[PRÉVIA] Finais da NBA 2019: Toronto Raptors x Golden State Warriors
Ineditismo x Dinastia; Kawhi x Curry; confira a prévia de Raptors e Warriors, finais inéditas da NBA 2019
Após varrer o Portland Trail Blazers nas finais da Conferência Oeste, o Golden State Warriors encarará um rival inédito nas finais da NBA 2019: o Toronto Raptors. Pela primeira vez nas finais da liga, a equipe canadense derrotou o favorito Milwaukee Bucks na decisão da Conferência Leste e agora pega o atual bicampeão. A série se inicia nesta quinta-feira (30), com o jogo 1 na Scotiabank Arena, em Toronto.
Debutante nas finais da NBA, depois de apenas duas idas às finais de conferência em seus 24 anos de vida, os Raptors depositam esperanças na pós-temporada iluminada de Kawhi Leonard e na ajuda de ótimos coadjuvantes para tentar surpreender os Warriors na série derradeira da temporada. Antes de vencer sua primeira série de final de conferência da história contra os Bucks, os Raps só haviam estado uma vez a uma série de distância das finais da liga, quando perderam o Leste para o Cleveland Cavaliers de LeBron James por 4 a 2 em 2016.
Olá! Olha eu de novo aqui! Desde 2014 que o Oeste não manda alguém que não os Warriors para as finais da NBA e este ano não há novidade nenhuma. Em sua quinta final seguida e em busca do quarto título nessa série, que seria o terceiro consecutivo, a equipe californiana ainda não sabe quando e se contará com Kevin Durant, mas tem em Stephen Curry e Draymond Green suas figuras centrais em busca de manter a dinastia de um dos melhores times da história da NBA.
Frente à primeira final da NBA sem LeBron depois de oito anos, o que esperar dessa série? Vamos à última prévia do The Playoffs da temporada!
RAPTORS x WARRIORS
Depois de um susto logo no primeiro jogo dos playoffs, com uma derrota em casa para o frágil Orlando Magic, os Raptors engoliram os jogos seguintes e pularam para as semifinais de conferência depois de fazerem 4 a 1 na franquia da Flórida. Nas semis, batalha de sete jogos contra o Philadelphia 76ers e vitória no jogo derradeiro depois de bola milagrosa de Leonard. Até certo ponto considerados azarões contra o Milwaukee Bucks, os Raptors perderam as duas primeiras fora de casa, mas acertaram a defesa e contaram com Kawhi inspirado para aniquilarem os quatro jogos seguintes e vencerem a final do Leste.
Os Raptors fazem de sua defesa a principal arma para vencerem as séries, o que foi muito bem visto nas finais do Leste. A equipe tem a segunda melhor defesa dos playoffs em termos de pontos levados a cada 100 posses do adversário (defensive rating, ou índice defensivo), com 102,4. No extremo ofensivo, a situação é oposta, já que o time aparece em nono, entre todos da pós-temporada, em pontos marcados a cada 100 posses de bola (offensive rating, ou índice ofensivo), com 108,1.
A recomposição defensiva em transição dos Raptors é admirável e isso fez-se prevalecer na série contra os Bucks para ilustrar. Time que tem em seu forte o jogo ofensivo de transição, Milwaukee viu evaporar suas chances na série. Depois de 169 pontos em transição nos cinco jogos contra o Boston Celtics, os Bucks anotaram apenas 162 em seis partidas contra os Raps. Além disso, foi notável o salto de qualidade da defesa de Toronto da temporada regular para a pós-temporada. A equipe levou 4,4 pontos a menos a cada 100 posses em comparação com o que levou na temporada regular. Além disso, limitou os três adversários a pelo menos 7,0 pontos por 100 posses a menos do que haviam registrado na temporada regular.
Kawhi é o melhor jogador destes playoffs e os números não mentem sobre isso. O ala é o cara que tem mais minutos jogados (696), mais pontos anotados (561), mais lances livres convertidos (133) e mais roubos (28), acumulando médias de 31,2 pontos e 8,8 rebotes, ainda com aproveitamentos de 50,7% nos arremessos de quadra e 87,5% nos lances livres. Atrás do astro, Pascal Siakam tem 18,7 pontos e 7,0 rebotes e Kyle Lowry contribui com 14,7 pontos e 6,4 assistências são os únicos com mais de 10 pontos de média na pós temporada. Atrás dos três vem Serge Ibaka, com 8,7 pontos.
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Os Warriors sofreram mais que o esperado frente ao Los Angeles Clippers, mas venceram por 4 a . Depois, enfrentaram um forte Houston Rockets e superaram a perda de Durant no jogo 5 para vencer a série por 4 a 2. Com a ausência de KD, os Warriors “voltaram às origens”, abusaram das movimentações fora da bola e da troca de passes para achar os melhores arremessos possíveis e liquidarem o Portland Trail Blazers na final do Oeste por 4 a 0.
A equipe de Oakland tem se mostrado uma grande força ofensiva nestes playoffs, liderando entre todos que passaram pela pós-temporada em offensive rating, com 116,4. Em contrapartida, a equipe aparece apenas em nono em defensive rating, com 110,2.
A parte defensiva é um ponto a se observar pelo lado dos Warriors. Nas três rodadas anteriores nestes playoffs os Warriors levaram a melhor sobre seus rivais por uma margem de 6,2 pontos por 100 posses, a pior marca da equipe em comparação com as três primeiras rodadas dos quatro playoffs anteriores, em que a equipe também chegou às finais. E esse aperto foi bem observado ao menos nas duas rodadas anteriores. Contra Houston, o time esteve em meio a uma diferença de, no máximo, cinco pontos nos últimos cinco minutos em todos os seis jogos, enquanto que contra Portland, a equipe ficou atrás no placar durante 51% do tempo de jogo e teve que virar ao menos 17 pontos nas três últimas partidas.
Depois da saída de Durant, Stephen Curry é o grande astro ofensivo dos Warriors. Steph vem com média de 35 pontos nos últimos cinco jogos e viu sua porcentagem de utilização (usage) na pós-temporada saltar de 24,4% na primeira rodada para 32,1% nas finais de conferência. Durant ainda lidera o time em pontos por jogo, com 34,2, seguido pelos 27,3 de Curry e os 19,1 de Klay Thompson. Tanto Curry como Thompson têm mantido bom aproveitamento da linha dos três, com 39% e 39,3% de aproveitamento, respectivamente. Fechando os destaques, Draymond Green acumula médias de 13,6 pontos, 9,9 rebotes e 8,6 rebotes por jogo nesta pós-temporada.
O CONFRONTO
Numa série que configura bem o forte ataque frente a uma forte defesa, os Raptors sabem do poderio ofensivo que a equipe histórica dos Warriors tem a oferecer e também sabem das qualidades defensivas que, em uma série final, os Warriors podem encaixar, principalmente nas figuras de Thompson, Green e Iguodala. Para Toronto é extremamente necessário cadenciar a partida e fechar a marcação em Curry e Thompson, apostando na produção dos demais jogadores dos Warriors. Logicamente, pensando na ausência de Durant…
Um dos grandes confrontos da série é entre Curry e Lowry. O armador do Toronto, que ainda não enfrentou um armador inspirado nesta temporada (D.J. Augustin, J.J. Redick e Eric Bledsoe), terá pela frente um Curry que vem de seguidos jogos de 30 ou mais pontos. Além de tentar segurar Steph na defesa, o armador canadense terá que ser um braço confiável para desafogar Kawhi no ataque. Tudo isso com um polegar esquerdo baleado, ainda em tratamento. Parada difícil! Curry vem em um momento mágico ofensivo e teve uma melhora clara em sua defesa de um ano para o outro. Ambas as equipes contam com bons marcadores (um bom e outro ótimo, na verdade) nas alas e podem alternar a marcação vez ou outra, com Danny Green sobre Curry e Thompson em Lowry.
Na posição 2, alas-armadores com papéis próximos em seus times, Thompson e Danny Green não deverão ter um duelo equilibrado. Depois de papel importante dentro do San Antonio Spurs, Green está em decadência na carreira e não corresponde bem nem defensivamente e nem nos tiros de três. O ala de Toronto tem somente 6,8 pontos de média, com 31,4% no aproveitamento dos arremessos de três. Na ausência de Durant, Thompson assume o posto de segundo pontuador dos Warriors e consegue desempenhar ótimo papel. Na série contra os Blazers, Klay teve 21,5 pontos de média, ainda que com aproveitamento dos três (34,3%) abaixo de sua média. Defensivamente, Green deverá ficar sobre Thompson, enquanto que o ala dos Warriors poderá ser mais um a marcar vez ou outra Kawhi.
Ao menos sem Durant no primeiro jogo das finais, Iguodala é o substituto imediato e também quem deverá ficar em cima de Kawhi na maior parte do tempo, tentando limitar a produção do astro canadense. Premiado como MVP das Finais de 2015 justamente por sua defesa sobre LeBron James, Iggy poderá muito bem limitar seu lado ofensivo em favor de gastar suas energias no lado defensivo. Curiosamente, Kawhi também levou o MVP das Finais, em 2014, pela marcação sobre LeBron James, e em 2019 pode fazer a diferença novamente, caso não tenhamos Durant, com uma marcação sobre Curry, o que pode muito bem ocorrer.
A presença de Durant seria uma reviravolta e tanto na dinâmica dos matchups. Com Durant, o foco defensivo de Kawhi será em cima do astro, imaginando algumas variações com Siakam. Do outro lado, KD seria ainda mais um a variar a marcação sobre Leonard. Desta maneira, Thompson, Iggy e Durant poderiam revezar e extrair do astro canadense seu melhor para poder ter sucesso. Sem Durant, Kawhi poderia massacrar fisicamente Curry na marcação, limitando e muito a produção do armador de Golden State.
Colocando aqui Pascal Siakam e Draymond Green frente a frente, temos novo duelo interessante. Diferente dos jogadores de garrafão dos Blazers que Dray marcou, Siakam é um ala alto, forte e que espaça muito bem a quadra, sendo bastante acionado, posicionando-se em um lugar desagradável para Green: no corner. Reconhecido pela inteligência defensiva nas coberturas dentro do garrafão, um jogador bastante espaçado poderá oferecer certa dificuldade para Dray. Soma-se a Siakam a presença simultânea de Marc Gasol, pivô extremamente inteligente, que certamente aproveitará as lacunas deixadas por Green nestas coberturas. Dray vem tendo boas participações ofensivas nos playoffs e deverá ter papel importante nestas finais como uma alternativa a Curry e Thompson, principalmente nos picks com Steph, jogada característica da equipe.
Ainda com DeMarcus Cousins sem previsão certa de volta (mas deve jogar a primeira partida, com papel indefinido), Andrew Bogut e Kevon Looney enfrentarão com Gasol e Ibaka em uma boa batalha. Os Warriors andam utilizando pouco o pesado Bogut e apostando mais em Looney quando com um quinteto maior. Duvido que isso mudará nesta série, uma vez que Gasol, mesmo mais pesado que os pivôs antes enfrentados pelos Warriors, vem com bom aproveitamento nos arremessos de três e tem saído do garrafão para jogar. Ainda não é muito jogo para Bogut. Com Ibaka, a situação é semelhante, ainda que o congolês é ainda mais atlético e ágil do que o espanhol. Se Cousins aparecer para a série, aposto em seu uso vindo do banco para fortalecer a frágil segunda unidade dos Warriors. Este jogo de garrafão, com Gasol+Siakam ou Ibaka+Siakam, poderá punir bem a ausência de um garrafão consistente dos Warriors e nortear alguma saída para Toronto se sobressair.
Na batalha entre os bancos, Toronto tem vantagem considerável, quando colocamos Ibaka, Norman Powell e Fred VanVleet frente a Looney, Alfonzo Mckinnie, Shaun Livingston e Quinn Cook. Os três de Toronto têm a média de 22,9 pontos por partida juntos e contam com Powell e VanVleet muito bem nas bolas de fora nas últimas partidas, com 41,1% e 37,9% de aproveitamento total nos playoffs, respectivamente. Por outro lado, os quatro mais utilizados dos Warriors, somados, têm 18,4 pontos e precisariam contar com um reforço como o de Cousins para poder equilibrar as forças. Na batalha dos bancos, ponto para os Raptors, que podem se aproveitar disso também para tentar equilibrar a série.
RETROSPECTO
Está aí uma série que não pode ser levada muito a sério na hora de avaliar os confrontos da temporada regular. Com times bem diferentes dos atuais e com desfalques pontuais à época, Warriors e Raptors jogaram duas vezes, em 2018 ainda, com duas vitórias da equipe canadense, sendo uma apertada, em Toronto, vencida na prorrogação em 29 de novembro, e outra por 20 pontos, em Oakland, em 13 de dezembro.
Na primeira, Golden State não contou com Curry nem Green e viu Durant explodir com 51 pontos, o que não foi suficiente para evitar a derrota por 131 a 128, depois de uma prorrogação. Ainda sem Gasol, e com Jonas Valanciunas e Delon Wright no elenco, os Raptors tiveram 37 pontos de Kawhi e 26 de Siakam, além de 20 pontos de Ibaka, titular do time. No segundo jogo, os Raptors abriram 16 pontos no primeiro tempo e mantiveram a frente até o fim, mesmo sem Leonard, poupado, mas contando com 23 pontos de Lowry e 20 de Ibaka. Os Warriors jogaram sem Andre Iguodala em casa e contaram com 30 pontos de KD, mas viram atuações apagadíssimas de Curry (10) e Green (2). Cousins sequer havia estreado pelos Warriors até os jogos em questão.
A SÉRIE: Toronto Raptors (#2 do Leste) x Golden State Warriors (#1 do Oeste)
JOGO 1: 30/5, 22h – em Toronto
JOGO 2: 2/6, 21h – em Toronto
JOGO 3: 5/6, 22h – em Oakland
JOGO 4: 7/6, 22h – em Oakland
JOGO 5: 10/6, 22h – em Toronto*
JOGO 6: 13/6, 22h – em Oakland*
JOGO 7: 16/6, 21h – em Toronto*
* Jogos só acontecem se necessário.
Obs.: Todos os horários são de Brasília e terão transmissão pela Band e pela ESPN brasileira.
PALPITE: Toronto Raptors 2-4 Golden State Warriors
Azarões, os Raptors têm chances para bater os atuais bicampeões se preencherem algumas lacunas. Forte na defesa, o time terá que ser perfeito na marcação a Curry e Thompson, nem que para isso seja necessário pagar para ver alguns arremessos livres de outros jogadores, como Draymond Green e Iguodala. Tentar anular os dois maiores pontuadores adversários na ausência de Durant é de primeira ordem no Canadá.
A presença de Durant é outro ponto. Caso o astro não atue em nenhum jogo, será um a menos a alternar a marcação sobre Kawhi e um a menos para o próprio camisa 2 marcar, fazendo com que o ala de Toronto possa concentrar sua defesa em Curry em muito momentos. Um exímio pontuador como Durant faz falta em qualquer time, até nos Warriors e sua ausência dá uma chance a mais para os Raptors surpreenderem de alguma forma.
Além disso, uma coisa certa é o estrelato de Kawhi e os Raptors necessitarão dos jogos de 30+ pontos do ala. Se o astro “falhar” em suas exibições de gala, as chances da equipe diminuem drasticamente, já que em termos de assumir a responsabilidade, a distância de Leonard para Lowry, Siakam ou Gasol são gigantescas.
Para os Warriors, penso que deverá se ajustar às estratégias defensivas dos Raptors, algo que o time se acostumou a se ajeitar. Mesmo que Golden State não tenha mando de quadra pela primeira vez nesta série de cinco finais seguidas, é muito difícil vencer este time em sete jogos. O primeiro jogo dirá muito sobre o restante da série. Uma derrota em uma casa abarrotada e pulsante poderá minar e muito as chances canadenses, ao passo que uma vitória poderá inflar a motivação e elevar o nível dos donos da casa para o prosseguimento da série.
(Foto 1: Steve Russell / Toronto Star via Getty Images; Foto 2: Reprodução Twitter / Toronto Raptors; Foto 3: Reprodução Twitter / NBA; Foto 4: Foto: Reprodução Twitter / Toronto Raptors)