REVIEW: O que deu errado com o San Francisco Giants em mais um ano ímpar?
Giants não superam maldição do ano ímpar e ficam mais uma vez fora dos playoffs; entenda os motivos
Não fosse o número de titulares se revezando na lista dos contundidos; não fosse uma rotação titular imprevisível; não fosse ano ímpar, o San Francisco Giants poderia ter avançado aos playoffs na MLB em 2015.
A temporada toda foi uma gangorra no AT&T Park, já que o time alternou meses positivos e negativos de abril a outubro. Ironicamente, os meses em que o time campeão da última World Series teve campanha acima dos 50% (maio, julho e setembro) foram justamente os quais ele teve menos atletas na Disabled List.
DEPARTAMENTO MÉDICO
Em maio, por exemplo, nenhum titular fez ficha no departamento médico. Resultado? Bochy teve o melhor desempenho do ano. Matt Duffy iniciou sua campanha digna de Rookie of the Year, tirando Casey McGehee da 3B. Gregor Blanco permitiu descansos regulares a Angel Pagan, após um 2014 cheio de lesões. Brandon Belt (que dorme saudável e acorda na DL) afastou a má sorte. E, ainda que Justin Maxwell não estivesse mal, Hunter Pence finalmente estreou após fraturar o braço no Spring Training. Até a rotação titular se mostrou mais estável, com Ryan Vogelsong e Chris Heston nos lugares de Jake Peavy e Matt Cain.
Nos meses seguintes, a franquia teve campanhas próximas dos 50%, negativa e positivamente, mas que não sustentaram uma briga pela liderança na divisão, já que o Los Angeles Dodgers sempre estiveram acima dos .500.
À medida que os momentos de definição das vagas nos playoffs se aproximavam, mais gente ia saindo do roster. A começar por Hunter Pence, que entrou de férias em 17 de agosto. Na DL por 60 dias, Joe Panik, Hector Sanchez e Andrew Susac pararam de jogar no meio de setembro.
JOVENS TALENTOS
E, justamente nestes momentos em que o time mais precisou dos reservas e prospectos, algumas boas surpresas apareceram. Um exemplo é Chris Heston, que apesar da grande queda na segunda metade, começou muito bem o ano (tema que iremos tratar mais para frente). Kelby Tomlinson substituiu de Joe Panik na 2B; Trevor Brown, o quarto catcher, foi acionado nas lesões de Susac e Sanchez; e Jarrett Parker foi para o campo externo 21 vezes.
Ninguém se mostrou pronto, mas esses reservas deixaram os torcedores dos Giants otimistas em relação ao futuro. O mais evoluído de todos, sem dúvida, é Matt Duffy, que confirmou as expectativas do final de 2014, e se garantiu na terceira base e no lineup.
O jornalista Dave Tobener mostra o quanto o time de Bruce Bochy foi modificado, ao salientar que San Francisco usou 119 ordens de rebatida na regular season 2015 (nas minhas pesquisas foram 124). A escalação mais comum foi usada apenas seis vezes.
ATAQUE
Mesmo com tantos desfalques, o ataque não foi comprometido. A franquia terminou como a melhor da Liga Nacional em AVG, .267, e OBP, .326; a segunda em rebatidas totais, 1486; e a quinta em corridas anotadas, 696.
Ponto para o infield, que detém os principais sluggers. Brandon Crawford liderou isolado em home runs, 21, e dividiu as duplas com Brandon Belt, 33 cada. Assim como nos últimos anos, Buster Posey foi o motorzinho do time, liderando em AVG, .318, e RBI, com 95, seguido justamente de Crawford, com 84. Os jovens Joe Panik e Matt Duffy não ficam atrás, com 31.2% e 29,5% de aproveitamento.
BULLPEN
Outro ponto a ser elogiado em 2015 foi o bullpen do San Francisco Giants, que segurou a onda da rotação caducante. Mas, com Bochy no dugout, não é nenhuma surpresa ver os reservas sempre no campo. Dos sete reliever mais utilizados, cinco tiveram ERA abaixo dos 3.00. Os elogios ficam principalmente com George Kontos e Javier Lopez, com ERA 2.33 e 1.60, respectivamente.
As apresentações ruins no meio do ano não comprometeram Santiago Casilla, que teve a temporada com o maior número de saves da carreira, 38. Fechador até o meio de 2014, Sergio Romo foi muito bem como setup, eliminando 71 por strike em 57.1 IP.
ROTAÇÃO TITULAR
Se os homens de relevo foram bem, o mesmo não se pode dizer dos titulares. Dos sete com mais de dez jogos iniciados, apenas Madison Bumgarner obteve ERA abaixo dos 3.00, 2.93. Além do camisa #40, nenhum outro chegou a 200 IP ou teve média superior a 6 IP por aparição. As 218.1 entradas de Bumgarner o classificam como oitavo na MLB e quinto na Liga Nacional.
Ao todo, Madison teve seis partidas com mais de dez strikeouts, quatro jogos completos, dois shutouts e um jogo perfeito por 7.2 entradas contra o San Diego Padres. Isso no montinho, já que foi pinch-hitter três vezes e foi o arremessador com mais home runs, cinco, e corridas impulsionadas, nove, da MLB.
À exceção de Madison, nenhum outro pitcher teve um ano tão constante. Tim Lincecum, Matt Cain e Mike Leake, todos limitados por lesões, somaram 35 titularidades, três a mais que Bumgarner sozinho.
Se Chris Heston decaiu na segunda metade, Jake Peavy fez o caminho inverso. Ele começou a regular season lesionado, mas entre setembro e outubro não foi creditado para nenhuma derrota e manteve ERA abaixo de 2.00, em 36.2 IP no período.
Tido como sexto titular, Ryan Vogelsong também foi irregular. Tanto em abril como em maio, o camisa #32 arremessou em cinco jogos. Entretanto, o ERA no primeiro mês foi de astronômicos 9.31, enquanto no segundo, 1.14.
Tim Hudson se despediu da MLB de uma forma nada agradável. Sua única boa fase no ano foi no início de setembro, quando permitiu duas corridas e 13 rebatidas em 70 confrontos espalhados por cinco jogos. Mas tudo o que sobe, desce. Na aparição seguinte, no reencontro do “Big Three” Hudson-Zito-Mulder do Oakland Athletics, foi substituído na segunda entrada depois de duas corridas, três walks, nenhum strikeout e dois rebatedores atingidos.
DE OLHO EM 2016
Assim como adiantado pelo presidente de operações de beisebol Larry Baer, o general manager Bobby Evans e o técnico Bruce Bochy, o principal foco na offseason será arremessadores titulares. O próprio Mike Leake deve ser oferecido um novo acordo. Zack Greinke, em arbitration, e David Price, free-agent a partir de 2016, também podem virar alvos. Não há nenhum outro setor que precise tanto de reforço como o montinho.
Texto originalmente publicado em www.sportssf.com.br