Carmelo Anthony chegou à NBA no famoso Draft de 2003 que reuniu nomes protagonistas da NBA nessa era, tais como LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh. O sempre bigodudo jogador, ao contrário dos três citados, nunca foi campeão da NBA (ou teve a chance de disputar uma final). Agora, perto dos 33 anos, o jogador está envolvido em rumores de troca com o New York Knicks. Será que ele entrará no hall de grandes jogadores que nunca ganharam um anel?

Vale a pena começar citando o tumultuado caminho de Carmelo para chegar aos Knicks. Em 2011, o jogador iria ser agente livre, o Denver Nuggets sua equipe ofereceu uma pomposa extensão de contrato que foi prontamente rejeitada pelo ala, ele queria ir para o New York Knicks e ter todos os holofotes que faltavam no Colorado para colocá-lo de vez entre os principais jogadores da liga.

O time da Big Apple vinha surpreendentemente bem naquela temporada. Amar’e Stoudemire estava voando. Mike D’Antoni havia achado uma ótima rotação com coadjuvantes valiosos como Wilson Chandler e Danilo Galinari. O camisa 15 chegou em um time bagunçado por ter perdido tantas peças, D’Antoni não se deu bem com a nova estrela e a Linsanity havia acabado. O resultado foi uma varrida para o Boston Celtics na primeira rodada dos Playoffs.

A questão que fica é: Carmelo Anthony não foi ao Knicks e assinou uma longa extensão para ser campeão, seria ingenuidade acreditar que em uma conferência que tinha o recém-formado Miami Heat, o seu time poderia sonhar com o título. Melo foi para New York, pelos contratos publicitários gigantescos, por sempre jogar no Madison Square Garden (ele tem a maior pontuação do tempo sagrado do basquete) e por estar em um lugar onde qualquer acontecimento ganha contornos dramáticos similares às grandes equipes de futebol brasileiras.

O tempo passou e claramente o plano não funcionou. Phil Jackson chegou prometendo que colocaria o time novamente entre os grandes da NBA e convenceu Melo com um papo mais poderoso que o do Tite para fazer o Paulinho jogar bem na seleção. O Mestre Zen de fato começou bem e draftou o excelente letão Kristaps Porzings. O time até empolgou na temporada 2015-16, mas claramente não era bom o suficiente para alcançar um lugar entre os primeiros. Veio então a temporada 2016-17 e os Knicks foram agressivos e buscaram Derrick Rose e Joakim Noah dos Bulls para formar um grande na teoria, NA TEORIA…

O time dirigido por Jeff Hornacek começou extremamente bem a temporada, surpreendendo a todos com uma honrosa terceira posição do Leste em meados de dezembro, porém, o New York Knicks não nasceu para ser um time onde a paz reina. Talvez fosse o alinhamento de Plutão com Vênus, mas em 2017 o time desandou completamente dentro e fora de quadra. Derrick Rose sumiu sem dar explicações numa partida, Joakim Noah não encontrou seu jogo de maneira alguma e Porzings (a única esperança da equipe para dias melhores) se machucou e perdeu seu ritmo.

Depois de toda essa historinha, eis que chegamos no ponto crítico: Carmelo Anthony parece ter recebido a culpa por tudo e começou a ser oferecido por toda a NBA. Além disso, sua relação com o presidente dos Knicks, P-Jax, parece ser explosiva.

Ele foi oferecido aos Cavs, que nem quiserem saber de papo para não envolver Kevin Love na conversa; o Boston Celtics e suas infinitas escolhas vindas do Nets e jogadores jovens com potencial; além do amaldiçoado Los Angeles Clippers, que ofereceu migalhas pelo astro.

A questão que fica é: a troca de Carmelo seria boa para o New York Knicks?

Já é possível dizer que a reconstrução baseada em Rose e Noah não é algo que renderá frutos. O armador será free-agent e sonha com um contrato máximo (eu sonho em participar de um filme de Star Wars, cada um com sua loucura), o elenco de apoio é bem fraco e apenas o letão Kristaps Porzings é um feixe de esperança para os Knicks. Há um mantra na NBA que diz que quando você troca uma super-estrela você nunca receberá algo do mesmo nível em troca. Realmente é difícil que a equipe de NY consiga outro astro para o lugar de Carmelo, mas a relação já está desgastada o suficiente para acabar e o reloginho de Anthony está passando. Ele está em seus últimos suspiros como grande jogador.

A conclusão é que o Knicks deve sim trocar a sua estrela, porém, tendo noção que entrarão em mais um longo período de vacas magras, derrotas dolorosas e transformando New York na cidade oficial das piadas da NBA. Se esse é o objetivo, que seja planejado para uma nova reconstrução do elenco.

Por fim resta saber para onde Carmelo vai. O jogador aceitaria ser a segunda ou terceira opção em um time que pode realmente ser campeão? Ele quer ser a estrela que falta para algum time jovem desabrochar e brigar pelo título? Ele é realmente o astro que transforma um time bom em um espetacular?

São perguntas que só o próprio jogador pode responder, enquanto isso assistiremos ao MeloDrama – Parte 2.

(Fotos: Elsa e Michael Reaves/Getty Images)