Contra a parede, Cavaliers precisam quebrar a cabeça para tentar mudar as Finais da NBA
Confira os trunfos de Golden State para ter aberto 2-0 e o que Cleveland precisa mudar para "entrar" nas Finais da NBA
O encontro mais esperado para as Finais da NBA tomou forma há uma semana atrás, quando, em um agônico jogo 7, o Golden State Warriors despachou o Oklahoma City Thunder e foi para sua segunda decisão seguida. Do outro lado, o Cleveland Cavaliers já estava à espera, logo após ter sido soberano em uma fragilizada Conferência Leste. Depois de duas partidas em Oakland e duas surras (15 pontos de diferença na primeira partida e surreais 33 pontos na segunda), muitas questões pipocam sobre a real condição da equipe de LeBron James conseguir bater de frente com os Warriors.
Primeiro ponto a se observar na série até aqui é a batalha dos técnicos, sem dúvida alguma. Focando na dupla formada por Stephen Curry e Klay Thompson, Tyronn Lue optou por uma defesa baseada em dobras incessantes em cada um dos armadores. Surtiu efeito na primeira partida e ambos não andaram (somaram 8/27 nos arremessos de quadra), porém Steve Kerr, sabendo que a vida não seria fácil para seus principais jogadores, preparou todo o restante do elenco. Harrison Barnes e Andrew Bogut no início, seguidos de Leandrinho, Andre Iguodala e Shaun Livingston na parte final do jogo, contam com muita confiança do técnico para decidir, e não decepcionaram.
A segunda partida veio e a mesma estratégia de defesa estava lá. Em um primeiro momento (entenda-se por primeiro quarto), com a defesa muito bem encaixada, os Cavaliers encurralaram os Warriors e conseguiram sair vencedores do período (21-19), dando mostras que a coisa seria mais embaixo. Não foram. Pacientemente, o ataque rodava a bola e, ao longo de todo o jogo, sempre achava bem posicionada para um arremessos certeiro. Ótimo já no primeiro confronto, Draymond Green fez a festa também no segundo. O ala-pivô espírito da equipe emplacou 5/8 nas bolas de três, saiu-se com 28 pontos e sete rebotes e foi o melhor da partida. Novamente Steph e Klay tiveram pontuações incomuns, mas elas não foram necessárias já que a equipe saía bem das armadilhas e pontuava com outros jogadores.
Aqui, cabe um parágrafo sobre a dupla dos Warriors. Na primeira partida, os dois somaram 20 pontos, cinco desperdícios, 60 minutos em quadra e um +/- de +5, sendo que os jogadores do banco foram extremamente positivos e praticamente carregaram o piano na ocasião. Na segunda partida, a dupla foi 35 pontos, oito desperdícios, 56 minutos e um +/- de 48 (aqui o +/- acaba não falando muito porque a surra foi das grandes). Observa-se que tanto Thompson quanto Curry não tem jogado muito tempo, e de fato não tem contribuído tanto, um pouco por conta da marcação que os limita (desperdícios e passes na fogueira contam isso), mas muito pelo fato que Cleveland acaba ficando perdido quando eles estão fora. Justo que se destaque que o mérito é dos Warriors, que têm paciência para rodar a bola e punir as dobras.
Com o jogo descentralizado na dupla, quem está por cima agora é Green. O ala-pivô tem comandado tudo por Oakland, é quem mais fica em quadra pela equipe, com 37,07 minutos por jogo (na série só fica atrás de LeBron, que tem 37,25), e quem tem o maior e melhor espírito de uma final. Além de tudo isso, Dray tem as médias de 22 pontos, nove rebotes e seis assistências por partida nestes dois jogos, o que o coloca na posição de favorito ao prêmio de MVP das Finais, contando o que aconteceu até aqui, logicamente.
Não acho que a estratégia de Lue e os Cavs seja ruim, porém é preciso uma rotação defensiva mais ágil para executá-la com mais eficácia. Existem jogadores para isso, mas Matthew Dellavedova e Iman Shumpert, ao mesmo tempo que comporiam bem essa ideia são uma negação no ataque, o que acaba com o desempenho da equipe como um todo. Falando em negação, J.R. Smith é uma das grandes nos dois jogos da série. O ala-armador titular soma apenas 3/9 nos arremessos de quadra, sendo 2/7 nas bolas de três, ou seja, acabou se transformando em uma peça nula no ataque. Smith precisa urgentemente fazer-se presente, pois seus pontos são um diferencial valoroso para o time de Ohio.
O jogo fluido que fez a glória dos Warriors até aqui é uma arma que os Cavs aprendeu a usar durante a temporada, executando-a de forma bastante eficiente. Porém, nas Finais não é bem isso que vem se apresentando durante todo o tempo. Enquanto Golden State não para de usar sua essência, potencializada ainda pela forte marcação nos dois armadores, Cleveland convive com diversos momentos em que seus principais jogadores centralizam as jogadas. Chega a ser inacreditável, pois os melhores momentos da equipe na série vieram quando ela jogou do modo com o qual está acostumada, envolvendo os jogadores. Em contrapartida, os piores apareceram enquanto Kyrie Irving e até LeBron James partiram desenfreadamente para a cesta ou arremessaram uma bola precipitada, sem nem pensar e começar alguma jogada.
Os Cavaliers vão agora para Ohio para sediar as duas próximas partidas (quarta-feira, 08, às 22h e sexta-feira, 10, às 22h, ambas com transmissão da ESPN) e farão de sua casa um fator a mais para tentarem reverter uma situação completamente desfavorável. As Finais da NBA são sempre imprevisíveis e de um jogo para outro muita coisa pode acontecer. Em quem vocês apostam neste jogo 3?
(Fotos: Facebook / NBA; Thearon W. Henderson / Getty Images; Facebook / Cleveland Cavaliers )