Com chegada de Rajon Rondo, Dallas Mavericks entra de vez na briga pelo título da NBA?
Mavs fizeram uma grande aposta com a chegada de Rondo; será que acertaram?
Após muitas especulações envolvendo o seu nome há algum tempo, Rajon Rondo finalmente desembarcou em Dallas, na sexta-feira da semana passada (19), em troca que envolveu Jae Crowder, Brandan Wright, Jameer Nelson e duas escolhas de Draft (uma de primeira e outra de segunda rodadas), todos mandados para Boston. Um dia após sua entrevista, portanto, no sábado (20), Rondo já fazia sua estreia pelos Mavs, na vitória sobre o San Antonio Spurs.
Pelo lado dos Celtics, algo a se lamentar. Rondo era a única estrela remanescente do grande time celta, campeão da NBA em 2008 e foi o único preservado pelo GM Danny Ainge na reestruturação da equipe, que havia despejado Ray Allen para o Miami Heat, em 2012, e Kevin Garnett e Paul Pierce para o Brooklyn Nets, no ano passado. Ainge decidiu estruturar um novo time ao redor de Rondo, mas ao que pareceu, nem o armador aguentou tantas derrotas seguidas até um novo time ser formado e nem Ainge confiou que poderia segurá-lo ao final de seu contrato. Desse modo, o GM optou por dispensá-lo ganhando pouco, mas alguma coisa, em vez de perdê-lo por nada, como aconteceria ao final da temporada, com o atleta virando agente livre. Dallas resolveu apostar em seu talento, visando resultados já nessa temporada, a fim de dar ao alemão Dirk Nowitzki um último anel de campeão antes de sua aposentadoria.
Com relação aos jogadores cedidos, Jae Crawder era um coadjuvante no elenco, tinha média de 10,5 minutos por jogo, mas era apenas uma peça na rotação, sem grande impacto no jogo em si. Por outro lado, o ala-pivô Brandan Wright vinha muito bem do banco, sendo uma grata surpresa. Era importante na rotação com Tyson Chandler e Dirk Nowitzki e obteve boas médias de 18,3 minutos e 8,6 pontos por jogo. Jameer Nelson também vinha bem na titularidade da posição nos Mavs. O armador de 33 anos tinha médias de 25,4 minutos, 7,3 pontos e 4,1 assistências por jogo, ou seja, ótimos índices. Além disso, o time estava bem, com um ataque ágil e uma defesa razoável, brigando de igual para igual no forte Oeste, oscilando entre a quinta e sexta colocações. Esse ponto reforça o caráter de aposta que a chegada de Rondo tem.
Ao meu ver, comparando mais detalhadamente os dois armadores, Nelson e Rondo, a maior vantagem, e talvez o que tenha pesado na decisão do GM Mark Cuban de trazer o ex-Celtics, é a defesa. Nelson, reconhecidamente, não é um grande marcador de perímetro e os possíveis confrontos contra Warriors (Stephen Curry), Grizzlies (Mike Conley), Clippers (Chris Paul) e Spurs (Tony Parker) nos playoffs poderiam ir por água abaixo com essa deficiência do armador dispensado.
Do outro lado, Rondo sempre foi um incansável marcador fora do garrafão, desde o início de sua carreira, porém, de uns tempos para cá não mostrava mais tais qualidades. Segundo estatísticas defensivas do site da NBA, na temporada passada, incríveis 55,2% dos arremessos feitos (de três ou de dois pontos) por jogadores que Rondo estava marcando foram cestas, sendo que a média de aproveitamento desses jogadores era de 44,6% considerando todos os chutes contra quaisquer adversários, ou seja, contra Rondo, na temporada passada, estava fácil converter arremessos. Nesta temporada, este percentual de conversão caiu para 49,7%, o que ainda não é algo animador. Com ajustes e a cabeça no lugar, Rondo é capaz de retomar suas qualidades defensivas, o que seria inevitável nas pretensões de título dos Mavericks.
Com 29 anos e recuperado de uma lesão no joelho há pouco tempo, o armador não é mais nenhum jovem a plenos pulmões e sua personalidade temperamental poderá gerar atritos. A dupla formada com Monta Ellis, também um ego a ser controlado, tem tudo para ser uma das mais dinâmicas e agressivas da liga (como tem mostrado), porém se os dois não se entenderem dentro e até fora de quadra, poderão ser um problemão para o técnico Rick Carlisle resolver, a longo prazo. Diferentemente de como acontecia em Boston, onde o talentoso jogador era o mais experiente e antigo na franquia, tendo mais espaço, em Dallas, Rondo pegou o bonde andando, em bom funcionamento e recheado de jogadores que querem a bola na mão, portanto suas atribuições dentro de quadra serão, mais do que nunca, para facilitar as ações ofensivas de seus companheiros.
Com Chandler e Nowitzki, Rajon Rondo terá um vasto arsenal de picks, seja para passar para dentro para uma bandeja de um dos dois, para uma ponte aérea para Chandler, ou até mesmo para um chute aberto (ou mesmo de fora) de Dirk. Com Chandler Parsons e Ellis usualmente abertos, jogadores que gostam e são bons arremessadores de fora, Rondo não precisará ter essa função imediata e sempre poderá contar com opções em suas infiltrações, o que é ótimo, haja vista seu ínfimo aproveitamento de 25,3% da linha dos três na carreira. Além disso, os Mavs possuem boas opções para a rotação na posição um. Devin Harris e J.J. Barea fazem boa temporada e Rondo terá tempo para descansar tranquilamente, da maneira que Carlisle optar.
Mark Cuban decidiu apostar, cedeu três jogadores e duas escolhas de Draft para que o talentoso armador de Boston viesse e ajudasse o time a dar um último anel ao futuro Hall da Fama, Dirk Nowitzki. Na minha opinião, acerto em cheio. Rajon Rondo é talentoso e, com a bola na mão, será um facilitador de jogadas para seus companheiros, como já visto em seus primeiros jogos, num time recheado de opções ofensivas. O que resta ao armador é ajustar sua defesa ao velho e excelente modo com o qual nos acostumamos em seu início de carreira.
Ah… já ia esquecendo, os Mavs, que já poderiam almejar o título da NBA, agora dão um passo a mais e entram no seleto grupo de favoritos. Go Mavs!