Depois de jogo 5 histórico, Cavaliers podem sonhar com primeiro título da NBA
Vitória contra a parede e com astros focados e brilhando dão esperança real aos Cavaliers frente aos Warriors
As Finais da NBA finalmente pareceram ter tomado o rumo esperado desde que Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers venceram suas conferências e se classificaram para o duelo derradeiro da temporada. É bem verdade que nenhuma partida ainda terminou com diferença inferior a 10 pontos na série, mas os jogos 4 e 5 foram de altíssimo nível, mostrando bem o que as duas equipes têm a oferecer. Os três primeiros confrontos foram atípicos e podem quase que ser tratados de modo separado.
Nesta análise trataremos sobre o que aconteceu na série até aqui, especialmente o jogo 5, em que Cleveland contou com atuações históricas de Kyrie Irving e LeBron James para se manter na série com 2-3, vislumbrando o que esperar das duas franquias para o aguardado jogo 6, que acontecerá nesta quinta-feira (16), às 22h, com transmissão da ESPN.
Apesar de não justificada pelos Warriors, a ausência de Draymond Green no jogo 5 teve um papel fundamental na derrota de sua equipe. Com a subida de Andre Iguodala para a titularidade e a mudança de seu papel dentro da rotação, o banco de Golden State não teve o gás de sempre, aquele que o próprio Iggy injetava quando ele, vindo do banco, liderava a segunda unidade. Com isso, o desempenho fora prejudicado e os reservas pouco contribuíram. Iggy acabou jogando tempo demais e o desgaste físico na marcação de LeBron, sem a ajuda de Green, acabou, ao longo do jogo, fazendo com que o ala dos Cavs ficasse mais à vontade.
Green também é a alma da equipe, o jogador que encrenca com os principais jogadores rivais, atormenta o pequeno e encrespa com o grande, grita na cara e, além disso, pontua, pega rebotes e distribui assistências. Em termos de números, Iguodala fez uma partida de “nível Dray” mas o espírito do ala-pivô é único e, definitivamente, não esteve lá, em plena Oracle Arena.
Se Klay Thompson tem feito uma pós-temporada digna de seu basquete, e seu jogo 5 de 37 pontos está aí para comprovar, o MVP unânime da temporada regular Stephen Curry ainda está devendo nesta série. Em comparação com o rival de posição, Irving, o armador dos Warriors está atrás, mesmo com Golden State liderando a série. Irving tem 141 pontos contra 111 de Curry, ainda com 49% de conversão nos arremessos de quadra, 7% a mais do que o MVP. Em termos de assistências, ambos têm as mesmas 23, porém Curry tem nove desperdícios a mais que o Uncle Drew. Curry fez chover no jogo 4, mas foi seu único suspiro. O MVP precisa de apenas mais uma atuação de seu nível para chegar ao bicampeonato. Infelizmente para ele, o título de MVP das Finais, novamente, vai ficar para outra vez.
Do lado dos Cavaliers, LeBron ligou o motor “Melhor Jogador do Mundo” e virou o líder da equipe dentro de quadra, centralizando as jogadas, conversando e cobrando os companheiros, esquecendo assim as quatro partidas anteriores e colocando a bola embaixo do braço para uma partida histórica. Partindo para a cesta na maioria das jogadas, aproveitando a ausência da força física de Green na defesa, e com um arremesso de meia distância afiado, o ala dominou ofensivamente a última partida e terminou com 41 pontos, ultrapassando Michael Jordan como o jogador com o maior número de jogos de 20+ pontos em pós-temporada. Na defesa, a ausência de Green também contribuiu para o excelente desempenho de James, que teve um domínio incomum no garrafão, com 16 rebotes.
Tornando-se o segundo jogador a acertar 70% de seus arremessos de quadra nas Finais da NBA (primeiro depois de Wilt Chamberlain), Kyrie Irving, literalmente, sobrou no quinto confronto da série. Junto com LeBron foram a 82 pontos e se tornaram a dupla com maior número de pontos em um jogo de final. Irving foi sensacional e, se dificilmente repetirá algo do tipo, provou que é um dos caras da série. Ponto negativo fica por conta de Kevin Love. O terceiro vértice do Big-3 fez apenas dois pontos na quinta partida. Vindo do banco, com o papel de liderar a segunda unidade, Love seria fundamental liderando os reservas, porém não vem mostrando isso. Se Cleveland quiser fazer história e virar a série, precisará conta com maior contribuição dos coadjuvantes.
(Fotos: Instagram / Golden State Warriors; Ezra Shaw / Getty Images)