NBA Global Games Rio: O evento certo no lugar errado
O The Playoffs esteve na HSBC Arena, na Barra da Tijuca, e conta tudo que rolou nos bastidores de Cavs x Heat
Eita alegria! No final de semana, tive a oportunidade de acompanhar meu primeiro jogo de NBA in-loco, no NBA Global Games Rio 2014, na HSBC Arena, no belíssimo Rio de Janeiro. A equipe do The Playoffs marcou presença com o Thiago Passarelli, o Vinicius Mathias e este que vos fala.
O evento foi SEN-SA-CIO-NAL. Clima de NBA mesmo, com belas cheerleaders, mascotes, gente pulando de trampolim e dando enterrada, lugares marcados, programa do jogo entregue a todo o público, preços altos de bebidas e quitutes e, claro, o jogo. Que foi muito bom, por sinal. Enquanto os titulares estiveram em quadra, o Cleveland Cavaliers dominou completamente e mostrou que vem forte para a temporada com LeBron-Love juntos. O Miami Heat, por sinal, sentiu a falta do seu ex-astro. Mas com os reservas nos minutos finais o jogo se equilibrou, foi pra prorrogação e só aí os Cavs garantiram a vitória. Para o público, foi um grande presente ter uns minutinhos a mais de basquete de alto nível.
Porém, o assunto desta coluna é outro. É a falta de estrutura da HSBC Arena, ou melhor, da Barra da Tijuca em receber um evento deste porte. Simplesmente não tem condição NENHUMA. Para chegar ao local, você tem quatro opções: a. Táxi (mas aí você vai pegar um puta trânsito e pagar muita grana); b. ônibus (mas aí você vai pegar um puta trânsito, só vai gastar menos); c. utilizar o chamado BRT, um expresso que passa por alguns pontos da cidade (mas aí você vai dar um puta de um rolê); d. ir de carro (aí tem o puta trânsito, o preço da gasolina e a falta de lugar pra estacionar).
Optamos por ir de ônibus até o Shopping Downtown e depois pegar um táxi. Da Copacabana, onde estávamos, até a Arena, quase duas horas. Mas calma, o pior estava por vir. Sabe as três opções citadas acima? Pois bem, na saída nenhuma delas estava disponível. Juro. Táxis aparecem todos lotados; ônibus mal passam; os BRTs têm uma fila enorme e quase inacessível. Isso tudo sem contar o trânsito infernal novamente.

O que Cazé Peçanha está fazendo aqui? Foi o que pensamos quando ele apareceu ao nosso lado esperando ônibus…
Resultado: eu, o Thiago e o Vinicius passamos maus bocados para sair da Barra da Tijuca. Foram TRÊS HORAS esperando apenas um transporte. Nada mais que isso. No fim, pegamos uma van clandestina (sério), que nos levou até o Terminal Alvorada e lá sim haviam ônibus disponíveis. E neste meio tempo, conhecemos o ilustre Cazé Peçanha, que estava na mesma situação que nós, tanto que também optou pela van para voltar pra casa. Por esse eu realmente não esperava.
Mas, ufa, chegamos! Você que é do Rio de Janeiro deve estar lendo isso e pensando: “tá, mas qual a novidade?” Pois é, tou sabendo. É assim todos os dias para quem sair do Centro e Zona Sul para chegar na Barra da Tijuca. Mas como o assunto aqui é a NBA e o NBA Global Games, não podia deixar de reforçar a falta de estrutura deste lado da cidade em receber um evento desse porte. Não é possível que a prefeitura da cidade e mesmo o governo estadual não enxerguem isso, não busquem soluções. Não tentem ampliar metrô e linhas de ônibus (que tal oferecer algumas a mais pelo menos no dia do evento?). É a segunda vez do evento no Rio, e lá já tivemos também UFC várias vezes (teremos mais uma em 10 dias). O que passamos, muita gente já deve ter passado. E nada mudou.
A NBA está bem propensa a fazer um jogo de temporada regular aqui em breve, mas enquanto o negócio for assim, será difícil que eles batam o martelo. Afinal, não somos só nós que sofremos, são jogadores, dirigentes, jornalistas. E imagina um jogo da regular lá, quantos mais jornalistas estrangeiros não viriam?
E chega a ser engraçado o contraste. Dentro da Arena, onde toda a organização era por conta da NBA, tudo funciona perfeitamente. Você pisou na rua, já lembra: “putz, estou no Brasil”.
Enfim, fica o alerta para as autoridades responsáveis. O Brasil é a bola da vez em todo o mundo, e se sabermos trabalhar bem, muitos eventos bons virão pra cá. Condição de fazer melhor nós temos. Vide a Copa.
Aviso aos navegantes: este texto não é baseado em “complexo de vira-lata”, de que a “grama do vizinho é sempre mais verde”. Não. Se você entendeu o contrário após ler as linhas acima, por favor, leia de novo.