Conquista de Bauru na Liga das Américas segue coroando grande projeto da equipe
Bauru mantém hegemonia brasileira no continente e mira ainda mais troféus no ano
No último domingo (15), Paschoalotto/Bauru Basket, o popular Bauru, e a equipe do Pioneros de Quintana Roo, do México estiveram frente a frente no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, para a disputa do título da Liga das Américas, maior competição interclubes das Américas, fora dos Estados Unidos. Não deu outra. Em um jogo complicado, Bauru conseguiu a vitória por 86 a 72 e sagrou-se campeão do Torneio. Vale lembrar que a equipe do técnico Guerrinha ganhou todas as oito partidas que disputou no campeonato. Na disputa do terceiro lugar, vitória do Flamengo para cima do Peñarol, por 97 a 81.
Depois de Brasília em 2009 (vitória sobre o Halcones Xalapa, do México) e dos dois últimos: Pinheiros em 2013 (vitória sobre o Lanús, da Argentina) e Flamengo em 2014 (vitória sobre o próprio Pinheiros), agora são os bauruenses que chegam ao topo das Américas.
Quem vê o placar da partida, pode enganar-se com relação à dificuldade que a equipe do interior de São Paulo encontrou. Bauru tinha uma grande tarefa a cumprir no confronto: tentar conter ao máximo o jogo do ala-pivô norte-americano Justin Keenan, que, apesar do joelho lesionado, é um craque de bola. O jogo começou e a equipe brasileira seguiu o temido script nacional de arriscar bolas de três. Menos mal que as bolas caíram neste começo de jogo e ajudaram a equipe a manter-se na partida. Cinco pontos a frente no intervalo, Bauru titubeou no terceiro período, mas contou com os lesionados joelhos de Keenan e soube explorar muito bem Murilo dentro do garrafão para ganhar o último quarto por 24 a 13 e o jogo por 86 a 72.
Rafael Hettsheimer foi o grande cestinha do jogo, com 30 pontos (5/8 em arremessos de fora), além de oito rebotes. Destaque para o próprio Murilo, com 17 pontos e 11 rebotes, o ótimo armador Ricardo Fischer, com oito pontos e nove assistências e o já consagrado Alex Garcia. Alex terminou o jogo com 16 pontos, oitos assistências e cinco rebotes e foi escolhido como MVP do Final Four da Liga, abocanhando seu segundo prêmio (o primeiro foi com Brasília, em 2009). Pelo Pioneros, Keenan terminou o jogo com 23 pontos.
Mais que o título, o ouro de Bauru coroa o planejamento de uma equipe que vem sendo montada há cerca de sete anos. E este planejamento confunde-se com a trajetória do técnico Guerrinha dentro do time. Guerrinha, 55 anos, foi armador da seleção brasileira por cerca de 13 anos e era titular no histórico título pan-americano de 1987 do Brasil sobre os Estados Unidos. Nascido em Franca, terra do basquete, Guerrinha teve uma passagem como técnico em Bauru entre 1998 e 2003 e voltou para a equipe em 2007, permanecendo até hoje.
Desde que voltou, o técnico acompanha o crescimento da equipe dentro e fora das quadras. Quando a Paschoalotto chegou com um vultuoso investimento, em 2012, Guerrinha e Bauru já tinham uma grande base estabelecida e o engrandecimento de Bauru dentro do cenário nacional e agora, internacional, cresce ano a ano, a olhos vistos. Nesta temporada, o elenco é estrelado. Como últimos valores, chegaram Murilo, Alex, Jefferson William, Robert Day e Hettsheimer, jogadores que se juntaram a Larry Taylor para formar um verdadeiro esquadrão. Somam-se a eles ainda o armador de 23 anos e um potencial futuro da seleção, Ricardo Fischer e o atlético Gui Deodato.
Neste ano, Bauru já conquistou o Campeonato Paulista, a Liga Sul-Americana e a Liga das Américas, além de ser o atual líder do NBB, ou seja, a equipe poderá chegar ao seu quarto título, em cerca de seis meses, um feito memorável para a história do clube. Com a vitória na Liga das Américas, Bauru se credenciou à disputa do Mundial Interclubes, no segundo semestre, contra o campeão europeu (ainda não definido pois a Euroliga ainda está em curso). Está será a terceira vez seguida, com três equipes diferentes (Pinheiros perdeu para o Olympiacos, em 2013 e o Flamengo venceu o Maccabi Tel-Aviv, em 2014), que um time brasileiro disputará o torneio intercontinental, o que apenas coroa a boa fase e o crescimento do basquete de clubes nacional, cada vez mais hegemônico dentro do continente.