pelos Warriors.
A superioridade dos Warriors sobre quase todos os adversários é notável e são precisos jogos perfeitos para que um time consiga vencer quatro partidas contra este time. Deste modo, creio que seja extremamente difícil que Portland consiga surpreender e levar a série, uma vez que o antídoto dos Warriors para as armas dos Blazers são mais eficazes e encaixados do que o contrário.
(Foto 1: Reprodução Twitter / NBA; Foto 2: Reprodução Twitter / Golden State Warriors; Foto 3: Reprodução Twitter / Golden State Warriors)